Pronunciamentos

DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)

Discurso

Contesta pronunciamento do deputado Gustavo Valadares, que defendeu o Projeto de Lei nº 4.380/2025, que autoriza o Poder Executivo a promover medidas de desestatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa.
Reunião 37ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 04/12/2025
Página 114, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 4380 de 2025

37ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 2/12/2025

Palavras do deputado Leleco Pimentel

O deputado Leleco Pimentel – Deputado Gustavo, eu quero perguntar a V. Exa.: você acredita mesmo no que falou agora? Não, eu quero… (– Manifestação nas galerias.) Esperem aí, só um minutinho. Gustavo, você acredita mesmo no que você está falando? Não pode ser sério, não pode. Não dá para ficar calado diante disso.

Gente, pede o deputado Gustavo para tirar um final de semana e ir a Ouro Preto. Vai lá em Ouro Preto, Gustavo. Vai lá passear. Eu o desafio. Vai lá, consulta as pessoas; dá uma ida a um lugar longe do centro; vai à casa de uma moradora; vai lá ouvir as pessoas, Gustavo, para você ter certeza de que não vai poder manter e sustentar essa palavra. A tarifa é a primeira a aumentar. Não é possível que eu tenha que vir aqui para te explicar isso, deputado Gustavo.

Olhe, pessoal, o que está acontecendo é que, neste momento, nós podemos ver a cara de quem realmente teve coragem de vir aqui, mesmo falando coisas com as quais não concordamos, que não se sustentam. Com todo o perdão, é uma mentira, é uma fake news dita ao vivo. Não dá!

Para haver uma análise: nós já denunciamos, no Plenário, que existe até arsênio na água privatizada, a mesma coisa que eles querem fazer com a Copasa. Veneno! E nós não somos bestas, não. A gente sabe que o controle e a soberania da água na mão do agronegócio… Vocês viram a China, mais uma vez, devolvendo um produto que está com cinco ou seis vezes mais agrotóxico do que o permitido. Isso está na água. E é essa água que eles estão vendendo, água contaminada.

É por essa razão que a gente sabe que o setor econômico está realmente interessado na votação em 1º turno e quer liquidar isso. O fato é que o saneamento, que para eles não importa, para nós importa demais. Nós não estamos subindo aqui simplesmente porque somos oposição, não, gente. Nós estamos subindo aqui pela consciência que temos em relação a todos, mas sobretudo aos mais pobres. A tarifa alta arrebenta a vida dos mais pobres. É por isso que a gente fica perplexo quando vê essa turma achando que depois vai comprar consciência, vai comprar voto. Eles só se sustentam comprando voto. Essa é a relação. “Vendo meu voto aqui e compro outro amanhã”.

A consciência das pessoas não permite… Eu acho que os dois deputados que aqui subiram foram até corajosos. Foram até corajosos. Sabem por quê? Eu nem me refiro mais a quem esteve anteriormente ocupando esta tribuna, porque não dá para ter seriedade diante do que fala, mas o deputado Gustavo comete muitos erros. Ele primeiro sobe aqui para dizer que o sistema se reajeita – e o sistema é tão bom que vai, depois, deixar a tarifa até mais baixa. Oh, coitado, deputado Gustavo! Essa sua fala é muito grave. Eu poderia dizer que o deputado está sofrendo de pane de memória ou pane de pensamento. Não dá, não dá para acreditar que um banco está com o olho crescido para o saneamento e o deputado defenda que não vai haver aumento de tarifa. Oh, meu Jesus! Vamos dar o benefício da dúvida.

Eu agora estou desafiando. Não pode haver aparte nessa fala, não é, presidente? Senão, eu gostaria de um aparte do deputado Gustavo para ele refazer aqui essa conta. Não dá, não, Gustavo. Vamos ser sérios. Vamos ser sérios. O senhor está querendo argumento para votar. Daqui a pouquinho, o senhor vai votar. Fique calmo. Mas não dá para sustentar essa matemática, não. É complicadíssimo.

Olhem só, uma outra inverdade foi aqui proferida. Eu quero dizer que continuo aguardando a confirmação do deputado João Magalhães com o governador Zema e a Copasa… O Sindágua! “Copasa” não, porque aquele superintendente que está lá, o presidente, já demonstrou que está de joelhos. Pessoal, quantas pessoas mais ou menos? Só para a gente avisar para o João Magalhães. São 500? Está bem. Então é importante… Pessoal, vocês estão animados, não é? (– Manifestação nas galerias.) Estão animados! Vamos todos baixar lá na casa do Zema. Oh, não confundam o meu convite. Está difícil. Tenho subido aqui, e o pessoal tem me interpretado mal. A gente tem que tomar cuidado, porque a interpretação pode levar a gente ao STF.

Vejam, estou aqui, desafiando novamente… O deputado João Magalhães, líder do governo, disse para a deputada Lohanna que o Zema atende qualquer um – não só banqueiro, não só mineradora. Disse que ele atende qualquer um. Eu, pensando que somos pequenos, que somos qualquer um, estou me convidando para, junto com o bloco, irmos lá, para que o Zema receba a nós e ao Sindágua. O que espero que o Zema diga nessa reunião? Espero que ele diga que não sabia, que foi enganado, que quem comandou isso foi o Mateus Simões. Espero que diga que, na verdade, esse negócio de BTG Pactual não era nem BTG, nada. Isso eram os amigos dele mesmo.

Aliás, peço o encerramento por falta de quórum. (– Manifestação nas galerias.) Desculpem-me. Olhem, peço o encerramento… Isso para que a gente possa continuar… O Ulysses me deixou aqui, e eu estava no meio de um discurso. Vejam só. Ulysses, estou tentando aguentar ainda um tempinho, para que o João Magalhães nos dê retorno da reunião.

O presidente – V. Exa. retira o pedido de encerramento?

O deputado Leleco Pimentel – Sim.

O presidente – Perfeito. Com a palavra, para continuar a encaminhar a votação, o deputado Leleco Pimentel.

O deputado Leleco Pimentel – Pessoal, a gente já está até achando graça, sabe? Vocês estão achando que aqui há ironia, que a gente gosta de ser irônico. Nós estamos achando graça. Cada hora que a gente desce, eles vão: “Coitados dos deputados”. Há momentos em que eles estão laçando dentro do gabinete. O pobre coitado está lá, arrumando uns votinhos com a colher, enquanto eles os arrancam com a pá. Aí eles arrancam o deputado e o trazem para cá, sabe, Lohanna? O deputado entra aqui com cara de constrangimento. Eles não acreditam no que o Gustavo falou; nem o Gustavo acredita nisso. Juro para vocês. Quando vejo o sorriso do Gustavo, tenho mais certeza de que vocês estão… A situação de vocês, deputados que vão votar a favor, está grave. Isso porque há muito jogo aí, há muito interesse.

Pessoal, vou finalizar. Gastei um tempinho precioso para que as pessoas vejam com seriedade que não há desrespeito de nossa parte quando colocamos os deputados e as deputadas diante de sua consciência. Se o dedão do sujeito não está ligado ao que ele pensa… Prestem atenção. Se o dedão daqueles que votam não está ligado à consciência, eles serão perdoados. Mas não acho que o dedão funcione sem o comando do cérebro. Então, gente, aos que acreditam em religião, vai haver muita gente que vai para o inferno. Vai haver muita gente que vai para o inferno. Aos que não acreditam…

O presidente – Obrigado, deputado Leleco.