Pronunciamentos

DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)

Discurso

Apresenta críticas a parlamentares que defenderam o ex-presidente Jair Bolsonaro e as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a importação de produtos brasileiros. Critica o governador Romeu Zema por autorizar a alta cúpula da segurança pública de Minas Gerais a se fazer presente em Israel, em meio a crise do setor no Estado, destacando mortes em presídios e assassinato de agente penitenciário sem resposta do governo. Ressalta que o governador Zema estaria em campanha antecipada e teria abandonado a gestão estadual, e critica seu posicionamento contrário à China e ao Brics.
Reunião 47ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 08/08/2025
Página 15, Coluna 1
Aparteante CRISTIANO SILVEIRA
Indexação

47ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 6/8/2025

Palavras do deputado Leleco Pimentel

O deputado Leleco Pimentel Boa tarde, deputada Leninha, deputados Mauro Tramonte, Ricardo Campos e Betão, presentes aqui, neste Plenário. Vou ser breve, porque ontem nós pudemos aqui fazer algo profético, deputado Betão. Inclusive, pessoas com o rosto desfigurado, desesperadas, subiram aqui para atacar outras pessoas. Estive presente durante a fala de alguns deputados — e eu os respeito, sempre disse isso. Tivemos que ouvir um deputado dizer que nós recorremos a um pedido de perdão e, numa incoerência danada diante da própria fala, disse que não perdoaram. Depois, ao final de sua fala, pediu para que Alexandre de Moraes concedesse perdão ao Bolsonaro.

Não se trata de igreja nem de religião. O sistema de Justiça não pode funcionar conforme a turma das fake news, que se forma pelas mentiras da internet. Eles não podem querer subverter o conhecimento, a coerência e fazer chacota da inteligência alheia. De modo muito especial, o aparte que o deputado Cristiano nos solicitou ontem foi muito importante, porque eu já havia chamado, e até aproveito… Convido de novo o deputado Bruno Engler a pegar aquele bonezinho, vir ao Plenário e defender a taxação dos produtos e o Trump. Estou o desafiando desde aquele dia. Suba com o boné, vai dar tempo! Busque-o no gabinete e o ponha aqui. Da mesma forma como fizeram, vocês se manterão desnudos aqui para que as pessoas possam ver o que defendem.

Eu nunca, nunca tolhi a voz de ninguém, nem por expressão, nem por gesto, porque convivo com o divergente. O que não dá é para conviver com algo que está fora da realidade. Existe até uma palavra bonita para isso: desaforo — aquilo que está fora de lugar. Mas a coisa chega a um ponto tão além da nossa capacidade de raciocinar que eu diria que estamos diante de uma metafísica que não nos possibilita nenhuma interpretação a partir desses atos.

Aproveito a oportunidade para dizer que trouxemos hoje uma denúncia gravíssima a esta Assembleia, deputada Leninha: o governador Zema autorizou a alta cúpula da segurança pública de Minas Gerais a se fazer presente em Israel – o secretário, o subsecretário e não sei mais quantas pessoas. E justamente no mês – como foi julho – em que o número de mortos nos presídios, incluindo agentes penitenciários, que hoje são policiais penais… Não haverá ninguém para responder pela segurança pública do Estado. Não se justifica o alto salário, não se justifica. Há pouco mais de um mês, estávamos aqui diante da cena patética e triste do prefeito de Belo Horizonte escondido num bunker em Israel, junto com outros prefeitos. E agora, deputado Eduardo Azevedo, irão o secretário, o subsecretário e não sei quantas mais pessoas a Israel.

Aponto para uma divergência ideológica, porém estou tratando de uma questão de segurança pública em Minas Gerais. Hoje não há quem responda por ela. Hoje os dados de Minas Gerais são os piores no ranking de todos os estados do Brasil. E o governador Zema, o fanfarrão Minésio, continua no seu berço esplêndido, agora cuidando apenas de fazer propaganda e de lançar seu nome como pré-candidato à Presidência da República. Essa é a denúncia mais grave. Houve 14 mortes no presídio de Ribeirão das Neves. Além disso, houve o caso do agente penitenciário que, em um atendimento solitário, teve a arma roubada e foi assassinado. O governo do Estado sequer deu satisfação à sociedade.

