Pronunciamentos

DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)

Discurso

Comemora as manifestações contra a PEC 03/2021, a PEC da Blindagem, ocorridas em 21 de setembro. Contesta crítica de colega sobre suposta incoerência de artistas que participaram das manifestações contra a anistia de participantes dos atos de 8 de janeiro. Contesta crítica de colega sobre o discurso do presidente Lula na abertura do Debate Geral da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas - ONU -, em Nova York, e avalia como positiva a recepção do discurso do presidente pelos Estados Unidos, ressaltando que o Brasil manteve sua soberania frente ao país norteamericano.

59ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 23/9/2025

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Sr. Presidente, quero agradecer aos meus irmãos por terem colocado Gilberto Gil para eu ouvir, por terem me apresentado a música de Caetano, ainda criança, por terem me apresentado a música de Chico Buarque, de Djavan. Que orgulho eu tenho! Gratidão, meus irmãos. Nós viemos de uma família com poucos recursos, mas eu me lembro de, pegando os LPs e aquele antigo toca-fitas, colocar ali, na agulhazinha, para rodar e ouvir esses mestres maravilhosos. Obrigado, Gil e Chico, pela música eternizada: Cálice. Ninguém vai nos calar. Obrigado, Djavan. Quando ele chegou a São Paulo, alguém olhou para ele e falou assim: “Você está preso por ser negro”. Obrigado pela música que foi descoberta depois, porque não deixaram que fosse publicada: Negro. Obrigado, Djavan. Obrigado, Caetano, por É proibido proibir.

O povo brasileiro foi às ruas em todas as capitais deste país e em todos os estados deste país. Até no interior houve manifestações. E só houve manifestação porque vivemos num país democrático. Alguém falou aqui: “Por que os outros foram anistiados – o Lula e outros – no passado?”. Porque eles lutavam contra a ditadura, a favor da democracia. Anistia para quem defende a ditadura, para quem quer dar golpe: nem pensar. Nem pensar! E não passarão. A sociedade brasileira não deixa, não vai deixar. Parabéns mais uma vez. Que orgulho ver esses quatro senhores e tantos outros artistas por este país! Quero destacar esses quatro que enfrentaram a ditadura e agora defendem a democracia. Gratidão, mas gratidão também a cada um que foi às ruas. Vi crianças, adolescentes, jovens, homens e mulheres de todo o canto deste país. Parabéns.

Vejo o parlamentar subir aqui, Sr. Presidente, e dizer: “Aí há esses que aproveitaram… Aquele ex-presidente, não é? Para ganhar votos. Agora nós vamos falar isso e vamos denunciar um e um”. Agora é engraçado, não é? E o outro falou do que, segundo ele, foi um discurso desastroso do presidente. Não foi isso que todo o público presente naquela plenária da ONU e o mundo estão dizendo. Que discurso maravilhoso, meu presidente Lula! Que discurso fantástico. Em poucos segundos… Lá atrás, o Barack Obama dizia, Sr. Presidente: “O Lula é o cara”. Agora, o outro chegou e falou: “É um cara legal”. Ele complementou: é um cara legal. Olhem, um democrata dizia que ele era o cara. O republicano diz que ele é um cara legal. Dá até para fazer um L de legal, não é? É Lula e é legal. Que interessante, que interessante. Não sei no que vai dar essa conversa que o presidente norte-americano propôs. Não sei no que isso vai dar, mas isso já mostra que, em poucos segundos, quando se tem diplomacia, quando não se curva… Com certeza essas palavras do presidente Trump são porque o Lula não se curvou e falou de soberania o tempo inteiro – o tempo inteiro!

