ELSON REIS, secretário da Superintendência da Beneficência Social Bom Samaritano
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 12/11/2025
Página 5, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 13704 de 2025
42ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 10/11/2025
Palavras do Sr. Elson Reis
Bastante emocionados por este momento para a nossa Beneficência Social Bom Samaritano de Governador Valadares, passaremos a essa nominata, que é tão somente a expressão do nosso carinho por cada um que aqui se encontra nesta oportunidade. Iniciamos saudando o Exmo. Sr. Deputado Enes Cândido, autor do requerimento que deu origem a esta homenagem, que, neste solene, ato representa o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o Exmo. Sr. Deputado Tadeu Leite. Saudamos também o presidente da Assembleia Geral da Beneficência Social Bom Samaritano, pastor Neirson Alves Ferreira, e o Exmo. Sr. Gerson Coelho Cavalcante Júnior, diretor-geral do Hospital da Polícia Civil, representando a Polícia Civil do nosso querido estado de Minas Gerais. Saudamos também o ex-deputado Renato Fraga Valentim, nosso companheiro de lutas, ex-superintendente da Beneficência Social Bom Samaritano e atual consultor para assuntos especiais, que hoje também ajuda na direção do hospital em Ibirité. Continuamos, para, em nome do deputado Enes Cândido, com a liberdade que nos permite, saudarmos os nossos conselheiros, principalmente o nosso superintendente administrativo Elvis Deivis Andrade, que não pôde estar presente; o pastor Pedro Cândido da Silva, que compõe a Superintendência Administrativa da Beneficência Social Bom Samaritano; e os servidores desta Assembleia Legislativa.
Em nome do pastor Neirson Alves Ferreira, presidente da Assembleia Geral da Beneficência Social Bom Samaritano, saudamos o Dr. Rômulo Gonçalves de Oliveira Júnior, presidente do Conselho Deliberativo da Beneficência, e também os demais membros do conselho presentes, tais como o pastor José Ângelo de Souza, o pastor Daniel Leonardo da Silva, o pastor Marcílio Gomes Marinho, Paulo Wagner Vasconcelos Soares, o pastor Gregorio Garabeth Neto e os muitos amigos que estão aqui, honrando-nos com as suas presenças. Vê-los nesta noite nos faz muito bem.
Fechamos essa nominata fazendo justa homenagem também e apreciação aos nossos colaboradores, e o fazemos através da pessoa da nossa diretora de assistência, Flávia Garcia Linhares. Todos os setores do Hospital Bom Samaritano estão presentes. Nós somos muito gratos pela presença de cada um. Vocês são a razão de ser do sucesso do bom atendimento que hoje é prestado naquela instituição. E não menos justo é lembrarmos, nominarmos e saudarmos também, através do Sr. Cézar Augusto Tanoeiro, diretor-administrativo do Hospital e Maternidade Regional de Ibirité, todos os colaboradores daquele hospital que também estão aqui nos honrando com as suas presenças. Somos muito gratos a todos vocês.
No tempo que nos resta para dizermos algo a respeito do nosso Hospital Bom Samaritano, iniciamos nossa fala nos lembrando de um caso que é contado no interior de Minas Gerais: alguns companheiros se reuniam todas as tardes numa praça bucólica de uma cidade do interior para contar os “causos” tão comuns da gente mineira. Certa tarde, começaram a falar dos privilégios que se tem pela vida fora. Com a fantasia do tal de telefone vermelho que existe na Casa Branca nos Estados Unidos, começaram a falar sobre isso. Um deles começou dizendo: “Para mim, o maior privilégio seria eu estar no alambrado que cerca a Casa Branca, olhando distante para ela, e um guarda vir até o portão, abri-lo e pedir que eu entre e venha conhecer a Casa Branca”. Aquilo foi um “fuá”. O outro falou: “Ah, para mim, privilégio mesmo seria eu estar na Casa Branca e ser chamado para visitar o Salão Oval, onde fica o telefone vermelho”. Aí o terceiro mineirinho, que tudo ouvia, falou: “Para mim, nada disso seria interessante e suficiente. Para mim o bacana mesmo, o suprassumo do privilégio, seria eu estar no Salão Oval da Casa Branca, conversando com o presidente dos Estados Unidos, o telefone vermelho tocar, ele sair para atender, voltar com o telefone na mão e dizer que a chamada era para mim”. Uau. Que coisa, hein? Assim nós nos sentimos nesta noite: o telefone vermelho tocou para a Beneficência Social Bom Samaritano, mais conhecido como Hospital Bom Samaritano, para nos homenagear através desta Casa. Então, em nome da Beneficência, eu agradeço muitíssimo ao deputado Enes Cândido, autor desta moção, e também a cada deputado desta Casa por essa honraria.
A nossa associação foi fundada em 1948. Eu anotei algumas coisinhas para ler para vocês. Na década de 1950, nós voltamos para uma cidade de aproximados vinte mil habitantes e cosmopolita, mas de ruas poeirentas, de muito calor e de violência, vivendo um pouco ainda o ciclo da madeira e das pedras preciosas e tendo um solo fértil que muito favorecia a bovinocultura. Com um crescimento exponencial na última década, entre 1940 e 1950, saiu dos seus seis mil habitantes para quase vinte mil habitantes. Com a tríplice fronteira estadual Rio-Bahia-Espírito Santo, a cidade atraía forasteiros nacionais e estrangeiros e viveu um tempo de efervescência comercial e social que a colocou entre as 10 maiores de Minas Gerais. Foi assim, nesse áspero terreno social, que numa quinta-feira, 1º/5/1948, um grupo de pessoas simples, mas de forte espírito cristão, resolveu criar uma instituição que priorizasse o cuidado com os menos favorecidos, se propondo a dar-lhes alimento, acolhida e, se possível, saúde. Hoje entendemos que esses fundadores sabiam que não mudariam aquele estado de coisas, mas, se não tentassem fazê-lo, estariam pecando, pois é isto o que dizia a Bíblia que eles manuseavam: “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado”. Era esse o ensinamento que traziam em seus corações. O trabalho, eles fariam, e os recursos, Deus proveria. E assim nasceu a BSBS.
