PL PROJETO DE LEI 987/2019
Projeto de Lei nº 987/2019
Declara patrimônio histórico, artístico e cultural do Estado de Minas Gerais, a Estátua do Juquinha da Serra do Cipó.
A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais decreta:
Art. 1º – Fica declarado patrimônio histórico, artístico e cultural do Estado de Minas Gerais, a Estátua do Juquinha da Serra do Cipó.
Art. 2º – Cabe ao Poder Executivo a adoção das medidas cabíveis para registro do bem cultural no Livro de Registro de Tombos, nos termos da legislação pertinente.
Art. 3º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Sala das Reuniões, 8 de agosto de 2019.
Deputada Ione Pinheiro
Justificação: A Estátua do Juquinha da Serra do Cipó é um dos pontos mais visitados da reserva ecológica. É símbolo e guardião da Serra do Cipó.
É uma das imagens mais expressivas de Minas Gerais, que fica localizada no mesmo local em que o lendário personagem viveu, às margens da rodovia MG-10, a 120 km de Belo Horizonte. A obra é uma grande e espontânea homenagem idealizada pelo prefeito de Conceição do Mato Dentro à época, o saudoso dr. Sebastião, juntamente com o prefeito de Morro do Pilar, Clério Lima.
Confeccionada pela artista plástica conceicionense Virgínia Ferreira, a escultura é uma obra de beleza rara, na riqueza de detalhes e formas e uma das únicas esculturas no Brasil que fica em meio à natureza, ao ar livre, longe de monumentos e praças, bem no coração da Serra do Cipó, local em que o lendário Juquinha passou boa parte de sua vida, quando a estrada ainda era de terra. Com três metros de altura, a escultura hoje está dentro da Reserva da Serra do Espinhaço, sendo um dos principais atrativos do Circuito Turístico da Serra do Cipó. Há apenas outro monumento no mundo com essas características, localizado na Espanha.
Hoje a imagem do Juquinha da Serra do Cipó é uma das mais populares e conhecidas de nosso Estado, e se tornou, espontaneamente, uma das mais retratadas entre as muitas que representam Minas Gerais, figurando em vídeos, campanhas publicitárias, sites, redes sociais, entre muitos outros meios de comunicação. Podemos dizer que a história do Juquinha da Serra do Cipó ganhou o mundo, recheada por fatos inusitados e até folclóricos. Chega a ser curioso constatar como a escultura do Juquinha se integrou perfeitamente ao cenário da Serra do Cipó, dando outra dimensão a beleza natural daquele pedaço abençoado de Minas Gerais.
Pela sua importância cultural, apresentamos o projeto de lei solicitando o tombamento da escultura do Juquinha da Serra, garantindo assim sua preservação para que a vida de José Patrício, um homem que representou tão bem os valores de nossa mineiridade, seja sempre uma referência para as futuras gerações.
Sua História: A curiosa história do Juquinha da Serra do Cipó é relatada como o homem que morreu e de repente, acordou no meio do velório. Juquinha era na verdade José Patrício, um homem simples, amável e cordial, como bem é o povo mineiro. Passeava pelos caminhos da Serra do Cipó distribuindo flores e gentileza, e se tornou uma espécie de guardião da Serra do Cipó.
Reza a lenda, que Juquinha vivia em uma casa, na Serra do Cipó, com outros dois irmãos e que sempre vagava pelos campos da Serra do Cipó, colhendo flores, mudas e raízes para depois oferecê-las aos turistas, vendê-las ou trocá-las por objetos do seu interesse e até mesmo comida.
Um dia, seu Juquinha não acordou e a família acreditou que ele havia morrido. "O coração dele não batia, o pulso, nada. Nós o sacudimos. Parecia morto mesmo", disse a cunhada Maria Venâncio da Silva.
O sobrinho de seu Juquinha, Adão Patrício da Silva conta que ele foi preparado para o enterro. Um caixão foi providenciado e ele foi preparado para o velório. Parentes trouxeram flores e avisaram a todos.
De repente, no meio da noite, durante o velório, seu Juquinha acordou e se sentou. "Eu ouvi que ele deu um gemido", conta Adão. "Ele levantou, sentou, então nós pegamos o caixão dele e escondemos atrás de uma bananeira para ele não ver", disse.
"Todo mundo ficou abismado com aquilo, porque a gente nunca viu um trem desses", disse Maria.
Muitos relatam histórias extraordinárias acerca de Juquinha, como a história de que ele teria "morrido" duas vezes e ressuscitado durante o velório, criando mitos de que ele, na verdade não era ser humano, mas sim um alienígena, gnomo, um duende, alguma criatura mitológica e, por isso, ele possuía uma capacidade de ressuscitar.
As histórias sobre o Seu Juquinha não pararam por ai. Dizem que ele mamou na loba; comeu escorpiões; foi picado por mais de cem cobras e tinha mais de cem anos. Ele é a própria lenda da Serra do Cipó.
Mas, outras pessoas, especialmente historiadores, contradizem essas histórias ditas por moradores e afirmam que Juquinha possuía uma doença chamada Catalepsia Patológica, na qual os membros de um indivíduo se tornam rígidos, principalmente o coração, e, por isso, não apresentam contrações, dando a impressão de que o indivíduo faleceu, quando, na verdade, seu coração parou de se contrair por um tempo, retornando as contrações momentos depois.
Trata-se de uma doença bastante rara e explicaria essas histórias de que Juquinha teria ressuscitado. Relatos também diziam que o andarilho era um homem bastante simpático, de aparência rústica, bastante apaixonado pela natureza e pelas montanhas. Portanto, o seu modo simples de viver, sua simpatia e a apego pela Serra do Cipó tornaram-no uma das figuras mais populares e queridas da região, tornando-se um referencial a qualquer um que visita a Serra.
Juquinha nunca se casou, morreu no ano de 1983.
– Publicado, vai o projeto às Comissões de Justiça e de Cultura para parecer, nos termos do art. 188, c/c o art. 102, do Regimento Interno.