Pronunciamentos

DEPUTADA BEATRIZ CERQUEIRA (PT)

Discurso

Informa sobre o processo de obstrução da pauta feito pelos deputados do Bloco Democracia e Luta, para impedir ou adiar a votação, em 2º turno, do Projeto de Lei nº 4.380/2025, que autoriza o Poder Executivo a promover medidas de desestatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa. Manifesta solidariedade a jornalistas agredidos e impedidos de trabalhar na Câmara dos Deputados, e aos deputados federais Glauber Braga, Rogério Correia, Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá, que teriam sido agredidos pela Polícia Legislativa.

39ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 10/12/2025

Palavras da deputada Beatriz Cerqueira

A deputada Beatriz Cerqueira – Presidente, bom dia. Permita-me também cumprimentar os demais colegas aqui do Plenário e os trabalhadores do Sindágua organizados, na verdade, trabalhadores da Copasa organizados pelo Sindágua, que já marcam presença aqui neste primeiro Plenário, em que o projeto de privatização da Copasa está na pauta para votação, em 2º turno. Para quem acompanha os trabalhos da Assembleia, é importante destacar que nós, do Bloco Democracia e Luta, estamos em obstrução e, por esse motivo, o projeto não será votado nessa reunião. A obstrução é uma ferramenta que nós utilizamos quando discordamos de uma proposição e tentamos impedir ou adiar a sua votação. Somos contra a privatização da Copasa e, por isso, estamos nesse processo de obstrução em todas as reuniões que esse projeto estiver na pauta. Regimentalmente, esse projeto pode ficar na pauta do Plenário, em discussão, por até seis reuniões e, depois disso, ele já entra na fase de votação. Também quero aproveitar a oportunidade, presidente, para esclarecer que, após esse período da ata e dos procedimentos da Mesa, nós vamos pedir o encerramento da reunião exatamente para não esgotar a fase de discussão do projeto. Porque, se esgotar a fase de discussão do projeto nesta reunião, ele já poderá ser votado hoje à tarde, e não é isso que nós queremos. Então queria esclarecer o comportamento e a condução do Bloco Democracia e Luta. Por isso que a maioria de nós, inclusive, não registra a presença antes de a reunião abrir porque estamos exatamente fazendo a obstrução. No tempo que me resta ainda, presidente, porque esse é o único momento de fala da reunião, eu quero aproveitar a oportunidade para me manifestar. O silêncio muitas vezes corrobora com determinadas situações que não podem ser normalizadas. Então, primeiro eu quero manifestar a minha solidariedade com os jornalistas que, na Câmara dos Deputados, nessa última terça-feira, foram agredidos e tiveram o seu trabalho cerceado em um ato inédito no País. Não se tem notícia que, durante uma democracia, jornalistas tenham sido impedidos de acompanhar qualquer trabalho da Câmara dos Deputados. Mais do que isso, as imagens de seguranças da Câmara dos Deputados determinando o lugar onde o jornalista poderia ficar e o que o jornalista poderia fazer, aquelas imagens e aquelas ações constituem um atentado contra a democracia. Então é importante registrar, é importante se manifestar para que não se normalizem situações como essa. A imprensa é muito importante, e um estado democrático de direito se consolida com a liberdade de imprensa e o respeito aos seus profissionais. Então eu quero manifestar o meu apoio aos profissionais e o meu repúdio ao que nós assistimos na Câmara dos Deputados nesta terça-feira. Também quero manifestar a minha solidariedade a vários deputados e deputadas federais que, nas palavras do deputado federal Rogério Correia, não foram eleitos para apanhar da polícia dentro da Câmara dos Deputados. Aquelas imagens precisam indignar todos os parlamentos. O Parlamento é o lugar da política. Também nas palavras do deputado Rogério Correia, não se resolve política com polícia, como foi o que aconteceu na Câmara dos Deputados. Então, a minha solidariedade ao deputado federal Glauber, ao deputado federal Rogério Correia, à deputada Sâmia e à deputada Célia Xakriabá. Pelas imagens ficou lamentavelmente nítido como foram agredidos dentro do Plenário da Câmara dos Deputados. Obrigada, presidente.