50ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 19/8/2025

Palavras do deputado Cristiano Silveira

O deputado Cristiano Silveira – Sr. Presidente, colegas parlamentares, público que nos acompanha. Presidente, tenho algumas coisas que quero repercutir aqui, na tribuna, na nossa reunião no dia de hoje. Quero falar sobre o lançamento fracassado da pré-candidatura de Romeu Zema à presidência da República. Na verdade, estão dizendo que ele é candidato ao posto próximo ao Padre Kelmon, na eleição do ano que vem. O negócio foi tão badalado, tão concorrido, que acho que não havia 200 pessoas acompanhando on-line o que estava acontecendo nesse evento. É claro que aquelas figuras, e a deputada Bella falou isto, lá estiveram pelos interesses que nós sabemos – uma candidatura que está a serviço do deus mercado: orçamento para os ricos e nada para os pobres, como ele tem feito em Minas Gerais. É aquilo que a gente tem repetido: o que não é bom para Minas não há como ser bom para o Brasil.

Olha que estava tão concorrido, deputado Betão… Nós temos, na Casa, 77 deputados e deputadas estaduais. Sabe quantos foram prestigiar o Zema? Dez – metade do número de deputados que assinaram uma carta dizendo para o Brasil: “Isso é furada. Vocês não embarquem nessa, não, porque em Minas o trem está ruim demais”. Nós, do Bloco Democracia e Luta, assinamos um documento, uma carta ao povo brasileiro, para denunciar e mostrar para o povo quem é Romeu Zema – fomos 20 parlamentares; no lançamento dele acho que havia 10, metade. Para você ver como ele está prestigiado, não é? Aí, falam: “Não, mas o governador está bem avaliado em Minas Gerais”. Gente, o último governador bem avaliado em Minas Gerais tomou um sarrafo da Dilma, lembram? A Dilma “deu um couro” no Aécio Neves em Minas Gerais quando ele disputou a presidência da República.

Não é assim não, minha gente, calma lá. E nós vamos fazer questão de contar para o povo o que foi esse governo Zema. Nós vamos falar do aumento do próprio salário em 300%; dos benefícios fiscais bilionários – há grana para os ricos, mas, para o pobre e para o servidor, não há; do sucateamento do serviço público; da incompetência por não ter terminado nenhum hospital regional; da situação caótica em que se encontram as nossas estradas; da situação da segurança – viaturas da Polícia Civil tinham que revezar o abastecimento, dia sim, dia não; e por aí vai. Vamos falar da situação caótica nos presídios, com violação de direitos humanos, com fuga de preso, com morte de preso. Situação – pelo amor de Deus – calamitosa. Eu queria falar que, como esperado, o lançamento do Zema parecia o foguete do Elon Musk, dando ré para poder pousar. Esse é um dos assuntos que eu queria trazer.

A outra coisa é: eu queria responder a um colega parlamentar da extrema-direita que me antecedeu nesta tribuna. Ele fez uma comparação: “Olha, se houver a estrela do PT e uma suástica nazista, não vou ver distinção entre uma coisa e outra”. Falo da disfunção cognitiva da direita, e isso não é brincadeira, não. Cara, eles não têm noção nenhuma da realidade. Parece que estão naqueles filmes como Multiverso da Loucura, filmes que falam de metaverso, em que se vive em outra realidade. É isso o que esses caras são. Olhem só: ele quis fazer uma comparação da estrela do PT com a suástica nazista. Mas olhem o que o deputado da direita ignora – e, se ele quiser vir explicar o que vou dizer, eu dou aparte para ele. Prestem atenção. Colega deputado, se o senhor quiser voltar e me pedir um aparte para explicar o que vou dizer sobre quando o senhor fez uma comparação da estrela do PT com o nazismo, eu lhe darei com muito prazer, muita satisfação.

Explique para nós, vamos lá. (– Lê:) “Fora da agenda, Bolsonaro se reúne com deputada de extrema-direita alemã. Bolsonaro se reúne com deputada de extrema-direita alemã neta de ex-ministro de Hitler”. Opa: não foi ninguém do Partido dos Trabalhadores, não. Não foi o presidente Lula, não. Quem se reuniu – está na matéria do Globo – com a extrema-direita alemã, que tem, inclusive, neta de ex-ministro do Hitler? Quem? Jair Bolsonaro.