Esta semana, Sr. Presidente, começou muito boa. No primeiro dia da semana, no domingo, o povo brasileiro vai às ruas dizendo não à PEC da Blindagem – PEC da Bandidagem, como está sendo conhecida –, dizendo não a essa PEC, dizendo não à anistia para golpistas. Agora já a estão chamando de PEC da Dosimetria. Aliás, por falar nisso, Sr. Presidente, o nosso governador parece ter uma noção de dosimetria interessante, não é? Escutei uma fala dele, uma reportagem numa chamada no jornal, em que ele fala que perdoar 99% desses crimes já é uma dosimetria. Olhem, ele entende de dosimetria, não é? Pelo jeito, o nosso governador entende muito bem o que é dosimetria. Não se deve perdoar é nada! Golpista tem que ir para a cadeia. Quem atenta contra a democracia tem que ir para a cadeia! É isso que nós temos que pensar. Essa é a diferença. Para quem perguntou aqui sobre a diferença: é essa a diferença. Lá atrás, nós tínhamos Lula, Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan, Caetano e tantos outros lutando pela democracia. Essa é a diferença, é simples. E agora nós temos golpistas atacando a democracia e tentando um golpe. Pois bem, esse foi o primeiro dia da semana. No segundo dia, Sr. Presidente, o Brasil amanheceu com muita esperança de ver tudo isso, de ver esse avanço manifestado pela nossa população; em muitas cidades, coordenada pelos artistas, por esses que fazem cultura, os quais a extrema-direita tenta atacar o tempo inteiro. Se não pensam como eles, eles atacam. É assim que eles pensam.

Ontem, o nosso presidente Lula inicia a sua jornada nos Estados Unidos e, hoje, faz esse discurso fantástico, discurso que vai ficar… Aliás, como todos os discursos do presidente Lula na ONU. O presidente Lula vinha avisando que não havia reunião marcada, mas se ele encontrasse o presidente norte-americano por ali, ele iria tratá-lo muito bem, ia cumprimentá-lo. Bastaram 39 segundos para o presidente norte-americano reconhecer que o Lula é legal. O interessante, Sr. Presidente, é que ele fala assim: “Eu gostei dele, eu gostei dele”. Ou seja, ele não mudou a opinião sobre o Lula. Ele, naquele momento, Sr. Presidente, formou a opinião sobre o Lula. Ele estava totalmente desinformado, ouvindo o filho do ex-presidente e ouvindo o neto de outro ex-presidente da época da ditadura – neto ou bisneto, me parece. Ou seja, quando a pessoa fala: “Eu gostei de tal pessoa” é porque ali está iniciando o seu conhecimento. Provavelmente, ele ouviu o discurso do presidente Lula e viu que o presidente Lula não arregou, viu que o presidente Lula não se curvou. Na casa deles, viu que o presidente não se curvou.

É muito importante, Sr. Presidente, que nós tenhamos um presidente que quer seja aqui, quer seja nos Estados Unidos, quer seja na Europa… Isso é defender a soberania, isso é defender o seu país, mesmo sabendo que, logo após, quem faria o discurso era o presidente Trump. Ele não teve medo, ele não se curvou. Ele falou: “Vou falar o que eu penso, vou defender o meu país”. Talvez o Trump tenha escutado e falou: “Olha, realmente, o Barack Obama é democrata”. Não é do partido do Trump, mas o Trump deve ter pensado: “O Barack Obama tem razão. O Lula é o cara; o cara é o Lula”. E ele precisava complementar esta frase: “O Lula é um cara legal, e eu gostei dele”.

Sr. Presidente, eu espero muito que essa diplomacia do nosso presidente, que parece que foi bem aceita pelo presidente norte-americano… Eu não sei o que, agora, a extrema-direita está pensando. Será que agora eles vão atacar o Trump? Será que vão agora dizer: “Que absurdo! Não, esse aí…” Será que vão dizer isso? Será, meu amigo Sandro? Por onde você anda, Sandro? De vez em quando, eu escuto as risadas do Sandro. Será que agora eles vão atacar esse presidente que era o preferido deles? O presidente preferido deles não era nem o ex-presidente deles era o presidente norte-americano.

Os Estados Unidos são tão preferidos, é tão preferido o país deles que, em uma manifestação, eles levaram uma bandeira norte-americana imensa. Aliás, essa imagem… Basta essa imagem, colegas deputados e deputadas, povo mineiro, basta essa imagem na manifestação feita pela extrema-direita, que defendia esse processo de anistia. Nessa manifestação, eles levam uma imensa bandeira norte-americana. Refiro-me à manifestação daqueles que eles dizem que não são patriotas. Levam uma imensa bandeira brasileira. As imagens dizem por si só. As imagens dizem por si só, Sr. Presidente. Basta olhar a manifestação e ver os símbolos que uns levam. Na manifestação em que defendem a democracia; na manifestação em que falam contra a PEC, falam da bandidagem, levam a bandeira brasileira. Viva o Brasil, viva a nossa soberania, viva o nosso povo! E que sirva de exemplo, para que ninguém, nunca mais na história, atente-se contra a nossa democracia. Muito obrigado, Sr. Presidente.