Nós estamos retomando os trabalhos na Assembleia Legislativa, deputado Cristiano e deputada Leninha, com o Estado abandonado, porque o governador e o vice-governador resolveram de vez viver de campanha antecipada. Isso tem acontecido inclusive com os demais cargos de confiança. Há diretores de autarquias e presidentes que estão hoje fazendo campanha antecipada deliberadamente. O chefe do Executivo, o governador Zema, está cego, sem ver, porque não enxerga e não consegue se colocar no posto de governador de Minas Gerais. Para além das palavras vazias de alguém que só está em campanha, o governador Zema abandonou o governo, abandonou o Estado, abandonou as pessoas. Hoje não é só a criminalidade que tomou conta de Minas. O pior que um político pode fazer é desdenhar da própria estrutura da máquina pública para utilizar-se, como palanque eleitoral, daquilo que é público, fazendo extensão da sua vida privada e das suas redes sociais para enganar e ludibriar o povo de Minas Gerais.

Meu discurso hoje é mais curto, mas espero que o Bruno Engler tenha ido no seu gabinete buscar o bonezinho de apoio a Trump, para que possa continuar a fazer aqui o seu discurso de apoio àquele que deu um tarifaço, àquele que quer o mal, àquele que quer destruir o comércio. Inclusive eles acham que tudo que está colocado aqui é questão de visão ideológica. Eu quero mesmo que ele suba aqui com o boné para defender Bolsonaro, Trump e tarifaço. Daqui a pouco vocês vão ver a face daqueles que não sabem mais o que fazer senão gravar videozinho para as suas redes sociais.

Concedo aparte ao deputado e presidente do PT, Cristiano. Com alegria, podemos aqui fazer com que este nosso discurso também ressoe nas redes, sobretudo daqueles que estão vindo aqui para “lacrar”.

O deputado Cristiano Silveira (em aparte) Deputado Leleco, obrigado mais uma vez pela gentileza do aparte. A gente tem sido brindado – no mau sentido, viu, gente? Não é um brinde festivo e alegre – com as posturas do governador Romeu Zema nos últimos tempos. E a gente tem falado isso aqui, não é? É “começão” de banana com casca, é briga com ave no terreiro por causa de manga, é dizer que não sabe se houve ditadura no Brasil ou não. Ele ficou naquele vacilo para ver se o Bolsonaro cantava Nana neném para ele. A última do Zema para o Brasil inteiro ver repercutiu na GloboNews pelo repórter Octavio Guedes. Veja o que o repórter disse em cadeia nacional para todo mundo ouvir. (- Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) Então é mais um brinde, mais um vexame nacional que nós passamos aqui, em Minas Gerais, com aquele que se diz governador do Estado. Agora, como eu falei anteriormente, ele está lançando a sua pré-candidatura à Presidência da República. Tomara que o Brasil tenha mais juízo do que o povo de Minas Gerais.

Eu queria dizer, Leleco, que, na minha fala, citei a questão do café de Minas Gerais que vai passar a sofrer sanção dos Estados Unidos. Fiz a seguinte indagação aos parlamentares da direita que são da base, amigos do Bolsonaro, do Flávio Bolsonaro e do Eduardo Bolsonaro, que diz que é o grande responsável por ter colocado 700 itens na lista: quero saber se fizeram contato, pediram para colocar também o café de Minas Gerais e marcaram uma agenda, ou seja, se houve alguma procura ou alguma ação nesse sentido, porque acabei de ver que o presidente Lula já negociou tanto com a China quanto com o Brics se mais de 180 brasileiros poderão fornecer café para esses países. Obrigado, deputado.

O deputado Leleco Pimentel Deputado Cristiano, vou terminar parafraseando um desses conhecimentos populares muito vulgarmente conhecidos. Ao Zema, vai ser burro lá na China! Eu acho que temos de corrigir esse ditado. Vai ser burro assim! Brigar contra a China, que compra parte dos produtos que são produzidos em Minas Gerais e que geram empregos desde commodities a alimentos? Então, Zema, vai ser burro! Mas agora não pode mais ser contra a China. Quando o governador tentou falar contra o Brics, ele estava dizendo que aqueles do Sul Global, que tem hoje a maioria da população, têm condições de comprar alimentos e produtos brasileiros. Talvez ele tenha se esquecido de que a sua formação capitalista não podia ter se confundido com a sua burrice da leitura histórica e ideológica. Zema, deixe de ser burro! Nem na China eu diminuiria o Zema a essa expressão. Muito obrigado, presidenta.