DEPUTADO HELY TARQÜÍNIO (PV)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/11/2025
Página 24, Coluna 1
Proposições citadas PEC 24 de 2023
32ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/11/2025
Palavras do deputado Hely Tarqüínio
O deputado Hely Tarqüínio – Bom dia a todos da galeria. O meu apoio a vocês. Inicialmente quero me dirigir ao presidente desta Casa, com todo o respeito, meu colega de Parlamento desde o dia em que chegou aqui, e que sempre pautou pela imparcialidade, primeiramente como deputado, depois exerceu cargos importantes, e chegou à presidência da Casa. É com muita prudência, com muita estima a todos, que eu quero dizer a verdade aqui. Eu sou solidário com os sentimentos dele em relação às manifestações, às vezes, indevidas, porque o ser humano tem sentimento, tem amor – amor familiar, amor ao todo. Então nós queremos estar solidários com você, pelas ofensas talvez. Mas nós, que somos políticos, entendemos também as manifestações das emoções, que, às vezes, não passa pela análise naquele momento em que temos um impulso para defender uma coisa, e ofendemos outra pessoa. Até à mãe da gente, às vezes, nós respondemos, e depois, pela análise das nossas faculdades mentais coordenadas, arrependemos. Então tudo o que fazemos na vida é pelo sentimento. E o meu sentimento, neste caso, tenho que fazer a defesa do nosso presidente, porque ele aguentou pressão dos dois lados. Aqui há um bloco, do qual faço parte, que é contrário à privatização da Copasa. Mas não é só da Copasa. Tirando a tríade educação, saúde – saúde é água – e segurança, toda privatização que acontecer, e que vai acontecer, porque, às vezes, somos minoria, vamos lutar até o fim para que as famílias não sejam prejudicadas, porque, como foi dito pelo Luizinho, e falo a mesma coisa, quem vai sair prejudicado são as famílias. Mas eu queria apresentar a minha solidariedade a você neste momento, sabendo que também tem aguentado as nossas pressões, e as pressões de 54 deputados, que estão do outro lado. Então compete a ele fazer esta balança e equilibrar isso, e tem feito com muita sabedoria.
Mas agora vamos ao que interessa, que é o problema exatamente quando o Itamar Franco propôs a esta Casa, em 2001, e nós apoiamos, apenas com 61 deputados – ou 60 –, a exatamente colocar na Constituição o referendo. O referendo é a nossa defesa não só para esse projeto, mas também para projetos que pertencem ao povo e a Minas Gerais – projetos globais. E agora quem está sofrendo muito, neste momento, são os funcionários da Copasa, os servidores da Copasa, principalmente os mais humildes. Toda empresa se resume numa pirâmide, e há aqueles que dominam, que estão lá para seguir a filosofia do ultraneoliberalismo. No ultraneoliberalismo, a ideologia que alguns defendem é exatamente o capital. Eles se esquecem do trabalho, principalmente das pessoas mais humildes. Nessa pirâmide, as pessoas que comandam essas empresas estão obedecendo ao governador dentro da filosofia do ultraneoliberalismo, que é a filosofia do rico contra o pobre. Mas nem todo mundo é pobre, porque há muita gente da classe média também. Mas existe muita gente que ganha menos. O dinheiro e as finanças entram na casa de todo mundo. Nós temos o nosso orçamento, e esse orçamento depende também da nossa profissão, daquilo que exercemos.
O governo Zema tem penalizado principalmente as pessoas que têm salários menores. Eu sou contra isso não só em relação à saúde e à educação, porque isso é primordial em qualquer lar. Nós criamos os nossos filhos e queremos que eles tenham uma vida melhor do que a nossa. Esse é o amor de mãe, principalmente, mas também o amor de pai, porque os pais desejam isso aos seus filhos. Mas o Zema está na contramão do sentimento humano, na contramão do sentimento das famílias.
Nós estamos aqui, sim, para votar o adiamento da proposta de emenda, para que, neste Plenário, todos nós possamos refletir melhor sobre essa tríade, como eu disse, da saúde e da educação. É saúde! Nós dependemos da água. Água é vida, é saúde! (– Manifestação nas galerias.) Mais tarde, realmente nós vamos nos arrepender muito, principalmente por saber o que aconteceu na Inglaterra. A Inglaterra teve problemas sérios, mas hoje ela já retornou à mão certa, que é a mão direita, a mão que estatiza tudo que diz respeito à água. A água tem que pertencer ao povo. Aliás, o Itamar escreveu lá que é preciso consultar o povo.
