Pronunciamentos

DEPUTADO CRISTIANO SILVEIRA (PT)

Discurso

Apresenta críticas ao governador Romeu Zema, destacando incoerência em sua fala a respeito de supersalários na administração pública, além de contradições entre promessas de campanha e decisões adotadas pelo seu governo. Critica a falta de preocupação da direita com pautas que beneficiem efetivamente a população. Defende a isenção do imposto de renda para salários até R$ 5 mil por mês, a taxação dos super-ricos e o fim da jornada 6x1. Elogia a gestão do presidente Lula, destacando programas federais na saúde e da educação, o discurso do presidente Organização das Nações Unidas – ONU – e a queda na taxa de desemprego. Destaca que Zema retirou a exigência de obrigatoriedade de pagamento de multas e sanções ambientais para dar prosseguimento de novos processos de licenciamento ambiental, beneficiado empresas que hoje são investigadas na “Operação Rejeito” da Polícia Federal – PF.

62ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 30/9/2025

Palavras do deputado Cristiano Silveira

O deputado Cristiano Silveira – Sra. Presidente, colegas parlamentares e público que nos acompanha. Havia alguns dias, presidenta, que eu não retornava à tribuna para fazer uso da palavra e, como de hábito, repercutir os principais temas e assuntos de interesse do povo do nosso Estado de Minas Gerais e do povo brasileiro. Acho que há algumas coisas que precisamos deixar registradas no dia de hoje em relação às nossas posições.

Eu quero, antes de mais nada, repercutir algumas coisas relacionadas ao governador Romeu Zema, ou melhor, duas, em especial. A primeira trata de uma fala recente do governador em que faz uma crítica ao que ele chama de supersalários na administração pública. Já venho repetindo para vocês o seguinte: o Zema, lá da primeira campanha, não é o mesmo Zema que hoje está – vamos dizer assim – governando com a ajuda de aparelhos, porque, na verdade, ele não cuida mais do Estado. Na segunda parte da minha fala, eu vou explicar o motivo. Não existe mais aquele personagem da primeira campanha que se demonstrava antipolítico, o que ia combater privilégios, o que não ia receber salário, o que ia acabar com as mordomias. Vocês se lembram disso tudo, não é? Bem, o que acontece é que, recentemente, houve uma fala dele dizendo que é um absurdo a questão dos grandes salários neste país. Mas vejam que ele foi o governador que deu 300% de aumento a si próprio e ao primeiro e ao segundo escalões. Isso com repercussão em outras funções do Estado ao qual o salário acaba estando vinculado. Esse aumento cria um efeito cascata. Então, naquele período em que o ex-governador falava que o Estado de Minas estava quebrado e que, portanto, não havia condição de dar reajuste aos servidores não mais do que a inflação de um ano, e que era o máximo que se conseguia fazer de recomposição, não havia Estado quebrado quando se tratava dele próprio, dele próprio, juntamente com os seus assessores. Aí, ele vai dizer na imprensa: “Ah, mas eu doo o meu salário”. Sem transparência! Sem transparência nenhuma! Nós também não estamos querendo saber o que ele faz com o dinheiro dele. O dado concreto é que isso custa para o Estado. O dado concreto é que isso custa para os cofres públicos.

Então acho que, mais uma vez, ele é um colecionador de pérolas, um colecionador de gafes, um colecionador do ditado “perdeu a oportunidade de ficar calado”. Mais uma vez, ele perdeu a oportunidade de ficar calado. Por quê? Porque não há moral nenhuma para Romeu Zema discutir o salário dos servidores, que talvez recebam grandes salários conforme ele diz, enquanto ele próprio promove para si e para o seu primeiro escalão um aumento de 300%. Fica registrado. Bem, e por falar nisso, ele poderia muito bem dizer o seguinte: “Olha, eu sou contra o aumento abusivo de salário, porque isso é mordomia e nós queremos combater mordomia”. Mas não, isso não foi problema para ele. Esqueça o Zema da primeira campanha e fique com este de agora, que é o “cara” da velha política. Tudo aquilo de que o povo não gosta na política ele está fazendo com desenvoltura. Verdade!

