DEPUTADO BETÃO (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 08/08/2025
Página 16, Coluna 1
Indexação
47ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 6/8/2025
Palavras do deputado Betão
O deputado Betão – Boa tarde, presidenta, senhores deputados e deputadas, trabalhadores da Assembleia, público que nos assiste pela TV Assembleia e aqueles que estão presentes nas galerias.
Presidenta, ontem, quando me dirigia a Belo Horizonte, um terrível acidente aconteceu na BR-040 travando as duas pistas. Um caminhão com etanol explodiu ali na altura de Congonhas, matou o motorista de forma carbonizada e interrompeu o trânsito durante várias horas. É uma BR por onde transito praticamente toda semana e que é uma máquina de matar pessoas. É preciso ser tomada alguma providência. Eu dirigia aqui para Belo Horizonte e não conseguia acompanhar todos os acontecimentos que estavam circulando, mesmo porque, muitas vezes, não havia sinal no celular, mas, depois, os acompanhei à noite pelos jornais das grandes emissoras de televisão. Então, além daquele tragicômico episódio de deputados e deputadas bolsonaristas se acotovelando na Mesa diretora com a boca tapada com guardanapo, aliás, guardanapo não, mas durex, esparadrapo – inclusive, havia um que colou a boca, os olhos e os ouvidos… É um espetáculo dantesco, mas que, pelo menos, presidenta, faz com que a população brasileira não tenha que ouvir tanta bobagem como eles falam lá na Câmara Federal e no Senado. Então nos agraciam com essa postura. Contudo, o que achei mais interessante foi um grupo de vizinhos do presidiário Bolsonaro, num grupo de WhatsApp, escrevendo o seguinte: “Por que não mandam esse presidiário para a Papuda em vez de deixá-lo aqui enchendo o saco da gente?”. E com o pessoal parando na porta do condomínio dele lá para tentar retirá-lo! Isso, para mim, foi o mais interessante que aconteceu ontem no final da noite. Foi mostrado pela imprensa um grupo de moradores, vizinhos do presidiário Jair Bolsonaro, pedindo que o levassem para a Papuda para que não ficasse perturbando dentro daquele condomínio os moradores que já sofrem há muito tempo, inclusive, com a descoberta de fuzis em casas próximas à dele.
Então apesar de essa ser uma situação nova, do ponto de vista da prisão, estamos vivendo o endurecimento por parte do maior país imperialista do mundo, os Estados Unidos, tentando exercer poder sobre o Brasil e usando o pretexto de que quer livrar Bolsonaro da perseguição implacável de um juiz. No entanto, os Estados Unidos têm uma posição muito clara: além de quererem transformar o Brasil no seu quintal novamente, onde podem fazer de tudo, os Estados Unidos têm duas grandes pretensões com esse processo do tarifaço, que se iniciou hoje.
Primeiro, as terras raras. O Brasil tem a 2ª maior reserva de terras raras do mundo e só perde para a China. Terras raras são absolutamente necessárias para fazer com que essa nova tecnologia que desponta no mundo, inclusive com os carros elétricos, possa funcionar. Aliás, quero abrir um parêntese: as terras raras, como diz o próprio nome, são raras. Para obter alguns gramas dessas terras, é preciso destruir toneladas e toneladas de minério de ferro. Isso é uma agressão muito grande ao meio ambiente.
Essa é a principal perspectiva do governo Trump, desse jogador de truco. Ele está jogando truco no mundo inteiro. Além disso, há a tentativa de colocar a mão numa tecnologia brasileira, que é o Pix. O Pix retira cerca de U$900.000.000.000,00 por ano do mercado americano e dessas empresas que quase todo mundo aqui deve ter no bolso: os cartões de crédito Mastercard, Visa e outras bandeiras. O Pix é uma tecnologia nacional, e ele ou está tentando colocar a mão nela ou está tentando destruí-la. Então ele aplica esse tarifaço. Vamos ver quanto tempo isso dura.
