DEPUTADA BEATRIZ CERQUEIRA (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/11/2025
Página 51, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PEC 24 de 2023
73ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/11/2025
Palavras da deputada Beatriz Cerqueira
A deputada Beatriz Cerqueira – Muito bem, presidente! Boa tarde, pessoal! Vamos até o final. A luta que se perde é a luta que se abandona. Não vamos abandonar essa luta. Existe muita luta para ser feita, e vamos fazê-la em todos os aspectos e pelo tempo que for necessário. No período da manhã, eu havia dito, não sei se havia transmissão na parte externa da Assembleia… Preciso compartilhar com os colegas que lá fora há um mar de gente, um mar de gente! A parte externa da Assembleia está completamente tomada! É muita gente: centenas, alguns milhares de trabalhadores da Copasa, de movimentos sociais, populares e sindicais, profissionais da educação com caravanas de várias regiões do Estado. Então o que vocês estão vendo nas galerias é apenas uma representação. Obrigada por vocês estarem nas galerias desde as 9 horas da manhã. A parte externa da Assembleia tem um mar de gente na luta contra a retirada do referendo da Constituição do Estado.
Pessoal, agora a gente entrou na fase de encaminhamento de votação. Então, depois dos nossos inscritos para encaminhar contrariamente à PEC nº 24, já virá o período de votação. Todos os requerimentos de obstrução que tínhamos foram tratados no período da manhã. A PEC não foi votada porque fizemos obstrução, mas agora chegou a fase do encaminhamento de votação. Nós, do Bloco Democracia e Luta, faremos o debate aqui, ao microfone. E aí, na sequência, teremos a votação. Queria explicar a vocês, rapidamente, que tenho uma questão de ordem para apresentar, para vocês compreenderem a luta no Parlamento. Primeiramente quero dizer que acredito nesta luta. Vou tomar emprestada a luta da Uemg, protagonizada pela luta da Aduemg, que é a Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais. Ninguém acreditou na possibilidade de se fechar uma universidade naquele discurso de federalização – o projeto que o governador enviou à Assembleia junto com esse pacote da privatização.
Assim como o Sindágua está fazendo, a Aduemg começou um processo de mobilização em todas as regiões do Estado através de plenárias, discussões nas unidades, audiências em câmaras municipais. Ao mesmo tempo, a Aduemg veio para o Parlamento e estabeleceu conosco, do Bloco Democracia e Luta, uma jornada de lutas contra o projeto de lei que está aqui, na Assembleia, sobre a Uemg e sobre outro projeto. A Aduemg lutava contra dois projetos, pois existe também o projeto da venda de imóveis. Enquanto as lutas popular e sindical do povo aconteciam em todo o Estado, a Aduemg articulou conosco, com aqueles que são contra o ataque à Uemg, lutas importantes, que se estenderam por um longo período, porque esses projetos são do semestre passado. Recentemente, ou melhor, ontem, foi votado, na Comissão de Administração Pública, um parecer sobre o projeto de lei da venda de imóveis, em que todos os imóveis da Uemg foram retirados.
Já foi anunciado, por lideranças do governo aqui, na Assembleia, que o projeto sobre o fim da universidade, sobre a suposta federalização, não tramitará. Então o que quero dizer com esse exemplo da Uemg, das unidades da Uemg, da reitoria que se mobilizou, do movimento estudantil muito atuante, de toda a solidariedade do movimento sindical, de toda a luta do movimento popular, é que a Uemg venceu, e a Copasa vai vencer. Negar a política, negar a luta no Parlamento, como se aqui todos fôssemos – vou pegar o jargão sindical que a gente usa – um bando de pelegos que não estamos fazendo o suficiente, é abandonar a luta em defesa da Copasa. A política decide a nossa vida, e falar contra a política é dizer que a gente se afaste. E, quando a gente se afasta, outros entram. Não existe espaço vazio.
Então esta luta parlamentar não substitui a luta popular nem a luta sindical. Precisamos ter a inteligência de integrar as lutas, porque existem as pautas do poder econômico. Vou contar para vocês a história do Caderno Azul da Fiemg, que todos nós, deputados, recebemos. A pauta era assim: agenda prioritária legislativa da Fiemg, e tem o ano. Esse poder econômico listou projetos aos quais são contrários e projetos que querem, na visão deles, por exemplo, proteger a Serra do Curral – somos contra; proteger a Serra do Brigadeiro – somos contra. Eles disputam o Parlamento. Então, quando chega a hora de a classe trabalhadora disputar o Parlamento, há um “pré-conceito” de que essa disputa não nos cabe, de que aqui dentro, o nosso lugar, não é o lugar para disputar. É, sim, e, quando a gente disputa aqui dentro, a gente tem chance de ganhar.
Precisamos aprimorar as nossas táticas, entender a nossa estratégia, porque, assim como a Uemg venceu, assim como a Emater venceu… Hoje nós vamos votar a PEC. O Sindsema venceu, e o sistema do meio ambiente vencerá. Esse é mais um exemplo de luta sindical, de vir aqui para defender a sua pauta. É preciso ter confiança política naquelas que fazem a luta cotidiana, pois estamos fazendo essa e outras lutas com lealdade. Não há o que diminuir em nenhuma negociata. A gente faz a luta de peito aberto, com lealdade à pauta que defendemos. Então é possível vencer. Precisamos aprimorar as nossas táticas, ocupar espaços e disputar a nossa pauta.
Então é preciso que a classe trabalhadora, que é quem hoje ocupa este espaço, que não diminui o seu protagonismo das centrais sindicais, dos sindicatos, do movimento popular… Não diminui, é mais um lugar, é mais um lugar que se soma à nossa luta, e esse lugar é importante, e esse lugar é disputável. E o governo teve que fazer muito para conseguir aquela votação do primeiro turno, que não estava definida. Sempre pintar que já está tudo definido, que políticos são todos iguais e que esta Assembleia… Não, não são todos iguais. Nesta assembleia, há povo que luta, nesta Assembleia, há parlamentares eleitos, não com o poder econômico, mas com a militância popular, com a sola de sapato e a saliva da professora, da enfermeira, do policial civil, do policial militar, do trabalhador e da trabalhadora. Se eu citar todas as categorias aqui meu tempo se esgota. Aqui tem gente que vem com uma representação que não é traçada por poder econômico. Aqui tem luta para fazer, aqui, não tenham dúvida, de que tem lealdade na luta com vocês.
Para finalizar, apresento a minha questão de ordem, presidente, relacionada ainda à decisão da última reunião da comissão especial, em que as minhas emendas não foram aceitas com a justificativa de que não era possível verificar a autenticidade da assinatura de uma deputada que estava presente naquela reunião. Abrir esse precedente não é bom para ninguém. Então, regimentalmente, faço ao microfone e faço o protocolo. E é isso que eu vou fazer. Nos meus segundos finais, eu queria fazer o registro e queria dizer: nós venceremos! A Copasa vencerá! A classe trabalhadora mineira vencerá! A gente só não vence quando a gente abandona essa luta. Essa luta não será abandonada por nós: nem por nós aqui, nem por nós aí, por toda a Minas Gerais. Viva a Copasa!
O presidente – Obrigado, deputada Beatriz Cerqueira.