E, companheiro, deixe-me contar-lhe mais: governador Romeu Zema e uso de avião. Gente, eu me lembro da campanha. Vocês se lembram da campanha? Ele dizia que ia acabar com a farra das aeronaves, que ia andar só de avião de carreira – homem simples –, que ia economizar dos cofres públicos. Oh, gente! Eu já falei para os nossos vereadores, as nossas lideranças de Senhora dos Remédios: esse personagem – ele é um personagem; vocês sabem, não é? – lá atrás, falava que ia acabar com a farra de aeronave. Olha, antes de eleito, Zema dizia: “Vou acabar com a farra dos voos”. Agora, só neste mandato, que ainda vai completar três anos – não são quatro, não –, foram 400 voos particulares em aeronaves do Estado, com dinheiro do povo, combustível do povo, piloto do povo e custo alto para o povo. Foram 400 voos.

E mais: pelo menos um voo por mês sabe para onde, Denílson? Para casa, para Araxá. Que coisa, não, gente? A internet é boa porque não perdoa. Esses vídeos estão todos salvos, está tudo guardado. A gente vai pegar o Zema na época em que falava isso. Na minha rede social, isso já está lá. Quem quiser ver isso está no meu Instagram. Postei ele falando à época que ia acabar com a farra dos voos, e agora a matéria está aí: foram 400 voos. Pelo menos um por mês, de volta para casa, para Araxá. E ele disse que é para agenda institucional. Mas agenda institucional em evento privado, em Porto Alegre? Para lançamento de candidatura em São Paulo? Para participar de ato em defesa dessa bobajada de anistia, dessa bobajada de blindagem? Porque está tudo na mesma coisa, no mesmo bojo, não é?

Esse “cara” nunca foi para rede social defender o povo, anistiar o povo do Imposto de Renda, que acaba com o ganho do trabalhador neste país. Na verdade, isso é um problema da direita. Você nunca vê a direita se manifestando por mais saúde, mais segurança, mais educação, mais emprego. Não. Você não os vê se manifestando por nada disso. Era lá atrás, por causa de ideologia de gênero, banheiro, fechamento de igreja, aquelas coisas do mundo de Nárnia, do multiverso da loucura. Agora, não: só sabem falar em anistia para os golpistas, só sabem falar em anistia para o Bolsonaro e companhia limitada. Não há uma pauta que interesse ao povo que eles queiram negociar.

O relator da PEC, que agora chama de dosimetria para discutirem as penas, o Paulinho, figura manjada da política brasileira, soltou uma: “Não há como aprovar o projeto do Lula de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$5.000,00 e dar alívio para quem ganha acima de R$7.300,00 enquanto não se discutir a tal PEC da dosimetria”. Quer dizer, o “cara” está condicionando uma pauta que só interessa a um grupinho da classe política que cometeu crime, enquanto milhões de brasileiros aguardam a oportunidade de ter um alívio no bolso.

É muito engraçada essa direita brasileira, não é, gente? É muito engraçada. E aí o Zema é dessa turma: aumenta o próprio salário, sapeca uso de aeronave para fazer suas pré-campanhas, porque essa é a verdade. Quando a gente fala que é “Zemagogo” – não é demagogo, não; é “Zemagogo” –, é porque isso é pura demagogia. O que ele disse lá atrás você esquece. Agora, vale o Zema da velha política, que se refestela nos benefícios do Estado.

Então era isso o que eu queria trazer para vocês. Eu precisava fazer esse registro. Eu queria registrar esse aumento inexplicável dos voos, que não é a bem do interesse público, mas a bem do próprio interesse, e a questão de ele criticar os supersalários, tendo em vista que aumentou o próprio salário. Esse é o Zema. Para quem não o conhece, está apresentado. Se você quiser continuar fingindo que não vê, tudo bem. Nós não temos nada a ver com isso, mas fica registrado.

