Pronunciamentos

DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)

Discurso

Presta homenagem à deputada Leninha por sua posse como presidenta do Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais – PT-MG. Destaca o Grito dos Excluídos e Excluídas, em defesa dos pobres. Manifesta solidariedade ao povo palestino e à Flotilha da Liberdade, atacada por drone ao levar suprimentos para os palestinos. Defende boicote do Brasil a Israel. Critica o governador Romeu Zema pela crise nos presídios e pelo abandono da segurança pública. Manifesta solidariedade ao povo venezuelano e alerta que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria articulando novas tentativas de explorar o petróleo do país. Critica manifestações pró-Estados Unidos no 7 de setembro por apoiadores de Trump. Manifesta apoio à democracia e ao julgamento dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

56ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 9/9/2025

Palavras do deputado Leleco Pimentel

O deputado Leleco Pimentel Primeiro, antes de mais nada, parabéns à deputada Leninha, que preside esta reunião, pela posse como presidenta do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras de Minas Gerais. Foi neste final de semana que tivemos a alegria de, junto com todas as forças do partido, celebrar o reconhecimento agora confirmado na sua posse. Portanto também teremos a alegria de contar com a sua liderança na condução dessa ferramenta de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras. Deputada Leninha, não é questão de orgulho, porque isso é para os narcisistas; é questão de justiça, de serviço, de ser o que é. Por isso Leninha é a presidenta do PT de Minas Gerais.

O presidente do PT Nacional e ex-prefeito de Araraquara, Edinho, também esteve aqui e foi acolhido na Assembleia Legislativa pelos deputados do Bloco Democracia e Luta, bem como pelo presidente Tadeu, e a imprensa de Minas Gerais soube bem reverberar esse momento. Faço questão de registrar isso para essa guerreira, a companheira Leninha, nesta primeira mensagem que transmito deste Plenário, hoje.

Quero também fazer repercutir a importância do 31º Grito dos Excluídos e Excluídas, que aconteceu em todo o Brasil, e não ficamos pregando ódio à bandeira dos Estados Unidos. Digo isso porque, infelizmente, houve um povo terraplanista aí que se confundiu: achou que era pegar a bandeira dos Estados Unidos e ficar de joelhos. Cuidado! Quem se abaixa demais acaba mostrando o que não deve.

Acho que deveria haver uma investigação para investigar quem, no dia 7 de setembro… Lembrando que, há 203 anos, em 1822, deputados, o Brasil iniciava um processo chamado Dia da Independência, justamente para que não mais fosse colônia nem tivesse que responder aos auspícios dos colonizadores ou daqueles que hoje insistem em achar que somos terceiro mundo, que podem dar as ordens e que nós devemos acatá-las. O Grito dos Excluídos e Excluídas reverberou ainda mais uma grande denúncia mundial: o tema das migrações.

Quero lembrar que todo ser humano é, por natureza, migrante. Não fosse o domínio da agricultura, há cerca de 12 mil anos, todos nós ainda estaríamos vagando pelo território à procura de água e alimento. Foi o domínio da agricultura que permitiu à humanidade se radicar. Portanto, quando vejo alguém declarar ódio à população em situação de rua ou ao migrante, lembro até dos peregrinos, daqueles que buscam, não só com a sua vida, mas com a sua atitude vocacional, peregrinar levando palavras de conforto. Assim fez o Profeta Gentileza, nas décadas de 1970 e 1980, inclusive em Minas Gerais, em Ouro Preto, e também pelos viadutos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Infelizmente, apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, como bem denunciou a música de Marisa Monte. Os migrantes se somam ao Grito dos Excluídos e Excluídas, que, neste domingo, fizeram novamente presença, nas ruas do Brasil, pedindo pelos mais pobres, contrários àqueles que estavam de camisa verde e amarela, que, não sei para que, estavam ali beijando a bandeira dos Estados Unidos. Beira a sandice essas imagens que nós recebemos no último domingo, 7 de setembro.

Parabenizando a Leninha, nós também trazemos aqui a preocupação do mundo com o povo palestino. Quero, exatamente, dizer da nossa solidariedade ao povo palestino e à Flotilha da Liberdade, atacada ontem por um drone quando levava alimento, água e medicamento para o socorro do povo palestino, que está sendo assassinado pelo Estado de Israel, esse mesmo Estado do qual também tinha bandeira junto com os Estados Unidos ontem, aliás, domingo, 7 de setembro, pelas ruas.

Desde 2007, um bloqueio militar de Israel restringiu a chegada de alimentos, medicamentos e outros insumos necessários à vida em Gaza. Em 2010, foi lançada a primeira Flotilha da Liberdade, que buscava romper o cerco. A marinha israelense interceptou o barco a 52km, em águas internacionais, assassinou nove ativistas e deixou outros feridos, que depois foram presos e deportados. Com a escalada genocida contra o povo palestino, desde outubro de 2023, têm se intensificado as doenças, a fome. E se somam à violência dos massacres cotidianos que estamos vendo televisionados mais de 70 mil palestinos sendo assassinados, inclusive em hospitais, crianças. Por isso, com a articulação dos ativistas, em várias partes do mundo, surge a coalizão da Flotilha da Liberdade. É por esta razão que, em junho de 2025, partiu o Madleen, carregado com fórmula infantil, farinha, arroz, fraldas, kits médicos e muletas. Você que está me ouvindo – eu disse medicamento e alimento –, nós podemos concordar que não queremos guerra. Mas assistir um Estado genocida comandado por Netanyahu e mantido pelo presidente Trump é inadmissível que o povo brasileiro se cale diante deste genocídio e daqueles que estão levando bandeira dos Estados Unidos e de Israel, num momento em que nós assistimos ao genocídio do povo palestino. Não dá para aceitar gente subir aqui para fingir, para fingir, com desumanidade, que isso é natural. Por isso nem uma gota de petróleo para o genocídio. E olha que eu estou falando que o Brasil chegou a ser o quinto maior fornecedor de combustível e responsável por 9% das importações de petróleo para Israel, segundo relatoria da ONU. Esse combustível abastecia veículos militares e aviões utilizados nos tanques contra hospitais, escolas e áreas residenciais no território palestino.