Os primeiros passos foram muito difíceis. Uma propriedade doada pelo poder municipal no centro da cidade, mesmo em estado precário, seria o palco desse início. Ali começaram a acolher pessoas idosas, a alimentá-las e a oferecer consultas médicas a um valor bem módico, ajudadas por médicos de bom coração e com espírito humanitário que se juntaram à causa. E assim foram adiante. Na década de 1960, já de posse do certificado de entidade filantrópica e sem fins lucrativos, conseguiram levar para Governador Valadares o primeiro serviço de Samdu – Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência, através de convênio com o Ministério da Saúde. Foi uma façanha para a época.
Resultado de hercúleo esforço foi a construção, já nos anos de 1970, de algumas salas bem simples para a atenção médica, que passaram por pequenas reformas e ampliações. Em 2017, elas se tornaram uma clínica já portentosa, denominada de Clínica Bom Samaritano, com diversas especialidades a serviço do SUS, convênios e também atendimentos particulares. Um fato relevante para a instituição nessa caminhada foi que em 1990 a Beneficência Social Bom Samaritano incorporou a Associação Evangélica Beneficente Valadarense, entidade congênere que tinha a mesma aspiração: a construção de um hospital em Governador Valadares. Esse hospital do qual falamos só foi inaugurado em fevereiro de 2000. Em 2003, por decisão da assembleia geral da mantenedora, passou o hospital a se chamar Hospital Bom Samaritano. E aqui abrimos parênteses para deixar nosso preito de gratidão e render nossas homenagens aos idealizadores da AEBV, que já não estão entre nós, como o Dr. Hélio Barbosa Quintão, o Izalpino Carlos de Oliveira, o Cristiano Pereira de Araújo, o Nilton Adair Prata, o Rev. Onézio Figueiredo, o Dr. José Cordeiro de Oliveira, a Edith Pereira Xavier – avó do deputado Enes Cândido –, bem como outros que ainda estão conosco e continuam prestando os seus serviços ao Hospital Bom Samaritano. Todas essas pessoas de saudosa memória e em cujos corações o amor cristão era contagiante em suas vidas.
Conquista importante também para o Bom Samaritano no correr da sua jornada foi a Acreditação Hospitalar da Organização Nacional de Acreditação – ONA –, sendo um dos poucos hospitais do País com essa certificação de excelência, visando melhor servir a quase mil e seiscentas pessoas que diariamente passam por nosso hospital, bem como todos aqueles que passam por procedimentos e conosco permanecem até sua recuperação.
Atualmente, o complexo hospitalar Bom Samaritano conta com cerca de mil seiscentos e cinquenta colaboradores, administra uma UPA 24 horas – Tipo 8, conta com uma ótima clínica no centro da cidade – a qual chamamos de Hospital Bom Samaritano Unidade 2 – e atende grande parte da população pelo SUS, sendo que, em 2024, mais de noventa por cento de sua capacidade instalada foi ofertada a pacientes desse programa. No caótico tempo da pandemia, o Hospital Bom Samaritano respondeu por 48% das internações em UTI de nossa cidade e região e hoje se tornou mesmo imprescindível à saúde do Leste mineiro e região.
O Hospital Bom Samaritano hoje é considerado referência em oncologia com serviços de radioterapia, quimioterapia, cirurgia oncológica, além do atendimento em nefrologia, cardiologia, otorrinolaringologia, oftalmologia, cuidados paliativos e cirurgia geral. Também mantém convênios com universidades, garantindo residências médicas e estágio para estudantes. Como investimentos recentes, nos últimos anos, o hospital implementou a ampliação de estruturas e novos serviços, incluindo construção de um novo centro cirúrgico, ampliação da clínica ambulatorial no centro da cidade – onde pretendemos inaugurar mais leitos para melhor servir a população –, implantação de serviços de alta complexidade, como implante coclear bilateral, cirurgia cardiovascular, cateterismo cardíaco e angioplastia.
Hoje o Hospital Bom Samaritano tem em todo o Leste mineiro um legado e uma importância ímpar, que não lhe pode ser tirada. O hospital se consolidou como um complexo hospitalar de referência para Governador Valadares e municípios vizinhos, destacando-se pelo caráter filantrópico, qualidade de atendimento e inovação tecnológica. Ao longo de mais de setenta e sete anos de atuação da instituição, o hospital continua a priorizar um atendimento humanizado e integral, mantendo uma posição fundamental no sistema de saúde da região, sendo hoje um forte braço à saúde municipal e regiões limítrofes. E, graças a Deus, pela vida e obra do Hospital Bom Samaritano, que nasceu do ideal daqueles que sonhavam por ele e viverá da esperança de cura daqueles que sofrem.
Nosso muito obrigado e minhas desculpas se por acaso na nominata, fruto da emoção, deixei de citar pessoas que aqui estão conosco nesta noite. Muito obrigado. (– Palmas.)