Então, o que quero dizer é que nós queremos continuar uma luta que é importante para o povo brasileiro, que é a luta pela isenção do Imposto de Renda: Imposto de Renda zero para quem ganha até R$5.000,00. Professora, está me ouvindo? Enfermeira, servidores da segurança, servidores de várias áreas, pequenos empreendedores, vocês, que ganham até R$5.000,00, serão isentos; e vocês, que ganham pouco mais de R$7.000,00, até R$7.300,00, terão alívio, porque também vai haver redução da sua alíquota. Em contrapartida, para que vocês, que sempre pagaram, e pagam muito, possam ter benefício, para que sobre um dinheirinho para vocês cuidarem da família, da saúde, para se alimentarem melhor, temos que taxar os super-ricos, as grandes fortunas.

Este país é muito engraçado, gente: os muito ricos, neste país, não pagam imposto, não, vocês sabiam disso? Não pagam imposto, não. Se pagam, quando pagam, em média, a taxação fica em torno de 5% a 10%. Um trabalhador paga de 10% até 27,5%. Então é preciso fazer justiça tributária, tirar dos mais ricos para garantir recurso para a grande massa de trabalhadores que precisa, para que lhe reste um pouco de dinheiro. Essa é a pauta que interessa ao povo, essa é a anistia que interessa ao povo, não é isso? É anistiar o povo do Imposto de Renda, blindar o povo contra uma taxação absurda e covarde – viu, Willian, nosso ex-prefeito de Senhora dos Remédios? É isso que nós temos que fazer.

Outra coisa que interessa ao povo é discutir a jornada 6x1, porque já passou da hora de isso ser feito. No mundo moderno em que estamos vivendo, no mundo das tecnologias, é preciso sobrar tempo para as pessoas cuidarem de si, terem mais tempo para ficar em casa com a família, descansando, terem uma atividade, terem um lazer. Então está na hora de discutirmos o fim da jornada 6x1, porque ninguém aguenta mais. Várias empresas já testaram, vários países já têm feito isso, e os resultados são os melhores possíveis, até porque hoje todo mundo trabalha muito na lógica da produção menos jornada. Então outra pauta que interessa demais ao povo é a gente discutir o fim da jornada 6x1.

E há um monte de coisa que interessa ao povo. Eu vi que seis deputados de toda a Câmara Federal, de mais de 500, votaram contra o projeto do governo Mais Acesso a Especialistas, mais especialistas. A proposta do governo é contratar a rede privada, onde o SUS não tem credenciamento, não tem especialista para atender o povo. Ora, se eu tenho orçamento, se eu vou pagar o valor médio de tabela que pago normalmente a meu credenciado, qual é o problema? Aí seis deputados federais, inclusive um do Campo das Vertentes, de direita, seis bolsonaristas votaram contra, são contra o povo ter saúde. Eles têm um negócio desse – não é? –, ser contra tudo que é bom para o povo.

Você se lembra de que, na época da pandemia, a gente falava muito que o grande projeto deles para o enfrentamento da pandemia não era vacina, não era o distanciamento, não era a ciência, era a cloroquina. Cloroquina e ivermectina – os companheiros aqui de remédios conhecem muito bem. Sabe o que é ivermectina? Não ri, não, gente! É isso mesmo! Os meninos estão rindo lá. É isso mesmo, eles receitavam ivermectina para as pessoas tratarem a covid. O povo da direita! Aí, quando se começou a negociar a vacina, dizem que havia um lance de pedir US$1,00 por dose de vacina, de levar um cascalho enquanto o povo morria. Cerca de setecentas mil pessoas morreram. Vocês devem conhecer gente que faleceu durante a pandemia de covid, não conhecem? Conhecem – todo mundo, não é? – um amigo, um parente, um familiar, um conhecido. E o Brasil, dessa maneira, se tornou um dos países onde mais morreram pessoas pela covid. Por quê? Negligência, descaso, chacota. “É só uma gripezinha. É um resfriadinho! O que eu posso fazer? Eu não sou coveiro. Vá comprar vacina na casa da tua mãe.” Lembram? Pois é, a diferença entre um governo progressista e um governo de extrema-direita é essa.

