DEPUTADA BELLA GONÇALVES (PSOL)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 29/10/2025
Página 11, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PEC 24 de 2023
25ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 23/10/2025
Palavras da deputada Bella Gonçalves
A deputada Bella Gonçalves – Boa noite, presidente. Boa noite, presidenta Leninha. Boa noite, deputados e deputadas da Casa. E, em especial, boa noite, “copasianos”; boa noite, povo de Minas Gerais. Nós estamos aqui para encaminhar o nosso pesar e o pedido de suspensão desta reunião, em homenagem ao Cb. Vinícius de Castro Lima. Mas, antes disso, eu gostaria de saudar a maior mobilização da história da Copasa, que está aqui, ocupando as galerias com muita gente e, do lado de fora, cercando a Assembleia Legislativa com milhares de pessoas.
Para que a gente possa ouvir: “Eu sou da Copasa com muito orgulho, com muito amor”. (– Manifestação nas galerias.)
Parabéns. Parabéns por essa luta, por essa mobilização. Vamos aqui buscar a verdade, a justiça e a democracia, que está do lado de vocês.
Mas, como eu disse, o tema aqui é a morte trágica, prematura e violenta do Cb. Vinícius de Castro Lima, que servia no Batalhão de Contagem e foi assassinado com nove tiros no Barreiro, ao tentar impedir um crime que acontecia em uma loja. Cb. Vinícius de Castro Lima viu, nos últimos anos, a segurança pública ser utilizada como arma demagógica de uma extrema-direita que foi cada vez mais inflamada pelo governador do Estado – mas só como figura de linguagem. A verdade é que a segurança pública e os servidores da segurança pública têm sido desonrados, atacados e humilhados pelo governador Romeu Zema, que deu a si próprio um aumento de 400% no seu salário e não fez reajustes nos salários da segurança pública nem nos salários dos demais servidores públicos da forma como deveria.
O governador Zema, que fez um decreto no início deste ano contingenciando mais de R$1.000.000.000,00 do orçamento público, deu aos seus amigos empresários, neste ano, R$25.000.000.000,00 em isenção fiscal. O governador do Estado mandou cortar gasolina de viaturas usadas nas investigações da Polícia Civil. O governador viu crescer o feminicídio e todas as formas de violência. Vejam bem: enquanto no Brasil do presidente Lula os crimes violentos diminuíram 8,2% este ano, em Minas Gerais o aumento dos crimes violentos foi de mais de 13%. Minas Gerais está sangrando nas mãos desse governador. Expor servidores da segurança pública a um cenário de aumento de crimes violentos, somado à ausência de concursos, de proteção e de resguardo aos policiais, é desmontar o serviço público. Depois não adianta a hipocrisia de publicar no Twitter que se sente solidário com as famílias, sendo que não valoriza os servidores públicos e os servidores da segurança pública.
Neste momento em que a gente está discutindo o crescimento da violência pública no Brasil e o risco das privatizações, o governador do Estado já abandonou Minas Gerais. Ele ficará na Europa por mais de um mês, com dinheiro pago pelos nossos bolsos públicos. Eu queria perguntar ao governador Zema o que ele está aprendendo em Paris, onde publicou um vídeo populista estes dias. Sabe por quê, gente? Porque duas coisas Paris tem de muito fortes: saber tacar fogo no parquinho na hora em que os governadores atacam o povo — isso é verdade… A outra coisa que Paris está fazendo agora é a reestatização do saneamento básico, porque privatizou e deu errado. A tarifa ficou cara, o serviço ficou caro. Mas, não! Provavelmente, ele não está pesquisando nada disso. Ele está lá, de fato, longe do Estado e dos problemas do Estado, alheio aos problemas do Estado e do serviço público.
Nós queremos ter o direito de decidir. Vejam bem: a privatização das nossas estatais a preço de banana é o horizonte sonhado pelo governador. Jô Moraes está aqui presente. Obrigada. Jô, o governador falou que queria privatizar a Copasa, vender a Cemig e acabar com a Universidade do Estado de Minas Gerais. Se pudesse, até o céu ele venderia. De fato, alguns desses pontos ele conseguiu: vendeu o metrô de Belo Horizonte a preço de banana, a preço de um vagão, e agora as tarifas explodiram. Ele quer vender a Copasa a preço de banana – não tenham dúvida – para depois avançar em cima da Cemig e vendê-la também a preço de banana. E qual será o próximo ponto? A venda da educação? Da saúde? Aliás, existe um projeto de lei que abre espaço para a privatização da saúde, para a abertura de organizações da sociedade civil da saúde. É importante que vocês saibam disso. Ele quer também acabar com a segurança pública, construindo um mundo privatista que só serve aos seus interesses e aos de seus amigos empresários a quem tanto quer agradar.
Gente, um mundo de privilégios e de corrupção é o que nós estamos denunciando. Ao longo da noite de hoje, nós vamos falar sobre o grande esquema de corrupção que está por trás da venda da Copasa. Interesses bilionários já se movimentam aqui, na Casa, na Assembleia, comendo pela beirada; se movimentam com o governador, movimentam a compra e a venda de ações milionárias da Copasa. Um grande esquema é armado por um banqueiro conhecido de vocês, o André Esteves, e tantos outros. Passou da hora de abrir uma CPI para investigar o maior esquema de corrupção deflagrado, que é o do meio ambiente: CPI do meio ambiente, da Operação Rejeito. E outra CPI é necessária, a da Copasa. Eu vou falar mais sobre o esquema de corrupção que está por trás da Copasa em outro momento. Nós vamos ter muitas horas para poder falar sobre isso hoje.
Vou falar agora sobre a sujeira do governo Zema. Isso aqui era água em muitos bairros, vilas, favelas e comunidades rurais antes da Copasa; isso aqui não pode ser o nosso futuro. O nosso futuro não pode ser o monopólio da água pelas mineradoras; o nosso futuro não pode ser a corrupção no saneamento básico; o nosso futuro não pode ser de tarifas caras que impedem as pessoas de acessarem a água; o nosso futuro não pode ser do esgoto entupido, porque as pessoas não têm condição de pagar a taxa de saneamento básico. Esse não pode ser o futuro de Minas Gerais. Por isso, a Copasa tem que continuar sendo do povo, e o povo tem o direito de decidir. Cala a boca já morreu!
O presidente – Obrigado, deputada Bella.