SR. LUCIANO FERREIRA VARELLA, presidente do Conselho Fiscal da Fundação Cristiano Varella
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/08/2025
Página 6, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 6992 de 2024
24ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 25/8/2025
Palavras do Sr. Luciano Ferreira Varella
Exmo. Sr. Deputado Grego da Fundação, autor do requerimento que deu origem a esta homenagem, nesse ato representando o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, deputado Tadeu Leite, o nosso muito obrigado por este momento. Meu pai Lael Vieira Varella, fundador e presidente do Conselho Honorário da Fundação Cristiano Varella; meu irmão e deputado federal Misael Varella e meu irmão Lael Vieira Varella Filho; Exmo. Sr. Deputado Cassio Soares; Exmo. Sr. Subsecretário de Acesso a Serviços de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Renan Guimarães, representando o nosso secretário de Estado de Saúde, Fábio; Exmo. Sr. Procurador-Geral de Justiça Adjunto Institucional, Hugo Barros de Moura Lima; Exmo. Sr. Secretário da Câmara Municipal de Caparaó, vereador Leonardo Ferreira; Sra. Larissa, representando o nosso vice-governador Mateus Simões; Pedro e Eduardo, da Faminas; nossos colaboradores da Fundação Cristiano Varella, que estão aqui presentes; Sérgio Henriques, nosso diretor, representando os presentes e também os ausentes; aluno Guilherme e outros; senhoras e senhores.
Em 3/10/1994, um jovem perde a vida em um acidente de carro. Como o pai dele, somos milhares de pais que perderam os seus filhos. Naquele momento, o sentido da vida abriu no seu peito uma cicatriz para a qual não há reparo. Com isso, vieram depressão profunda e tristeza, tudo aquilo que somente os pais experimentam após uma perda, uma grande perda. Somos milhares de pais que perderam seus filhos. Não importa se por acidente ou por doença. Lembro que o meu pai me disse que, quando foi ao psiquiatra, o psiquiatra disse que o curaria da depressão. Mas aquela dor profunda, a saudade, a cicatriz que se abriu não tem cura.
No dia 4/9/1995, nasce a Fundação Cristiano Varella, com o objetivo de dar um novo sentido a um pai, um pai que perdeu o filho. Mas esse novo projeto ainda não tinha planejamento. Tudo ainda estava acontecendo muito rápido. A ideia, a princípio, era uma clínica, uma pequena unidade hospitalar. Eu lembro que tinha aquele projetinho, ainda umas plantinhas, que eram feitas a lápis. Aos poucos, foi florescendo, amadurecendo um hospital mais robusto. Porém em que área? Um amigo do meu pai disse que o Brasil e o Estado de Minas Gerais precisavam de um hospital para tratamento de câncer. Então o projeto passou a ter uma finalidade. Os desafios eram e continuam sendo grandes. Porém, a cada momento, um novo episódio, com barreiras contraditórias, aparece. As dificuldades são muitas. Imaginem só: um homem perdeu um filho num acidente automobilístico, montou um hospital e não entendia nada de gestão hospitalar – nada. Empresário que entendia de caminhão, que foi caminhoneiro. Acho que todos conhecem o laço e a origem do meu pai. Além disso, ele não tinha nem o ensino fundamental completo.
Após tudo isso, Minas Gerais tem um hospital de câncer entre os 20 melhores hospitais mais bem equipados da América Latina – eu preciso ler, porque está inclusive complicado falar –, conforme a Global Health Intelligence, referenciada pelo Hospital Rank, dado extraído do HospiScope. Está entre os 20 mais bem equipados. Todavia as instalações físicas não estão sozinhas. Embora contenham algum mérito exclusivo, a humanização – a humanização, João – é o que dá sentido a essa instituição, ao tratamento do paciente, à vida, ao homem. Nessa direção, trabalhamos nas imperfeições do homem. A dimensão, o acolhimento, a solidariedade e o amor. É o homem que faz a diferença. Temos um NPS de 97% de satisfação, porém estamos trabalhando pelos outros 3%. Possuímos ONA 3, que mostra que o nosso trabalho é profissional e respeita os processos e os procedimentos. Acima de tudo, com tudo isso, buscamos a satisfação, de forma incansável, dos nossos pacientes, que são a razão da nossa existência e do nosso legado. A fundação tem as melhores pessoas e profissionais, que se dedicam por inteiro ao trabalho de salvar vidas. Neste momento estão presentes algumas dessas pessoas, e há outras lá em Muriaé. A todos vocês, que formam esse conjunto de trabalho, que se dedicam de coração, sem tempo e sem hora, o nosso muito obrigado.