Vamos lá? (– Lê:) “Jair Bolsonaro enviou uma carta a neonazistas brasileiros, em 2004, em que dizia: 'Vocês são a razão da existência do meu mandato como deputado federal'”. Quem? Jair Bolsonaro. E ele não é do PT, não, deputado. Jair Bolsonaro, que mandou carta para neonazistas brasileiros, não é do PT, não, deputado. Se isso é importante para o senhor, peça a desfiliação de seu partido e, a partir de agora, diga que não apoia mais o Bolsonaro, já que a questão do nazismo e do neonazismo é grave para o senhor.

Vamos lá, vamos continuar. Gente, mas esse… Nossa Senhora, eu fico abismado. (– Lê:) “O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República e amigo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, fez um gesto nazista durante uma sessão no Senado”. Lembra? Aqui, ó. (– Gesticula.) White power. Assessor de quem? Bolsonaro.

Há mais? Há mais, mais uma para vocês. (– Lê.) “O ex-secretário de Cultura de Jair Bolsonaro Roberto Alvim reproduziu trechos do discurso do ministro de Propaganda da Alemanha nazista Joseph Goebbels, além de fazer imitação do cenário”. Quem? Quem? Ex-secretário de Cultura de Jair Bolsonaro.

Olhem o tanto de fatos que citei para vocês da relação do Bolsonaro, do bolsonarismo e da extrema-direita com os nazistas e neonazistas. Nenhum desses fatos foi atribuído ao Partido dos Trabalhadores, nenhum foi atribuído ao Lula, nenhum foi atribuído às nossas lideranças, que, muito pelo contrário, são quem combate e enfrenta os nazistas e neonazistas. Mas Bolsonaro, ministros de Bolsonaro, assessores de Bolsonaro, todos têm gestos, eventos, posturas, discursos alinhados aos neonazistas.

Eu queria dar a palavra ao deputado da extrema-direita que subiu a esta tribuna fazendo aquela analogia e acusação. Que ele corra aqui. Eu sei que está nos ouvindo. Ele sempre está por aqui. Na hora em que fala bobagens, e a gente sobe aqui, ele some, todo mundo some. Pode correr aqui que a gente vai ter o maior prazer em conceder alguns minutos para poder se retratar e se explicar. Então não! Quem tem aliança com os neonazistas são os bolsonaristas da extrema-direita. Isso fica aqui registrado.

O que mais quero falar para vocês? Olha, o Zema falou, no lançamento da sua candidatura, que para varrer o PT da política… Todos aqueles que, na história política do Brasil, fizeram discursos para exterminar o PT, acabar com o PT e varrer o PT foram varridos pelo PT. Todos, todos, todos que declaravam: “É o fim do PT. O PT acabou!”. É ou não é, Betão? Todos foram derrotados pelo PT e varridos da política. Todos. O Zema agora já entrou na fila, já pegou a sua senha e já está na fila para ser o próximo a ser varrido da política. Não vai sobrar nada para ele.

Por falar em Zema, quero citar uma coisa feia que o governador fez: a usurpação do direito autoral de Renato Russo. Foi algo tão vergonhoso que o próprio filho do Renato Russo, segundo sites de notícia e de reportagem, acionou a Justiça para questionar a utilização de uma música do Legião Urbana, do Renato Russo, num desses eventos do Romeu Zema. É uma música que faz exatamente uma contestação, um discurso contra as elites brasileiras: “Que País é este? Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da Nação”. O cara que representa a elite, o cara que representa a casta financeira e econômica desse país usar uma música que foi composta e utilizada em protesto justamente contra as elites, sem autorização da família? Utilizar uma música sem o devido consentimento? Olha que coisa feia, que absurdo! É uma usurpação. A direita gosta disso, ou seja, de usurpar tudo aquilo que é dos outros. O pior ainda é que foi inspirada numa linha de pensamento progressista, diferente das coisas que defende. Então deixo aqui registrada também essa situação.

