DEPUTADO DUARTE BECHIR (PSD)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/09/2025
Página 16, Coluna 1
Indexação
61ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 25/9/2025
Palavras do deputado Duarte Bechir
O deputado Duarte Bechir – Muito obrigado, presidente. Presidente, cada um de nós chega a esta Casa vindo de uma cidade, de uma região e trazendo consigo a sua história. Em 1992, eu participo pela primeira vez da vida pública e me candidato a vereador na minha querida Campo Belo. Embora eu não seja filho de Campo Belo, tive o orgulho e o prazer de nascer tão próximo, em Cristais, uma cidade pequena. Mas como era a cidade-mãe, regional, recorríamos a Campo Belo para estudar, fazer faculdade, cuidar da saúde.
Em 1992, através daquela eleição, eu chego à Câmara Municipal de Campo Belo. Obtive 278 votos. Fui o terceiro do MDB – naquela época, do PMDB – e cheguei cheio de orgulho à câmara municipal, em 1993. Pelo fato de terem sido eleitos nove vereadores novatos contra seis com mandato anterior, resolvemos nos unir para poder escrever uma história juntos. Eram nove vereadores novatos. Dessas reuniões, surgiu o desejo de eleger um presidente que também pertencesse ao grupo de vereadores novatos.
Eu falo isso, presidente Tramonte, porque, conforme eu disse, cada um de nós traz consigo uma história de vida. Eu chego à câmara municipal, em 1993, na condição de presidente já no primeiro mandato. Foi muito desafiador. Havia o regimento interno, o comando da câmara, vereadores experientes na bancada. Nós tivemos que estudar o regimento interno, ler e reler a lei orgânica e nos preparar para aquele grande desafio, que seria dar à Câmara Municipal de Campo Belo uma condição de trabalho que representasse os anseios da nossa sociedade, que elegeu nove vereadores novatos, dentre quinze possíveis.
A sociedade já dava o recado de que queria mudança no parlamento, como também na prefeitura municipal. Na prefeitura, para completar essa história, foi eleito o superintendente do Banco do Brasil, o saudoso amigo – saudosa memória – Romeu Tarcisio Cambraia. O partido dele, montado de última hora, só elegeu um vereador. Nós, do MDB, elegemos quatro; a oposição, seis, totalizando os quinze. Então o prefeito também de primeiro mandato ainda não tinha vivência política e precisava que fizéssemos uma união em favor do município, para juntos alinharmos os objetivos, não trazendo conosco as divergências partidárias e políticas, mas levando, na nossa mente, no nosso coração, o desejo de bem servir à nossa cidade. Então criamos, na câmara, uma base de sustentação do prefeito à época a qual ele não tinha do seu lado, considerando o número de vereadores eleitos. E foi um trabalho muito bonito.
Eu começo essa história, presidente Tramonte – eu disse, no início, que cada um traz a sua história –, porque eu queria trazer a minha. Após ter sido vereador e presidente da câmara, fui prefeito de Campo Belo de 2001 a 2004. Fomos o grupo dos prefeitos do novo milênio. Administramos de 2001 a 2004 e também fizemos a nossa história no Executivo. Aonde eu quero chegar, você, que me vê em casa, e colegas da Casa? Eu quero dizer que, nesta semana, no domingo, a minha Campo Belo completará 146 anos de emancipação político-administrativa. Hoje, para mim, continuar aqui, na Assembleia, não somente representando a minha Campo Belo ou a minha querida terra Cristais, mas também representando os municípios que agregam o nosso mandato… Eu quero, de uma forma muito especial, abraçar a todos os campo-belenses, aqueles que tiveram a oportunidade de nascer nesse solo querido, respeitado e que por ela tenham trabalhado; aqueles que, assim como eu, vieram de outros municípios, mas que foram para lá para também trabalhar e fazer crescer essa terra tão abençoada.