Nossa missão é combater o câncer, valorizando a vida. Nessa direção, 85% do nosso atendimento se dá pelo SUS – 85%, e não 60%. Desses 85%, temos uma receita hospitalar de 50% de convênio e 50% do SUS. Temos um grande desafio, pois, como já é de conhecimento de todos, o SUS é extremamente deficitário. Por isso clamo a vocês, deputados federais e estaduais e autoridades que estão presentes e que nos ouvem, que promovam verdadeiramente uma saúde pública com dignidade. Diferentemente da maioria dos hospitais que hoje compõem o nosso Brasil, sabemos o que significam saúde e hospital público. Precisamos colocar em prática a vida de nossos brasileiros e mineiros em primeiro lugar – a vida em primeiro lugar! Vamos somar forças! Vamos somar forças! Não importa se você é de direita, esquerda ou centro e se tem alguma ideologia política, pois a nossa causa converge com a vida.
Como é difícil trabalhar para o Sistema Único de Saúde! Há burocracia e dificuldades. Vou dar um exemplo: a fundação utiliza verbas públicas. Quando chega uma verba, se a fundação negocia e compra bem um equipamento, é obrigada a devolver o restante, o que desmotiva quem faz um bom trabalho. O câncer aumenta. O número de casos tem aumentado. O Inca diz isso. O Brasil está em todos os estudos – em todos os estudos. Além disso, a LDO não só não permite que se aproveite esses recursos de sobra, mas também não permite que se utilize verba para ampliar e construir novos hospitais de câncer. Aqui me refiro à burocracia, às dificuldades e aos empecilhos. Por isso precisamos unir forças. A burocracia não pode ser maior do que a vida. Nós sabemos que a receita do SUS também não compra hospital nem faz ampliar um hospital; mal dá para manter um hospital, e não consegue. Imaginem que, além de buscar recurso, a lei não permite fazer esse trabalho. E o número de câncer vai, automaticamente, aumentando e, daqui uns anos, é fácil imaginar que não haverá vagas para todos. Não se constrói um hospital de um dia para o outro, não se faz uma obra social de uma hora para outra.
Nossos valores, valores da Fundação Cristiano Varella: respeito, disciplina, compromisso, transparência, sustentabilidade. A expressão desses valores só tem sentido quando os transforma em gestos concretos. Gestos concretos! Nesse mundo, onde o homem se distancia do criador, nós precisamos resgatar os verdadeiros valores da vida, que são: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Na fundação, temos a concepção do tratamento igualitário, ou seja, o pobre tem acesso igual ao rico.
Nessa direção, damos mais um exemplo: temos a robótica, adquirida em dezembro do ano passado. Em Minas Gerais, há nove aparelhos de robótica; seis, em Belo Horizonte; um, em Muriaé; um, em Montes Claros; outro, em Juiz de Fora. Somente a fundação faz o trabalho de atendimento social do SUS, gratuito, no Estado de Minas Gerais, um dos poucos do Brasil. Fizemos 100 cirurgias. Foram 50 convênios e 50 SUS. Não é só essa gratuidade da robótica. Há exames gratuitos, internações gratuitas, casa de apoio, entre outros, porque a saúde pública precisa ser tratada com respeito, dignidade e serviço ao próximo.
A nossa maior motivação é a satisfação do nosso usuário. Por isso, todo o nosso trabalho é voltado para ele. Todos os nossos serviços são próprios. Essa caminhada não seria possível sem o envolvimento das comunidades, sociedades e com a participação dos nossos voluntários e dos nossos doadores. Quero agradecer expressamente ao nosso voluntariado, aos nossos doadores, aos jovens presentes e aos pais que estão aqui: o nosso muito obrigado pela confiança e por tudo aquilo que depositam na gente.
Como foi possível nascer uma fundação como essa e servir tantas pessoas? Eu tão tenho dúvidas de que Deus usa pessoas não preparadas para tornar o impossível possível. Também, nessa história de superação, ele deixa mais alguns recados e lições de vida: que a morte aqui não é o fim; que, para sobreviver, precisamos de mudança, muito esforço e superação; que as barreiras ou cruzes servem para avaliar quanto somos determinados e para apurar os atos de bondade ou fragilidade; que viemos, meus irmãos e minhas irmãs, para servir e não sermos servidos. O próprio Deus, que se fez homem, Jesus Cristo, disse isto: que ele é o caminho, a verdade e a vida. E que Deus continue nos abençoando nessa peregrinação terrena, combatendo o câncer e valorizando a vida. Obrigado.