Eu estou gostando de ver essa briga na extrema-direita e na direita. É bom ver essa briga, ver o seguinte: o “Carluxo”, filho do Bolsonaro, imediatamente após o evento de lançamento do Zema, fez uma publicação nas redes sociais chamando os governadores que são presidenciáveis de ratos. Esses ratos… Acho que foi mais especificamente para o Zema. O filho do Bolsonaro publicou, e foi repercutido pelo outro filho que eles são ratos oportunistas.

O Bolsonaro agora já está na UTI política e em vias de falecimento político, porque é inelegível e não poderá concorrer – isso não será revertido, não será revertido. Já estão ali a “rataiada” e a “urubuzada” política toda no entorno, para ver quem fica com o espólio. Ninguém quer de fato fazer a defesa do Bolsonaro, porque sabe que ele é indefensável. Vai defender as doideiras do Bolsonaro, a minuta de golpe, a tentativa de assassinato de Lula, de Alckmin e de Alexandre de Moraes e aquela maluquice toda do 8 de janeiro? Não! Ninguém quer, ninguém quer! Mas eles querem o espólio político do Bolsonaro, querem ser herdeiros do Bolsonaro, querem ser o bebê reborn de Jair Bolsonaro. Os meninos já manjaram: esses caras não vão defender a anistia, esses caras não vão defender o golpe, esses caras não vão defender as maluquices que o Bolsonaro defende. Então é tudo oportunismo do momento. Acho isso um “barato”.

Eu torço pela briga de Carlos Bolsonaro, os Bolsonaros, o Bolsonaro, o bolsonarismo com os neobolsonaristas, como o governador Romeu Zema, o Caiado e por aí vai. Na briga entre um e outro, torço para a briga. Que eles continuem brigando, porque o campo progressista tem responsabilidade com este país e terá uma condição melhor de continuar mudando e transformando o Brasil.

Eu me lembro de que, ao final da fala do deputado da extrema-direita aqui, quando ele fez aquela comparação do PT com o neonazismo… Acabei de listar um conjunto de situações de Bolsonaro, de ministros e de assessores de Bolsonaro com os neonazistas. É uma sinergia pura, uma sinergia pura, não é? Ele ainda fez outra fala: “Se fosse para votar no PT ou no cachorro caramelo, votaria no cachorro caramelo”. Acho que foi mais ou menos isso. No Bolsonaro ele não pode votar. O cachorro caramelo não está inelegível, nem coleira está usando. Agora o Bolsonaro está inelegível, e a coleira dele está no tornozelo, a tornozeleira. Está certo! Entre o Bolsonaro e o caramelo, você vai ter que votar no caramelo, porque no Bolsonaro não vai ter como votar. Ele não pode ser votado, está inelegível, está usando coleira, aliás, tornozeleira. Então não tem jeito, meu caro colega!

Eu queria… Ainda faltam 3 minutos. O colega podia chegar aqui para explicar essa relação do Bolsonaro com os nazistas e os neonazistas. Você ouviu, Sandro? Eu falei tudo aqui. “Ah, a estrela do PT está com o nazismo!” Parou aqui ó, parou, li tudo, mas é a disfunção cognitiva. A turma que pega celular para chamar ET a fim de salvá-los quando perderam a eleição, a turma que reza para pneu e faz roda em volta do pneu, a turma que acha que a Terra é plana – o terraplanismo –, a turma que fala que é cristã, mas que defende tortura e torturador, é pura disfunção. Não tem como exigirmos deles coerência! Não tem como exigirmos deles racionalidade ou lógica! Como eu vou exigir desse povo lógica? Estou querendo demais! Sei que estou querendo demais, mas eu precisava deixar isso registrado. Se quiser, eu dou aqui uns minutinhos e concedo um aparte para poder ouvir o colega e as explicações em relação às alianças, amizades e admirações mútuas entre a extrema-direita, os bolsonaristas e os nazistas, os nazistas. Obrigado, presidente.