Como vereador e prefeito, esses oito anos dedicados à vida pública na minha cidade, com toda a certeza, daqui da tribuna da Assembleia de Minas, relembrando os feitos de quando vereador e, claro, muito maiores, quando fui prefeito de 2001 a 2004… E as conquistas foram muitas. E cada um de nós, ao seu tempo, ao seu modo, cria a sua história. Hoje, minha querida Campo Belo, podendo comemorar os seus 146 anos, eu quero recordar os passos tão importantes que conseguimos naquela época. Primeiramente, eu me lembro de que, quando cheguei à disputa do pleito municipal, eu dizia que, em uma cidade do tamanho de Campo Belo, não somente em extensão territorial, mas principalmente pela quantidade de habitantes, era vergonhoso não haver um centro de tratamento intensivo, mesmo que fossem, pelo menos, um ou dois leitos para tratamento intensivo. Mas não existia nenhum. Naquela época, em 2001, as mamografias, que hoje temos aí espalhadas em muitos municípios através da saúde pública, seja estadual, seja municipal… Eu fui o prefeito que adquiriu o primeiro mamógrafo que viabilizou, que possibilitou a realização desse exame tão importante para as mulheres, o que foi uma grande conquista. Então, Sr. Presidente Mauro Tramonte, senhoras e senhores, ao lembrar que hoje Campo Belo tem 20 leitos de CTI, quero dizer que eu criei os primeiros 5 – eles foram criados na nossa gestão, na Santa Casa de Misericórdia São Vicente de Paulo de Campo Belo. Por isso, eu digo que cada um de nós, que vem da sua cidade, da sua região, chega a esta Casa com a sua história, com a sua experiência, com a sua dedicação, para somar esforços agora em favor do Estado e, claro, dos municípios que nós representamos.
É uma alegria hoje estar aqui comemorando o aniversário de Campo Belo, além da saúde. Nós implementamos o maior número de postos de atendimento – os PSFs foram conquistas da nossa época. O Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança.
A mãe, ao ter certeza de que estava grávida, já se dirigia ao Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança e lá recebia os primeiros cuidados, desde o início da sua gestação até o momento da chegada do seu filho. Depois, havia ainda o pediatra acompanhando a criança. Com isso, demos às mães a segurança de ter uma gestação de muita qualidade e muito respeito. Lembro-me de que o Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança levou o nome da parteira mais antiga do Bairro Alto das Mercês, um bairro muito grande de Campo Belo, D. Maria Salomé de Jesus. Ela foi uma parteira que escreveu história, uma história muito bonita. O centro de saúde, presidente, está lá, até hoje, funcionando com a responsabilidade de cuidar da mulher e da criança.
Há inúmeras outras conquistas. Viabilizamos o atendimento nos postos de saúde e fomos a administração que mais colocou à disposição do povo qualidade e quantidade de medicamentos. Eles foram distribuídos no nosso governo, e, naquela época, não havia farmácia pública de governo. O governo não tinha, como tem hoje, as farmácias públicas, em que os medicamentos são comprados pelo Estado e enviados para o município. Então, quando terminei meu mandato em 2004, chamavam-me de “o prefeito da saúde e da educação”. Não que não tenhamos história em obras públicas. Sim. Mas a vida da pessoa não pode estar ameaçada. A segurança da vida vai ao encontro da saúde que o seu povo tem. Uma pessoa adoecida não vai para o trabalho, não vai para a escola, então é preciso cuidar da saúde.
Então hoje, ao comemorar na Assembleia os 146 anos da minha querida Campo Belo, sinto, presidente, que, ao vir para cá e deixar essa história lá, ela continua mais viva do que nunca – muito mais viva –, porque, depois que aqui cheguei, em 2009, nossa história continuou. Em todos os anos – repito, em todos os anos – de mandatos aqui, nesta Casa, nunca deixei de enviar à Santa Casa de Misericórdia de Campo Belo sua verba por meio da nossa emenda. Neste ano, em um trabalho muito especial, com a Secretaria de Estado de Saúde, a Santa Casa tem disponibilizado uma atenção muito especial à questão de traumas, ou seja, ortopedia, sendo ela qualificada regionalmente para atender a todos os municípios. Ela falta com a responsabilidade de atender às cirurgias eletivas. Num desenho, num trabalho muito importante com a Secretaria de Estado, visualizamos a possibilidade, então, de oferecer mais 30 novos leitos a serem construídos na Santa Casa de Campo Belo, que vão viabilizar mais de duzentas cirurgias por mês. Estamos falando da oferta de quase duas mil e quinhentas cirurgias eletivas por ano, a partir de 2026.
