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Audiência presta solidariedade ao povo palestino

Acirramento de conflitos na Faixa de Gaza é criticado em reunião que celebrou resistência local pela passagem do Dia da Terra Palestina.

- Atualizado em 31/03/2025 - 18:20
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A situação atual da Palestina, especialmente na Faixa de Gaza, foi destacada em audiência pública da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta segunda-feira (31/3/25), por ocasião do  “Dia da Terra Palestina".

A data relembra o dia 30 de março de 1976, quando uma repressão sangrenta resultou em mortes e prisões de palestinos que protestavam, por meio de uma greve geral, contra a expansão dos assentamentos de colonos israelenses. 

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O deputado Leleco Pimentel (PT), que pediu a reunião, frisou que a repressão continua a afetar milhares de civis até os dias de hoje, configurando, segundo ele, um genocídio contra palestinos por parte de Israel.

O deputado e convidados defenderam o rompimento das relações do Brasil com Israel. Também repercutiu na audiência a fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em fevereiro, Trump anunciou intenção de transformar a Faixa de Gaza na "Riviera do Oriente Médio" para viabilizar um cessar-fogo na região, em alusão à área francesa considerada uma das regiões turísticas mais luxuosas e mais caras do mundo.

Sobre isso, o deputado lembrou que no ano passado o "Dia da Terra Palestina" também foi lembrado em audiência na ALMG e fez um paralelo com o momento atual desde a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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Entidades expõem consequências de conflito em Gaza

Autor do livro “Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência”, com lançamento nesta segunda (31), Sayid Marcos Tenório, vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), falou da importância do Dia da Terra Palestina também para o momento atual.

"Desde o 7 de outubro de 2023 estamos diante do assasinato cruel e direcionado de 55 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças, e da retomada, há 15 dias, do genocídio, quando Israel voltou a atacar Gaza", afirmou ele.

O 7 de outubro de 2023 foi o dia do ataque surpresa do grupo palestino Hamas a Israel, em mais um capítulo do conflito histórico na região. Em resposta, as forças armadas israelenses invadiram a Palestina, dando início a uma crise humanitária sem precedentes na região.

Segundo o vice-presidente do Ibraspal, até esta segunda (31), os conflitos em Gaza já haviam deixado outros 125 mil palestinos feridos e outros 11 mil ainda estariam sob os escombros dos bombardeios, conforme ele, feitos por Israel com as armas fornecidas pelos Estados Unidos.

Sayid Marcos Tenório disse que as estimativas apontariam que 180 mil palestinos teriam sido mortos em função do conflito, não apenas soterrados, mas em decorrência da falta de remédios, da destruição de hospitais, da forme e do frio. "É um genocídio praticado por um regime fascita com características nazistas", definiu.

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Soraya Misleh, jornalista palestino-brasileira e coordenadora da Frente Nacional pela Palestina e da Frente em Defesa do Povo Palestino de São Paulo, fez coro ao representante do Ibraspal e disse que os palestinos não são considerados como povo e são vítimas de um projeto de colonização planejado há mais de 100 anos para ocupação de suas terras, sempre em aliança com o imperialismo do momento.

A pedra fundamental desse projeto de colonização e ocupação foi o ano de 1948, pontuou ela, com criação do estado de Israel em 78% do território histórico da Palestina.

"Meu pai, aos 13 anos de idade, assitiu à destruição de sua aldeia de camponeses", relatou ela, para quem há uma cumplicidade internacional histórica para com a situação dos palestinos. "Caso contrário, não estaríamos assistindo a um genocídio transmitido ao vivo em pleno século 21", afirmou.

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Ações de apoio 

Rawa Alsagheer, cineasta e coordenadora de Samidoun, Rede de Solidariedade aos Prisioneiros Palestinos nas Prisões da Ocupação Israelense, reside no Brasil. Seu pai foi expulso de casa em 1948 e refugiou-se na Síria atuando na resistência pela libertação da Palestina.

Pontuando que o dia 17 de abril é o Dia Internacional do Prisionero Palestino, Rawa Alsagheer disse que desde o 7 de outubro de 2023 mais de 15 mil palestinos foram sequestrados e estariam em centenas de centros de detenção criados desde então por Israel.