Em 2025, essa exportação direta para Israel foi interrompida. Eu quero repetir: aqui, no Brasil, tem um presidente sensível, que foi uma voz quase sozinha. O presidente Lula denunciou, deputado Betão, assim como V. Exa. faz, o genocídio. O papa Francisco, há poucos meses, também fazia essa denúncia em escala mundial. Por isso, em 2025, o Brasil rompeu com essa exportação de petróleo, que, na verdade, abastecia Israel contra o povo palestino, inclusive para atacar hospitais e crianças. Por isso nem uma gota de petróleo brasileiro para Israel. Quero repercutir: cobramos uma posição firme. E aqui, em Minas Gerais, o Sindipetro também tem se somado a essa luta. O Sindipetro denunciou: “Nós não podemos colocar combustível em caminhão, em ambulância ou em qualquer navio que esteja sendo utilizado para matar o povo palestino”. “Café sem genocídio. O Comitê Mineiro de Solidariedade ao Povo Palestino convoca a população de Belo Horizonte, de Minas Gerais e do Brasil a refletir e participar da campanha ‘Boicote aos produtos de empresas israelenses’.” É claro, nenhuma relação comercial do Brasil com Israel, e é assim que a gente precisa seguir no mundo. Para cada R$10,00 gastos com café – eu não vou aqui fazer propaganda –, R$5,00 vão para o Strauss Group financiar o genocídio do povo palestino. A cada R$3,00 desse café assassino Três Corações – volto a dizer –, R$5,00 vão para um grupo que financia o genocídio do povo palestino. Por essa razão, boicote seus produtos. Parar de consumir os produtos da marca Três Corações interfere diretamente no financiamento do genocídio em Gaza.

Nós trazemos essas reflexões ao Plenário para que possamos ir além da solidariedade das frases de efeito, porque o que nós assistimos é o financiamento do capitalEsteve lá o estafe, que deveria estar em Minas cuidando da segurança pública. Infelizmente, na madrugada de ontem, houve mais uma morte no presídio de Ponte Nova, somando-se a um dos meses em que mais se matou e se permitiu matar as pessoas nos presídios em Minas Gerais. Por essa razão, é preciso denunciar que é uma política do governo Zema abandonar os presídios, colocar os presos nas mãos de facção para serem assassinados, não cuidar da segurança pública, inclusive deixando que as viaturas tenham que ser abastecidas pelas prefeituras, enquanto milhões são gastos para manter um grupo enorme de gente em Israel durante vários e vários dias. Digo isso porque até agora nós não sabemos quem está financiando essa ida do staff da segurança pública de Minas Gerais para o Estado de Israel, onde o prefeito de Belo Horizonte e outros prefeitos brasileiros passaram vergonha, tendo que ficar escondidos em bunker, porque ali a ameaça de guerra é constante.

E nós temos que dizer também, aqui do Plenário, que temos solidariedade com o povo venezuelano. Também importa dizer que o governo da Venezuela precisa, sim, se preparar para enfrentar esse Trump que está preparando a camarilha, que está preparando o bote na tentativa de tirar o petróleo do povo venezuelano, como sempre faz com todos os estados onde quer roubar. Os Estados Unidos, comandados por Trump, são verdadeiros ladrões colonialistas, canalhas que continuam a tirar a riqueza do povo mais sofrido, fazendo embargos comerciais para manterem o seu império e as suas empresas. Portanto, subir aqui para defender Trump e Estados Unidos é, no mínimo, ser completamente ignorante em relação à história do seu povo.

Ainda na Semana da Pátria, resta dizer que o povo brasileiro assiste pela televisão, neste momento, aos votos do ministro Alexandre de Moraes, tão contestado. Que bom, porque contestar, em um país democrático, faz parte; não concordar, em um país democrático, faz parte. Inclusive, foi muito bom ver essa turma de verde e amarelo levantando bandeiras dos Estados Unidos. É uma contradição dizer que aqui não há democracia se eles fizeram essa besteira no domingo, carregando a bandeira de outro país, que hoje demonstra vilipêndio pela nossa soberania. Por essa razão, o Brasil, nesta semana, vai conhecer o resultado do julgamento daqueles e daquelas que incentivaram o assassinato do presidente da República, do vice-presidente Alckmin e do próprio Alexandre de Moraes.

É por esta razão que a gente luta tanto pela democracia, porque não se negocia a soberania de um país para a soltura de um criminoso, não se negocia a soberania de um país para que os mais ricos continuem mais ricos, e os mais pobres sem o que comer. Por isso, claro que dirão, parafraseando D. Hélder Câmara, que é comunismo, que é antidemocracia. Mas sabem o que é isso? É o nosso país sendo mantido de pé por estruturas que não se curvaram à hipocrisia, nem muito menos àquilo que é o bolsonarismo, e que hoje vai demarcando um território sangrento, hostil. Mas o julgamento está perto de terminar. E é assim que a gente vai ver o julgamento, a condenação e a dosimetria a quem, na verdade, devia estar na cadeia desde o primeiro dia, e que, por covardia, deixou centenas serem presos no seu lugar. Obrigado, presidenta. Boa tarde a todos.