Pronunciamentos

CARLOS ALBERTO ARRUDA DE OLIVEIRA, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – Fapemig

Discurso

Agradece a homenagem prestada à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – Fapemig – pelos seus 40 anos de relevante atuação no fomento à pesquisa científica e tecnológica.
Reunião 37ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 21/10/2025
Página 4, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 12871 de 2025

37ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 17/10/2025

Palavras do Sr. Carlos Alberto Arruda de Oliveira

Bom dia a todos. Obrigado. Não preciso nem falar da emoção e do orgulho de estar aqui, representando muita gente. Eu queria, antes de mais nada, agradecer-lhe, deputado Antonio Carlos Arantes, toda a parceria, todos os anos de dedicação do senhor a esta Casa e o carinho e o cuidado que tem tido, ao longo destes anos, com a Fapemig, com a ciência, com a tecnologia e com a inovação. Muito obrigado não só pelo dia de hoje, mas por todos esses anos e também pelos futuros, uma vez que já falamos sobre continuar nossas conversas.

Quero agradecer a presença do caro reitor da Universidade Federal de Viçosa, Prof. Demetrius David da Silva, presidente da Associação de Reitores de Minas Gerais e nosso parceiro. Tem havido na Fapemig reuniões semestrais com os reitores, e eles são duros com a gente. Eles batem feio. E o que fazemos é tentar atendê-los, ouvi-los e conversar, dialogar o tempo todo. Quero agradecer também a presença, o apoio, o cuidado e a dedicação que o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lucas Mendes, tem dedicado à Fapemig, à ciência, à tecnologia e à inovação no Estado de Minas Gerais. O Lucas é desses parceiros difíceis, “ferrinhos de dentista”, que são supernecessários em qualquer organização. Obrigado, Lucas, pelo apoio. Por favor, agradeça à Mila, secretária e presidente do conselho, o cuidado e a atenção que ela tem tido com a Fapemig.

Quero agradecer também à Profa. Vanesca, nossa colega e pró-reitora da Uemg, com quem tivemos boas conversas e bons projetos, não é, Vanesca? Temos muito a construir juntos. Quero agradecer ainda a presença, o cuidado e o carinho que a Profa. Gislaine Gonçalves tem tido conosco. Ela começou uma pequena revolução. Nosso estado é privilegiado, pois há aqui 11 universidades federais e 5 institutos federais de tecnologia. Temos logicamente uma aproximação muito forte com as universidades federais e com as ICTs, de uma maneira geral, mas com os institutos federais ainda não tanto. A Gislaine foi quem começou uma revolução de aproximação, então muito obrigado. Lembro-me das nossas primeiras conversas, na UFMG ainda, que foram muito importantes. Além disso, quero agradecer aos músicos. Sempre falamos que a arte é fundamental, e a ciência e a arte andam juntas. Muito obrigado pela presença de vocês e pela parceria da Polícia de Minas Gerais com a Fapemig.

A Fapemig é feita de pessoas. Está aqui o Prof. Beirão, meu antecessor e uma inspiração, que teve de aguentar algumas enquetes, algumas perguntas. Disse-lhe: “Prof. Beirão, preciso de orientação”. Muito obrigado pela sua presença e pela sua liderança.

Queria fazer um agradecimento – é lógico – aos representantes das universidades, aos pesquisadores, aos bolsistas e ao Prof. Wagner, nosso colega lá da UFTM. Nós estivemos ontem lá em Uberaba. Deputado, talvez seja uma quebra de protocolo, mas, se me permite, queria pedir aos meus colegas da Fapemig que se levantem. Por favor! Deputado, são eles que merecem essa placa que faz a Fapemig acontecer. Muito obrigado, pessoal.

Há 40 anos um grupo de professores da UFMG, junto com a Universidade de Viçosa, começou uma campanha para tornar Minas um estado relevante na produção científica e tecnológica. Esses professores partiram de um ponto fundamental de que 20 anos antes, em 1965, um grupo de professores, junto com representantes do governo do Estado de São Paulo, à luz de uma entidade norte-americana, criou uma instituição estadual de fomento à ciência, tecnologia e Inovação, que foi a Fapesp. Poucos anos depois, o Estado do Rio de Janeiro seguiu o mesmo caminho, assim como o Estado do Rio Grande do Sul. Os mineiros, doidos para serem os próximos, tentaram antecipar um pouco, ainda na década de 1970, a criação da Fapemig. Contudo houve uma decisão combinada dos professores com os gestores da época de se criar a Fundação João Pinheiro e não, naquele momento, a Fapemig.

Em 1985, chegou o momento. Minas Gerais recebia a reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC – na UFMG e os professores, liderados por professores de Viçosa e da UFMG, conseguiram convencer o governador na época de que era a hora da criação da Fapemig. Graças a esta Casa, foi promulgada a Lei Delegada nº 10, dando ao governador o direito de criação da Fapemig. Esse foi um momento de concepção e é o momento que hoje usamos como data de criação da Fapemig: dia 28/8/1985, mas a operação começou um tempo depois, ou seja, em 1986. Em maio de 1986, começamos a operar.