O que nós temos na nossa biografia? Com muito orgulho, sabem quem fez a rede Samu? Nós, Partido dos Trabalhadores. Sabem quem fez o Farmácia Popular? Nós, Partido dos Trabalhadores. As UPAs também fomos nós; o Farmácia Popular também fomos nós; o Mais Médicos também fomos nós. Agora vem o Mais Acesso a Especialistas, com mais especialidades, e o projeto Mais Médicos Especialistas. Então temos compromisso com a saúde.

Eu ouvi um cara falar na internet que tinha que dividir o Brasil, porque há um deputado que andou falando que tinha que dividir o Brasil. Ele quer dividir o Brasil geograficamente; eu sou contra. Eu acho que tem que dividir o Brasil da seguinte maneira: se você é eleitor do Bolsonaro, você vai viver no Brasil do Bolsonaro e ficará com um grande programa para a saúde: tomar cloroquina e ivermectina. Nós vamos ficar com o Lula e com o PT, porque queremos Samu, Mais Médicos, Farmácia Popular, UPA e atenção básica e primária, não é isso? É, gente, as coisas são simples, cada um escolhe aquilo de que precisa.

Quanto à questão da educação, lembro que as universidades quase fecharam. Com o presidente Lula, Reuni, ProUni, Fies, institutos federais, mais vagas nas universidades, ampliação. Com eles, as universidades quase fecharam porque não estavam gostando de pagar custeio. Então eu queria demarcar as nossas diferenças porque, de tempos em tempos, nós temos que lembrar isso, viu?

Eu ia falar do discurso histórico do Lula na ONU, mas acho que não precisa, porque houve uma grande repercussão em relação ao discurso histórico do presidente Lula na ONU. Aquilo, sim, é uma fala de estadista respeitado. Todo mundo querendo cumprimentar o Lula, tirar foto e conversar com ele, não é mesmo? Já o outro, quando participava de evento internacional, tinha que comer pizza sozinho na rua, porque ninguém queria papo com ele, não é?

Eu queria falar sobre o desemprego, mas não sei se estão acompanhando. Menor taxa de desemprego da história do Brasil: 5.6%. Em agosto, a menor taxa de desemprego da história do Brasil. E o Lula agora também sancionou a lei que eleva para até 120 dias de licença-maternidade, após a alta hospitalar de mães e bebês. Enquanto isso, aqui no Estado, a gente luta, para que o governador possa ajudar um pouco a cuidar das mães atípicas dos autistas, para que nos ajude a cuidar das mulheres vítimas da violência. Mas a única coisa que o governador sabe fazer é vetar qualquer proposta nesse sentido. Já o presidente Lula dá um show. É o presidente Lula apresentando mais uma proposta. Enfim, as nossas ponderações são essas.

Só para finalizar, gostaria de dizer o seguinte: está todo mundo acompanhando a Operação Rejeito, uma grande operação da Polícia Federal: “Em novembro de 2024, Zema retirou a exigência de obrigatoriedade de pagamento de multas e sanções ambientais para dar prosseguimento de novos processos de licenciamento ambiental. Abriu brecha para licenciamento sem pagamento de multas ambientais. Esse decreto beneficiou empresas que hoje são investigadas e que mantiveram autorização para exploração, mesmo já tendo autuações, modificação articulada pelos presos pela Polícia Federal”. Romeu Zema, deixo anotado e registrado, porque essa investigação poderá trazer novidades. Obrigado, presidente.