Pronunciamentos

DEPUTADA BELLA GONÇALVES (PSOL)

Discurso

Elogia a mobilização popular contra a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa – e contra Proposta de Emenda à Constituição nº 24/2023, que dispensa a realização de referendo popular para autorizar a desestatização ou federalização da empresa. Denuncia suposto esquema de corrupção bilionário envolvendo a venda dessa empresa, propondo a instalação de comissão parlamentar de inquérito – CPI – sobre o assunto. Manifesta pesar pelo falecimento do Cb. Vinícius de Castro Lima, policial militar assassinado no Município de Belo Horizonte.

25ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 23/10/2025

Palavras da deputada Bella Gonçalves

A deputada Bella Gonçalves – Boa noite, presidente. Boa noite, presidenta Leninha. Boa noite, deputados e deputadas da Casa. E, em especial, boa noite, “copasianos”; boa noite, povo de Minas Gerais. Nós estamos aqui para encaminhar o nosso pesar e o pedido de suspensão desta reunião, em homenagem ao Cb. Vinícius de Castro Lima. Mas, antes disso, eu gostaria de saudar a maior mobilização da história da Copasa, que está aqui, ocupando as galerias com muita gente e, do lado de fora, cercando a Assembleia Legislativa com milhares de pessoas.

Para que a gente possa ouvir: “Eu sou da Copasa com muito orgulho, com muito amor”. (– Manifestação nas galerias.)

Parabéns. Parabéns por essa luta, por essa mobilização. Vamos aqui buscar a verdade, a justiça e a democracia, que está do lado de vocês.

Mas, como eu disse, o tema aqui é a morte trágica, prematura e violenta do Cb. Vinícius de Castro Lima, que servia no Batalhão de Contagem e foi assassinado com nove tiros no Barreiro, ao tentar impedir um crime que acontecia em uma loja. Cb. Vinícius de Castro Lima viu, nos últimos anos, a segurança pública ser utilizada como arma demagógica de uma extrema-direita que foi cada vez mais inflamada pelo governador do Estado – mas só como figura de linguagem. A verdade é que a segurança pública e os servidores da segurança pública têm sido desonrados, atacados e humilhados pelo governador Romeu Zema, que deu a si próprio um aumento de 400% no seu salário e não fez reajustes nos salários da segurança pública nem nos salários dos demais servidores públicos da forma como deveria.

O governador Zema, que fez um decreto no início deste ano contingenciando mais de R$1.000.000.000,00 do orçamento público, deu aos seus amigos empresários, neste ano, R$25.000.000.000,00 em isenção fiscal. O governador do Estado mandou cortar gasolina de viaturas usadas nas investigações da Polícia Civil. O governador viu crescer o feminicídio e todas as formas de violência. Vejam bem: enquanto no Brasil do presidente Lula os crimes violentos diminuíram 8,2% este ano, em Minas Gerais o aumento dos crimes violentos foi de mais de 13%. Minas Gerais está sangrando nas mãos desse governador. Expor servidores da segurança pública a um cenário de aumento de crimes violentos, somado à ausência de concursos, de proteção e de resguardo aos policiais, é desmontar o serviço público. Depois não adianta a hipocrisia de publicar no Twitter que se sente solidário com as famílias, sendo que não valoriza os servidores públicos e os servidores da segurança pública.

Neste momento em que a gente está discutindo o crescimento da violência pública no Brasil e o risco das privatizações, o governador do Estado já abandonou Minas Gerais. Ele ficará na Europa por mais de um mês, com dinheiro pago pelos nossos bolsos públicos. Eu queria perguntar ao governador Zema o que ele está aprendendo em Paris, onde publicou um vídeo populista estes dias. Sabe por quê, gente? Porque duas coisas Paris tem de muito fortes: saber tacar fogo no parquinho na hora em que os governadores atacam o povo — isso é verdade… A outra coisa que Paris está fazendo agora é a reestatização do saneamento básico, porque privatizou e deu errado. A tarifa ficou cara, o serviço ficou caro. Mas, não! Provavelmente, ele não está pesquisando nada disso. Ele está lá, de fato, longe do Estado e dos problemas do Estado, alheio aos problemas do Estado e do serviço público.

Nós queremos ter o direito de decidir. Vejam bem: a privatização das nossas estatais a preço de banana é o horizonte sonhado pelo governador. Jô Moraes está aqui presente. Obrigada. Jô, o governador falou que queria privatizar a Copasa, vender a Cemig e acabar com a Universidade do Estado de Minas Gerais. Se pudesse, até o céu ele venderia. De fato, alguns desses pontos ele conseguiu: vendeu o metrô de Belo Horizonte a preço de banana, a preço de um vagão, e agora as tarifas explodiram. Ele quer vender a Copasa a preço de banana – não tenham dúvida – para depois avançar em cima da Cemig e vendê-la também a preço de banana. E qual será o próximo ponto? A venda da educação? Da saúde? Aliás, existe um projeto de lei que abre espaço para a privatização da saúde, para a abertura de organizações da sociedade civil da saúde. É importante que vocês saibam disso. Ele quer também acabar com a segurança pública, construindo um mundo privatista que só serve aos seus interesses e aos de seus amigos empresários a quem tanto quer agradar.

Gente, um mundo de privilégios e de corrupção é o que nós estamos denunciando. Ao longo da noite de hoje, nós vamos falar sobre o grande esquema de corrupção que está por trás da venda da Copasa. Interesses bilionários já se movimentam aqui, na Casa, na Assembleia, comendo pela beirada; se movimentam com o governador, movimentam a compra e a venda de ações milionárias da Copasa. Um grande esquema é armado por um banqueiro conhecido de vocês, o André Esteves, e tantos outros. Passou da hora de abrir uma CPI para investigar o maior esquema de corrupção deflagrado, que é o do meio ambiente: CPI do meio ambiente, da Operação Rejeito. E outra CPI é necessária, a da Copasa. Eu vou falar mais sobre o esquema de corrupção que está por trás da Copasa em outro momento. Nós vamos ter muitas horas para poder falar sobre isso hoje.

Vou falar agora sobre a sujeira do governo Zema. Isso aqui era água em muitos bairros, vilas, favelas e comunidades rurais antes da Copasa; isso aqui não pode ser o nosso futuro. O nosso futuro não pode ser o monopólio da água pelas mineradoras; o nosso futuro não pode ser a corrupção no saneamento básico; o nosso futuro não pode ser de tarifas caras que impedem as pessoas de acessarem a água; o nosso futuro não pode ser do esgoto entupido, porque as pessoas não têm condição de pagar a taxa de saneamento básico. Esse não pode ser o futuro de Minas Gerais. Por isso, a Copasa tem que continuar sendo do povo, e o povo tem o direito de decidir. Cala a boca já morreu!

O presidente – Obrigado, deputada Bella.