Houve, por parte daqueles que são extremamente ignorantes, uma comemoração quando ele anunciou essa taxação de 50%. Essa é uma taxação que vai trazer problemas para as pessoas mais pobres, para o povo brasileiro, e não para os ricos. Porém, muitos ricos também estão sendo atingidos e percebendo a bobagem que fizeram em apoiar essa família de mafiosos, a família Bolsonaro, durante as últimas eleições ou nos últimos quatro anos. Aliás, ele foi o único presidente, depois da redemocratização, que perdeu a reeleição, de tão ruim que ele foi.
Então me chama atenção que o governo de Minas Gerais, o governador Romeu Zema, que está convidando os deputados para presenciar o lançamento dele para a candidatura à presidência da República e tentando atingir o coração dos bolsonaristas mais radicais, entre na onda do Eduardo “Bananinha” e culpe o governo Lula pelo tarifaço provocado pelo imperialismo norte-americano. Ele faz os elogios necessários ao “Bananinha” e à família mafiosa do Bolsonaro para tentar alegrar essas pessoas e trazê-las para o seu lado. Não sei se o farão, não sei os deputados aqui que fazem parte desse time vão apoiar Romeu Zema para presidente na próxima eleição. Mas o fato é que ele detona a própria economia mineira. O Estado de Minas Gerais é um estado que vive basicamente, ou grande parte da sua economia, das exportações de commodities, das exportações de café, das exportações de minério de ferro, das exportações de frutas, e o governo comemora e não dá uma mexida em direção aos Estados Unidos ou em direção aos representantes dos Estados Unidos, do Consulado dos Estados Unidos no Brasil, para rever essa posição de taxação que o governo Trump impõe à população brasileira, ao povo brasileiro.
Está correto o governo Lula. Nós não vamos negociar a soberania nacional, nós não vamos entregar para ele, nem juridicamente para soltar o genocida, nem economicamente, para se adequar às mazelas desse governo, o governo Trump, que vem praticando no mundo um verdadeiro terrorismo econômico, tentando sobretaxar diversos países pelo mundo afora. E escolheu o Brasil para ser o país por meio do qual ele vai tentar atacar os Brics e outros países que possuem relações econômicas próximas às do Brasil. Então é inaceitável, gente, que venham pessoas aqui, que sobem à tribuna, que juraram proteger a Constituição Federal, que juraram proteger a Constituição Estadual no dia da sua posse, mas agem aqui como um judas, como um traíra, como um traidor da Pátria, defendendo o governo Trump e defendendo as mazelas que ele executa pelo mundo. Eu acho até, presidenta, que esses deputados e deputadas estão sujeitos a perder o mandato por virem aqui para ferir a Constituição Federal e a Constituição Estadual, porque estão rompendo com o juramento feito aqui, debaixo desta mesa. É um absurdo, é um verdadeiro absurdo que tenhamos ainda, entre esses representantes políticos e a parcela minoritária da população brasileira, um discurso de vira-lata, e ainda quererem trazer para cá culturas de outros países que não têm nada a ver com a cultura do nosso país.
Então, Sra. Presidenta, eu não quero me alongar mais, mas diria que essa “pataquada” que o Zema tenta impor ao Estado de Minas Gerais é mais do que um tropeço político. A fala do governador Romeu Zema mostra o despreparo diante de um mundo em transformação. O tarifaço serviu de alerta para o Brasil e o mundo, a fim de não ficarmos submetidos a um único mercado, ou seja, nas mãos de um único mercado, principalmente, um mercado como o americano. Por isso o governo federal está conseguindo abrir o mercado de outros países para comprar os produtos brasileiros que estão sendo exportados e que vão sofrer o tarifaço de 50%. Aqui, no Brasil, não! Trump, tire suas patas do Brasil! Aqui, o senhor não vai entrar, não! Obrigado, presidenta.