É interessante, deputado, quando olhamos numa perspectiva histórica, pensarmos quais eram os desafios da ciência há 40 anos. Provavelmente estávamos falando sobre a grande necessidade de avançar na agricultura. O Brasil ainda não era essa potência agrícola que é hoje. A Embrapa existia há pouco mais de dez anos, ou seja, foi criada antes da Fapemig. Várias universidades mineiras ainda não tinham sido criadas. Ontem mesmo estivemos na UFTM, que está comemorando 20 anos este ano. Como ela, várias outras instituições e CTs importantes do Estado de Minas Gerais nem existiam ainda na sua forma atual.

Os desafios tecnológicos provavelmente daquela época estavam ligados à saúde, que é sempre um tema fundamental, assim como à agricultura, à engenharia, à mineração, etc. Quando fazemos um fast forward de 40 anos, a nossa agenda hoje está muito alterada. A saúde continua sendo um tema importante e a agricultura é um tema principal. Quer dizer, o principal tópico de aprovação de projetos da Fapemig continua sendo o agro junto com humanidades, junto com saúde, junto com engenharias, mas, nestes anos, com muita evolução. A humanidade passou por um ciclo gravíssimo de pandemia que há 40 anos nem se imaginava nessa proporção. Então o mundo mudou muito nestes 40 anos. Palavras como “inovação” e “empreendedorismo” já existiam, mas não eram muito usadas. Inclusive, no documento de concepção da Fapemig, se dizia que era uma agência de fomento à pesquisa, à ciência e à tecnologia. Não existia a palavra “inovação” nem muito menos “empreendedorismo”, “startups”, “deep techs” e toda essa parafernália tecnológica que discutimos hoje.

Então, deputado, o nosso desafio – o desafio da Fapemig, da Assembleia, da sociedade mineira e do setor público e privado da sociedade civil – é pensar que Fapemig vamos deixar para daqui a 40 anos. Quem estará aqui, nesta Assembleia, provavelmente comemorando os 80 anos da Fapemig? Que desafios tecnológicos nós vamos ter que superar para comemorar esses 80 anos? É com esse olhar que eu provoco esta nossa celebração. É muito bom celebrar os 40 anos do passado, mas eu gostaria também de começar a celebrar os 40 anos do futuro.

Qual é a contribuição da Fapemig hoje para uma endemia na sociedade, como o deputado chamou a atenção, em relação à dependência química? Qual o papel que os pesquisadores de diversas instituições podem ter, com o apoio da Fapemig, com o apoio do governo do Estado de Minas Gerais, com o apoio da Assembleia, com o apoio do setor privado, para resolver esse grande desafio que é a dependência química de heroína, de cocaína e ou de outras substâncias químicas? Realmente me daria muito orgulho ver a Fapemig, junto com a Secretaria de Saúde e outras entidades, outros órgãos, como a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, participando desse esforço de desenvolver uma vacina contra essa dependência, como a calixcoca. É um mundo de incertezas. Muito foi conquistado até agora, com a patente da calixcoca, a base química da calixcoca, mas isso não significa que vamos ter um remédio na prateleira, uma vacina na prateleira daqui a cinco anos. Mas temos que tentar, da mesma forma que tentamos desenvolver algo que não existia há 40 anos, que foi a nanotecnologia, que tornou Minas Gerais um berço de empresas de base tecnológica diferenciada, que receberam e recebem recursos e apoio da Fapemig tanto nessa área como na área de vacina, na área de agricultura digital, na área de mineração. O “lítio” se tornou uma palavra que há 40 anos talvez nem existisse no vocabulário da maioria das pessoas. Ninguém sabia o que era o lítio. Hoje essa é uma palavra comum e uma realidade muito importante para todos nós.

Então, deputado, eu deixo aqui a minha fala com esse desafio. A equipe da Fapemig – pesquisadores, reitores, pró-reitores, professores e bolsistas – tem um papel fundamental. Nós temos que cuidar do futuro da ciência, do futuro de Minas Gerais, do futuro do Brasil. E eu tenho certeza de que, com essa força, com essa energia positiva que nós estamos construindo nesta sala, a gente vai conseguir fazer isso.

Muito obrigado, deputado, mais uma vez, por esta homenagem; muito obrigado pelo apoio; muito obrigado, Assembleia e deputados que não estão aqui presentes, mas estão sempre cuidando da Fapemig. Eu tive o privilégio de passar pela sabatina da Assembleia e fui informado por uma deputada que fui o único que teve a aprovação de 100%. A aprovação não foi minha, do Carlos, mas foi nossa, foi da Fapemig. Muito obrigado a todos. É uma honra estar aqui com vocês, colegas da Fapemig, e com vocês, pesquisadores, recebendo esta homenagem. Obrigado.