E aí a gente lembra uma palavra: sociedade. Mas eu não gosto muito dessa palavra porque ela está baseada no status social, econômico e financeiro de cada um. São poucos aqueles que são muito ricos, mas o lucro deles é muito! Para eles, muito lucro, para o povo, pouco lucro! A quantidade de povo é muito mais que a quantidade de ricos. Nós precisamos fazer a balança da justiça, a balança da existência, do aspecto existencial, econômico e financeiro de cada um. Nós não podemos excluir as pessoas da própria vida! Está certo? Isso aconteceu.
Mas nós precisamos refletir muito naquele acontecimento do Rio. Eu, pelo menos, que sou médico, nasci para poder ser instrumento de Deus para salvar vida, diferentemente do que aconteceu lá. Aquilo ali foi programado para matar! Eu sei que lá, se a gente não matar, a gente pode ser morto, mas a gente tem que criar uma situação legal que funcione bem para amparar essas pessoas e dar a elas condição de serem pessoas esclarecidas, porque assim elas não terão esse instinto, esse instinto de agressão.
Então eu queria dizer que estou aqui para defender a cada um de vocês. Todos os mineiros – todos os mineiros – são sócios desta sociedade, sócios do governo de Minas Gerais e do País. São sócios, sim, mas esta sociedade não está sendo respeitada pelo governo Zema. Cada um aqui que paga luz, que paga imposto ou que não paga, porque a sociedade é obrigada a proteger aqueles que estão na miséria… Mas no Brasil ainda está demorando demais entender a vida do outro, a dificuldade do outro. O amor que deve haver ao próximo está ainda muito distante. Eu queria aqui fazer a defesa daquela pessoa que mora no fim da rua, na cidade mais humilde, que paga imposto, que paga luz, que paga água. Ela tem que ser consultada, sim, no referendo.
E nós temos que derrubar isso. Nós temos que votar contra, sim, pelo verdadeiro direito de cada ser humano. Nós somos iguais, porém diferentes. Nós temos que fazer justiça, a balança da justiça. O que significa isso? Igualdade. Igualdade com equidade. Quer dizer: medir o que o cara não tem para a sociedade ter um lucro, um lucro bem dividido, principalmente para o pobre, para o médio. Para o rico também, está certo – ele tem as empresas –, mas ele não precisa ganhar tanto para dividir para poucos. E os que precisam ganhar melhor são muitos, e o lucro pertence a esses muitos.
Nós estamos aqui para defender essa história, essa filosofia de vida. Existe alguma coisa que precisa ser privatizada? Tem que vir aqui discutir. Nós não estamos discutindo isso. Isso está definido pelo governo. Eu não faço – vamos dizer assim – repúdio a qualquer colega. Faço crítica. Cada um tem a sua maneira de pensar. Eu penso diferentemente da maioria, hoje, deste Plenário – falo “maioria” querendo dizer a base do governo. Eles têm suas justificativas, e eu respeito isso, porque a democracia, gente, é exatamente o poder do povo para decidir em referendo. (– Manifestação nas galerias.) Democracia não é poucos decidirem para muitos. E o que está acontecendo é isso.
E quero ressaltar mais uma vez: o Tadeuzinho colocou sempre as pautas para serem votadas com pressão dos dois lados. Eu entendo isso. Eu sei que a nossa vitória está cada dia mais difícil. Sabem por quê, gente? Olhem bem uma coisa. Falou-se o Propag. O Congresso votou o Propag. O governador até hoje não aderiu ao Propag. Nós estamos discutindo numa areia movediça, de forma muito líquida. Nós não temos base para discutir totalmente, porque ele não atendeu ao Propag.
E agora, com a caminhada que fez ao Rio de Janeiro, ele está pegando carona política. Carona política. Sabem para quê? Para que os outros estados entrem na mesma situação e, no fim, se dificulte o governo do Lula. Não tenham dúvida. … ficar apertado, cada dia mais. A gente sabe disso. Mas nós temos que estancar essa coisa do governo. Isso vai ser muito difícil. Terminou? Acabou o tempo. Mas eu queria dizer que tenho muita… Eu queria dizer o seguinte: nós somos seres humanos na nossa forma, no nosso conteúdo, na maneira de pensar de cada um. Mas nós precisamos de justiça com equidade. A equidade serve para dar condição aos que têm menos, para que eles possam ter mais amanhã. Eu estou com vocês. Um grande abraço, muito obrigado. Obrigado, presidente.
O presidente – Obrigado, meu amigo, Dr. Hely Tarqüínio, pela sua sabedoria.