Abandono de escola de artes preocupa comissão
Centro Interescolar de Cultura, Arte, Linguagens e Tecnologias, nas instalações do Plug Minas, oferece cursos gratuitos para a juventude.
Fiação solta, janelas quebradas, vasos sanitários inutilizáveis, problemas no forro do teto, escaninhos amassados e sem tranca. Esses foram alguns dos problemas estruturais constatados pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no Centro Interescolar de Cultura, Arte, Linguagens e Tecnologias (Cicalt), nas instalações do Plug Minas, em visita técnica nesta quinta-feira (7/8/25).
No entanto, a infraestrutura não parece ser o maior obstáculo para o funcionamento dos sete cursos antes ofertados no Cicalt. Hoje são três, por suposta falta de demanda. Professores, alunos e a deputada Andréia de Jesus (PT), que representou a comissão na visita, creditam a atual situação ao desinteresse do Governo do Estado nas atividades desenvolvidas no espaço.
O Plug Minas foi criado em 2009, na região Leste da Capital, com o objetivo de formar estudantes no empreendedorismo de moda, tecnologia, artes e idiomas. O Cicalt oferece os principais cursos disponíveis. São 129 matrículas, em 10 turmas divididas em turnos pela manhã e à tarde.
Em 2020, a Escola Estadual Amélia de Castro Monteiro, desalojada da sede onde funcionou por mais de 60 anos, passou a também funcionar no local.
Durante a visita, a deputada Andréia de Jesus verificou o fechamento de espaços importantes, como a sala de dança, transformada em um depósito de livros didáticos. Problemas na tenda de cobertura, desde 2019, inviabilizam a presença de estudantes.
Na estrutura destinada a aulas de artes visuais, figurino e música, instrumentos de percussão, mal-acondicionados, estão se deteriorando, com a umidade do ambiente. Os alunos também criticaram a qualidade do lanche oferecido no refeitório, pelo baixo valor nutricional.
Docentes e alunos contestam desinteresse nos cursos
Os cursos técnicos de arte visual, circo, dança e figurino cênico não abriram turma neste ano, por não conseguirem preencher as vagas disponíveis. Para o professor de teatro Danilo Mata, na instituição há sete anos, existe na verdade uma tentativa de apagamento da escola, sem a devida divulgação dos cursos.
A justificativa de que faltam interessados vai de encontro com o representativo engajamento do Cicalt nas redes sociais. A oferta de vale-transporte, cortado, também seria essencial para a manutenção das matrículas, segundo Danilo.
A deputada Andréia de Jesus destacou a importância do Cicalt para a juventude, com oportunidades únicas e gratuitas no campo da cultura. De acordo com a parlamentar, a estrutura física do centro consta na lista de imóveis que podem ser federalizados, no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Na falta de interesse da União, a ideia do Executivo estadual seria vendê-la para a iniciativa privada.
“É uma perversidade. O lugar atende alunos em situação de vulnerabilidade social, houve investimento, mas o Estado está dificultando o acesso e abrindo mão de equipamentos, jogados”, afirmou.
Ela ainda lembrou que o espaço pode ser compartilhado com escolas de samba de Belo Horizonte, tanto para acomodar instrumentos, equipamentos e adereços quanto para sediar ensaios.

