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"Caixotão" de concreto vira símbolo de problemas na concessão da MG-050

Obra no trevo de Formiga, no Centro-Oeste, deveria ter sido concluída em 2022, mas transformou-se em um perigo ainda mais grave.

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Quem passa de carro no trevo da cidade de Formiga (Centro-Oeste), entre os quilômetros 202 e 203 da rodovia MG-050, depara-se com um grande caixote de concreto abandonado no canteiro central, tão grande quanto uma casa. Ao lado, várias caixas menores e manilhas, material que deveria ter sido usado na construção de uma trincheira com passagem inferior de veículos e pedestres. 

De acordo com o contrato de concessão da rodovia, a obra deveria ter sido concluída em 24 de agosto de 2022. Só ficou o imenso caixote abandonado na entrada da cidade, como um monumento à primeira concessão rodoviária de Minas Gerais feita por meio de uma parceria público-privada.

A pretensa obra que se transformou em um bizarro monumento foi o destaque da audiência pública realizada nesta segunda-feira (17/11/25) pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O tema do encontro foram os problemas estruturais da Rodovia MG-050, sob concessão há 18 anos. A empresa original era a Nascente das Gerais, substituída há um ano pela Via Nascentes, pertencente à Via Appia Concessões S.A.

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A permanência do caixote de concreto foi ironizada pelo deputado Eduardo Azevedo (PL), que solicitou a reunião, junto com o deputado Antonio Carlos Arantes, também do PL. “Um grande caixotão para quem chega a Formiga, tá até um enfeite bacana. Tinha que ter ali uma formiga para lembrar a cidade, não um caixote”, comentou o deputado, criticando o atraso de três anos na execução da obra.

Se fosse apenas um problema estético ou pelo imenso atraso, o mal não seria tão grande quanto descreveu o prefeito de Formiga, Laércio Gomes. Ele explica que o caixote piorou a visibilidade e tornou ainda mais perigoso um trevo que já era arriscado. Ao menos um acidente grave foi atribuído à falta de visibilidade.

A concessão da Via Nascentes engloba 371 quilômetros de rodovias entre os Municípios de Juatuba (Região Metropolitana de Belo Horizonte) e São Sebastião do Paraíso (Sul de Minas), passando por 50 municípios. O contrato vai até 2032 e a remuneração é mista, vindo tanto da tarifa cobrada dos usuários quanto de uma conta de prestação financeira paga pelo Estado.

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Durante a audiência pública, os deputados e convidados apontaram diversas obras em atraso e pontos perigosos, onde têm ocorrido acidentes. Algumas delas foram exibidas em imagens:

  • Ponte sobre o Rio São João, em Itaúna (Centro-Oeste), que deveria ter sido concluída em setembro de 2024
  • intercessão giratória com acesso a Ermida, em Divinópolis (Centro-Oeste), que deveria ter sido concluída em junho de 2020
  • passagem inferior de pedestres  na localidade de Inhame, em Divinópolis, que deveria ter sido entregue em junho de 2018. Um idoso de 79 anos foi atropelado e morto em 2014, nesse local.

O deputado Antônio Carlos Arantes também cobrou a realização das obras em atraso nos trevos de Pratápolis (Sul), Capitólio (Sul), Pimenta (Centro-Oeste) e recuperação de trechos em Piumhi (Centro-Oeste) e próximo ao Posto Planalto, em Formiga. “O investimento maior que estamos cobrando é o trevo de Formiga”, reforçou Arantes.

O prefeito de Capitólio e presidente da Associação dos Municípios do Lago de Furnas, Cristiano Gerardão, lembrou que há uma expectativa de 3 mil pessoas por dia passando no trecho entre Capitólio e São João Batista do Glória (Sul), para visitar o Lago de Furnas e a Serra da Canastra. O prefeito de Itaú de Minas (Sul), Norival de Lima, disse que foi caminhoneiro antes de ser eleito. Ele reconheceu que houve melhorias, mas ressalvou que elas não acompanharam o aumento do fluxo.

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Concessionária diz que assumiu um "passivo gigantesco"

A concessionária Via Appia foi representada na audiência pública pela especialista em gestão contratual Marcela Jabôr. Ela reconheceu que há muitos problemas, ao lembrar que a empresa só assumiu a gestão da rodovia há um ano, em substituição da Nascentes da Gerais. “Há um passivo gigantesco”, afirmou.

Segundo ela, o trevo de Formiga é uma das obras priorizadas, mas ela não informou prazo para conclusão. A funcionária da Via Appia mostrou uma queda de 5,56% no número de acidentes com vítimas desde que a empresa assumiu. Também informou o total de investimento de R$ 3 bilhões desde o início da concessão, em 2007.

O último dado foi muito criticado por deputados e convidados. “Vocês nunca investiram R$ 3 bilhões nessa estrada. Isso dá R$ 10 milhões por quilômetro”, afirmou Antonio Carlos Arantes. “Dava para ter duplicado essa rodovia até a Lua”, acrescentou Eduardo Azevedo.

Outro problema lembrado na reunião foi a iluminação no anel rodoviário de Divinópolis. “O perímetro urbano de Divinópolis está no escuro”, declarou a vereadora Ana Paula Freitas. A diretora de Infraestrutura e Operação Viária da Agência Reguladora de Transportes de Minas (Artemig), Isabela Baruffi, disse que o órgão está apurando se a responsabilidade pela instalação da iluminação é da concessionária ou do poder público.

Sobre isso, Marcela Jabôr disse que a concessionária entregou os postes que seriam instalados. “Precisamos conversar para ver onde que isso parou. Pelo contrato, a concessionária não tem obrigação de instalar os postes”, afirmou ela.

Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas - debate sobre a MG-050

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Atraso nas obras e aumento de acidentes na MG-050 preocupam população TV Assembleia

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