Pronunciamentos

DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)

Discurso

Manifesta apoio aos trabalhadores da Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa – e defende o referendo popular sobre a privatização da empresa. Manifesta pesar pelo falecimento do Cb. Vinícius de Castro Lima e do optometrista Marcelo de Souza Nogueira, ambos assassinados. Critica o governador Romeu Zema por descaso com a segurança pública e pela tentativa de vender a Copasa para atender interesses privados e políticos.

25ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 23/10/2025

Palavras do deputado Leleco Pimentel

O deputado Leleco Pimentel – Vocês estão me fazendo lembrar uma música muito bonita, cantada pelas Comunidades Eclesiais de Base – CEBs –, que é parecida com o “copasiano”, porque eles falam: “‘Copasiano’, ‘copasiana’, você que veio para lutar? Eu quero ver o trem do Zema balançar e cair, porque Zema não vai sustentar”. Então buscar aqui, com vocês… Pessoal, parece brincadeira o que vocês estão gritando aí. O Zema já está fora. Ele não para aqui. Vocês são proféticos, não é? Eu estou com dó do papa, porque ele beijou a mão do papa hoje e foi lá falar mentira. Acho que o papa ficou até envergonhado. Eu não tenho dúvidas de que o Zema acredita nas asneiras, nas besteiras que ele mesmo diz.

Eu quero pedir, presidente Tadeu… Nós estamos aqui utilizando o tempo de fala, mas não podemos esquecer que o que gerou o nosso pedido foi esse assassinato brutal ocorrido em Belo Horizonte. E eu não vou deixar de dizer que Vinícius de Castro Lima, de 37 anos, o cabo da Polícia Militar que foi morto nesta tarde, não pode virar motivo de desrespeito de nossa parte. Mas eu quero me somar e trazer mais uma triste notícia a vocês. Nós estivemos aqui também, nas galerias, com uma pessoa que lutou muito pelo direito dos optometristas, para que regulamentassem a sua profissão. Ele, que também esteve junto com companheiros acorrentados na estátua de Tiradentes, em Ouro Preto, infelizmente foi assassinado ontem por um médico oftalmologista; ele, que veio a esta Casa nos ajudar com esta luta importante, foi morto; ele e o paciente de que ele cuidava foram assassinados na mesma hora, com muitos tiros. Nós fizemos questão de pedir que este minuto de silêncio seja também feito em homenagem à luta do optometrista Marcelo de Souza Nogueira.

Ele, tão jovem, também deixou um legado de luta. Ele esteve aqui, nesta Casa, ajudando na luta dos optometristas, que lutam pela regulamentação da sua profissão. Um ambiente hostil, um ambiente de falta de segurança é que está sendo retratado neste momento, no assassinato do policial a quem fazemos esta homenagem no Plenário.

Se você não sabe, vou relembrar uma notícia. Há poucos meses, deputados e deputadas do Bloco Democracia e Luta, viemos a este Plenário denunciar que todo o staff do governo Zema estava fora do País, participando de formação, bancado pelas indústrias bélicas, pela indústria armamentista de Israel, deixando o Estado que cresceu em número de mortes dentro dos presídios sem o secretário e sem os responsáveis pela segurança pública do Estado de Minas Gerais. Essa denúncia se soma, companheiros e companheiras, ao descaso que Zema tem com os servidores e com a coisa pública. O Zema está tentando – e todos sabem disso – vender a Copasa para pegar dinheiro com o capital privado a fim de tentar bancar essa turma que quer hoje que Zema passe vergonha como candidato à presidência.

É por essa razão que a gente não tem rabo preso. Vocês sabem que as pessoas que subirão neste Plenário hoje têm compromisso com a causa. Elas têm compromisso com a luta dos servidores, têm compromisso com a luta pelo saneamento universal, público e de qualidade. Todos os que subirão aqui para defender a Copasa terão a luta por essa causa na ponta da língua. Não é preciso ter texto para ficar trazendo elementos distantes de nós. É só dar uma olhada no rosto de cada servidor. É só buscar, de forma didática, ler estas faixas. É só buscar a metodologia do povo e falar a língua do povo: o povo de Minas não quer que Zema transforme a Copasa em privada. A água da privada não desce! E vou aproveitar que vocês estão usando uma palavra que veio do latim para explicar ao povo que a palavra “referendo”, que não é muito usual na vida das pessoas, no dia a dia, significa “consulta”. Nessa consulta sua opinião deve prevalecer. É por isso que a palavra que todo mundo está escutando – “referendo” –, que vem de referendum, está associada à democracia.

É preciso que a gente tenha a compreensão de que uma consulta direta à população, como vêm colocando as pesquisas, adianta uma resposta que todos sabem. A pessoa quer água em quantidade, com qualidade e com tarifa justa. Ninguém quer uma Copasa privada, que retira o direito à água, retira a qualidade da água e só aumenta a tarifa. Besta é aquele que acha que o povo é bobo, porque o povo sabe quanto custa a água no final do mês. O povo sabe quanto custa o gás no final do mês, sabe o valor dos alimentos da cesta básica, sabe o valor do combustível e sabe que Zema precarizou a Copasa para poder tentar evidentemente fingir que o povo não quer a Copasa. Essa tentativa deu com os burros n'água. A tentativa de Zema era fazer com que o povo cuspisse…

É: a pesquisa, é bom lembrar. A pesquisa talvez represente uma fotografia do momento. Ela não consegue prever o futuro ou já se esqueceu do passado. A pesquisa é uma tentativa de fotografia do presente. E olhe o que ela diz. Ela diz que o povo mineiro, seja aquele que depende da água da Copanor, daquele bloco criado para que houvesse equidade, para que aquele que não tinha água recebesse água da região que tem mais investimento público… Por isso, a zona rural, tão desassistida, onde as pessoas estão tentando recuperar nascentes para ter direito à água, para saciar a sede do animal, para molhar a sua plantação… Esse povo da agricultura familiar vem denunciando que o Zema está de joelhos para o agronegócio e para a mineração. É para esses setores que Zema quer colocar a água e a soberania do povo.

É uma vergonha. Agora, eu pediria que vocês, nestes 30 segundos finais, voltassem a dizer o que está nessas faixas, que continuam a dar aula. Mas há gente aqui que está de ouvidos cerrados, de olhos fechados: isso é porque alguma coisa estranha está no ar. Vamos ler juntos a primeira faixa, de novo: “Sem referendo, sem democracia!”. Sem referendo… (– Manifestação nas galerias.) Sem referendo… (– Manifestação nas galerias.) Atacar o referendo é atacar o povo mineiro! Atacar o referendo… (– Manifestação nas galerias.)

E vamos falar baixo para os deputados, de novo…

O presidente – Obrigado, deputado Leleco.

O deputado Leleco Pimentel – É a última vez, presidente. Deputados, 2026 tem eleição. Não se esqueçam!