O orgulho, presidente, de poder comemorar os 146 anos de Campo Belo, é por poder sentir uma frase dita pelo meu querido e saudoso amigo, o ex-prefeito Tarcisio Cambraia. Ele participou de uma determinada comemoração, em que se entregavam títulos de cidadão honorário, congratulou os homenageados e disse: “Mais importante do que nascer em Campo Belo, é Campo Belo nascer no coração da gente. É ter respeito, é ter dedicação, é ter comprometimento”. Hoje, ao comemorar aqui os 146 anos da querida Campo Belo, posso dizer que estamos no caminho certo. Trabalhei muito. Continuo trabalhando muito, mesmo quando vereador, de 1993 a 1996, e mesmo quando prefeito, de 2001 a 2004. Estou desde 2009 nesta Casa e tenho muito orgulho, no quinto mandato, de poder comemorar, com a minha querida Campo Belo, as inúmeras conquistas.
E, para não deixar que nenhum dos municípios que a gente atende, que a gente representa, pense que fica para trás em relação ao carinho e ao comprometimento que tenho com Campo Belo, destaco que represento no governo de Minas, aqui na Assembleia, as cidades onde trabalho. Eu quero, a cada tempo, a cada momento, relembrar a nossa história nos demais municípios – municípios que fazem parte da minha vida, do meu trabalho. Sr. Presidente, aos sábados e domingos, eu poderia estar em casa, mas estou sempre viajando. Estou muito mais na estrada e aqui na Assembleia do que dentro de casa.
Às terças, quartas e quintas-feiras, há expediente. Podem conferir a minha presença nos trabalhos. Na quinta, da tarde para a noite, já estou na estrada, com a proteção divina, viajando por todos os cantos de Minas Gerais. Há uma coisa, presidente, que gosto de enaltecer: eu dirijo o meu carro, embora haja condutores que viajam comigo. Gosto de dirigir. E Deus tem abençoado muito o nosso trabalho.
Para finalizar, presidente: ninguém nos tira o orgulho de representar a nossa cidade e de trabalhar por ela. Como deputado estadual, também com a mesma intensidade, tenho o orgulho de trabalhar pelos municípios que represento e por toda Minas Gerais. Embora em algumas votações a gente precise trazer a experiência do Executivo. Isso porque, quando se é vereador, o mais fácil é fazer indicação. Quando se é prefeito, o mais difícil é fazer obra, porque é preciso ter recurso. Mas aqui, na Assembleia, as emendas, que não são de agora, não são de um ano ou dois, mas de algum tempo atrás, de 2018 para cá, se tornaram impositivas, permitindo-nos levar mais recursos e representar melhor o nosso povo.
E eu dizia, em algumas votações, que é preciso termos postura, posição, porque não podemos discutir aumento de salário, vencimento e despesa, sem termos a coragem de discutir aumento de receita, uma vez que a conta não fecha. Temos que ter coragem de pedir recurso, mas também temos que ter coragem de discutir o crescimento da receita, senão a conta não fecha. E isso eu faço com muito orgulho. Nunca tive receio de agir dessa forma, defendendo os interesses de Minas, em vez de fazer uma política que não nos conduz ao êxito.
Presidente, agradeço por ter ficado um pouco mais para completar esta fala e, agora, para encerrar de verdade: Campo Belo tem um hino muito bonito. Ele começa assim, presidente: “Campo Belo, cidade montesa,/ que branquejas no altar de uma serra,/ numa eterna expressão de beleza,/ como igual não há outra na Terra:/ És a paz, o trabalho que ufana,/ do progresso no espírito novo”. Concedei em seus braços de gente serrana a nossa querida e amada Campo Belo! Parabéns, Campo Belo, pelos seus 146 anos de história. Tenho muito orgulho de ter participado ativamente e, ainda nos dias atuais, com muito carinho. Obrigado, presidente.
O presidente – Obrigado, deputado Bechir. Um abraço para a cidade maravilhosa de Campo Belo.