Já Vanessa Portugal Barbosa, professora e dirigente da Central Sindical e Popular Conlutas, representou na audiência o Comitê Mineiro de Solidariedade ao Povo Palestino e disse que a o "Dia da Terra Palestina" tem que servir de exemplo.

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"Essa é uma luta contra a hegemonia de um modo de confronto com os povos oprimidos. O povo palestino decidiu que não será dizimado, sendo inaceitável que o Brasil não tenha tomado uma decisão de romper relações com Israel", opinou a professora. 

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Resistência tem defesa

Victor Nascimento Peixoto, digital influencer, é fundador do Projeto História Islâmica e realizador do documentário "Israel Paralelo: A Farsa Revelada". Segundo ele, o documentário, lançado na véspera, traz à tona, em 12 capítulos, a realidade vivida pelos palestinos.

O trabalho, disse ele, seria uma resposta a documentário anterior da produtora Brasil Paralelo, definido pelos produtores como imparcial, mas visto como pró-Israel pelos movimentos pró-palestina.

"O nosso não é um documentário imparcial, porque somos totalmente parciais em nome dos palestinos que estão morrendo agora no momento dessa audiência", frisou Victor Nascimento Peixoto.

Maira Pinheiro, advogada criminalista, é colaboradora da Fundação Hind Rajab, cujo objetivo principal é denunciar soldados israelenses que estejam em outros países, para que eles sejam presos e condenados por crimes de guerra. contra palestinos.

Ela relatou que tem sido um trabalho arriscado, que em janeiro deste ano resultou inclusive em ameaças à sua integridade, por ela ter acionando a Polícia Federal e o Ministério Público no episósio envolvendo militares israelenses que passavam férias no Brasil e se filmaram entoando cantos racistas contra árabes.

A advogada defendeu que o Brasil passe a exigir reciprocidade, ou seja, visto para que israelense entrem no País, e adote medidas semelhantes àquelas adotadas por Austrália e Nova Zelândia, onde militares israelenses precisam fornecer informações sobre o serviço que exercem ao dar entrada nos dois países.

Maira Pinheiro ainda contou ter estado na Palestina no ano passado, mas que hoje está impedida de retornar por uma lei do Parlamento Israelense, que passou a criminalizar, com penas de até cinco anos, qualquer cidadão israelense que contribua com a atuação da fundação. "São expedientes usados para intimidar nossa atuação", criticou.

Para o  deputado federal Padre João (PT-MG), a situação atual dos palestinos exposta na audiência exige ações mais firmes do Brasil. "Ações do país têm que ser intensificadas, não só de solidariedade, mas práticas, pois a estratégia é a de dizimar o povo palestino", afirmou  ele, defendendo que o governo brasileiro atue para deixar Israel no isolamento.

"Essa é uma audiência de muita dor. É preciso mesmo fazer mais", resumiu a deputada Beatriz Cerqueira (PT) em apoio ao movimento de resistência dos palestinos. Segundo ela, é preciso ainda combater falsas narrativas e informações manipuladas que acabariam por defender Israel, em detrimento ao que o povo palestino vive e sofre no dia a dia.

Tópicos: Direitos Humanos
Comissão de Participação Popular - debate sobre o Dia da Terra Palestina
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A audiência da Comissão de Participação Popular foi motivada pelo Dia da Terra Palestina, que lembra no dia 30 de março a luta do povo por um território TV Assembleia
Comissão de Participação Popular - debate sobre o Dia da Terra Palestina
"Agora estamos mais angustiados e tristes. O presidente Trump disse que faria da terra palestina seu jardim da exploração, tratando o povo como mercadoria, passando por cima das vidas, passando por cima da história. Precisamos de um basta nesse genocídio promovido por Israel e Estados Unidos."
Leleco Pimentel
Dep. Leleco Pimentel
"Não adianta condenar os massacres do passado se não servirem no presente para uma posição ativa, se não servirem de lição."
Vanessa Portugal Barbosa
Representante do Comitê Mineiro de Solidariedade ao Povo Palestino

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