DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/08/2025
Página 86, Coluna 1
Aparteante CRISTIANO SILVEIRA
Indexação
Observação Errata publicada no Diário Legislativo de 08/08/2025.
46ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/8/2025
Palavras do deputado Leleco Pimentel
O deputado Leleco Pimentel – Saudação de boa tarde, deputado Tramonte, que preside este retorno da Assembleia às suas atividades neste mês de agosto tão importante. Hoje é Dia Mundial da Saúde, portanto, vale a pena reforçar a nossa fala em direção ao fortalecimento do SUS. O Sistema Único de Saúde é, para nós, a proteção social. E vamos pensar em quem promoveu a proteção social neste país de mais de 500 anos que contam nossa história. Nossos povos ancestrais eram os que promoviam, pela solidariedade e pelo conhecimento, a proteção social, e a invenção do Estado trouxe, mais tardiamente, em 1988, a criação do Sistema Único de Saúde.
É também importante frisar que nós temos nos dedicado a tarefas importantes. A saúde começa por aquilo que nós colocamos na boca, ou seja, pela segurança alimentar. O grande remédio que nós temos é o alimento saudável e livre de agrotóxicos, que, portanto, é a forma de cuidar da saúde. Também importante falar sobre aqueles que estão adoecidos por todas as formas de exposição, seja pelo ar, que pode estar contaminado, seja pelas nossas águas, seja pelos alimentos com agrotóxicos. Nós sabemos que o cuidado com a mãe Terra, o cuidado com a casa comum, com as águas é a nossa forma de assegurar a saúde. Portanto tratar do SUS sem tratar do ser humano como parte do meio ambiente é no mínimo uma arrogância da humanidade, porque nós, como parte da natureza, precisamos cuidar do meio onde vivemos e atuar para que, nesta casa comum, todos tenham direito à saúde. Com isso trazemos a perspectiva de saúde que o SUS enfrenta diante do que o mercado virou e da mercantilização dos medicamentos. A indústria farmacêutica, que produz aqueles alopáticos nas farmácias – vocês podem ir lá olhar – é a mesma que produz os agrotóxicos, que adoecem as pessoas. Depois a indústria vende os remédios, que nunca curam. Vocês já notaram? Você compra um remédio neste mês, e no mês seguinte, e no seguinte. De repente a sua renda foi embora, e você já não pode se alimentar com qualidade, porque seu dinheiro está comprometido com os alopáticos. Assim, o que a indústria farmacêutica faz, de fato, é mercantilizar a saúde.
É importante frisar também que temos – o deputado federal Padre João e eu – atuado na atenção à nefrologia, no cuidado que devemos ter com os pacientes renais crônicos. Muitos dos direitos desses pacientes não lhes são garantidos pelo Estado. Vejam: uma pessoa que precisa fazer tratamento de hemodiálise três vezes por semana, além do tempo que gasta com o deslocamento, fica na máquina por mais de quatro horas e depois ainda tem que retornar à sua moradia. Muitos, no Estado de Minas Gerais, fazem isso e percorrem distâncias de mais de 200km. Eles gastam cinco ou seis horas para ir, para se preparar, para receber os cuidados na máquina de hemodiálise e depois retornar. Assim, uma pessoa em idade escolar está impedida de fazer a matrícula porque não tem frequência. O que fizemos? Conseguimos apresentar nesta Casa o projeto de lei que garante o combate à evasão e ao abandono escolar, porque o Estado tem que ir aonde esse paciente está, garantindo-lhe sala de aula, professores, pedagogos e condições didáticas para a sua aprendizagem. Isso também é valorizar e enxergar o ser humano na sua integralidade.
Por isso, hoje, quando estamos tratando do tema da saúde neste Plenário, também quero dizer que é bom para a saúde, presidente Cristiano, que a sensação de justiça tenha chegado ao nosso Brasil por meio da prisão domiciliar daquele que desafiou a interpretação da Justiça. Ontem ele teve a sua prisão domiciliar decretada por desrespeito completo, desrespeito àquilo que lhe foi imposto, porque, além de ser réu, réu e réu, ele ainda achou que podia brincar com a Justiça do Brasil. Ele, há pouco tempo, presidente Cristiano, estava rindo nas redes sociais, sabendo que a história condenou aqueles que usaram a Justiça para desviar recursos públicos, como fizeram Gabriela Hardt; aquele que foi deputado federal, já cassado, que apresentou o PowerPoint e teve que pagar R$130.000,00 ao presidente Lula por difamação e calúnia; e aquele que se aproveitou do cargo de juiz para elevar-se ao posto de ministro daquele que hoje está preso. Então Bolsonaro está no xilindró. Ele não vai ficar em casa, não, e provavelmente vai levar o Eduardo junto. Aliás, acho que foram o Eduardo, o Flávio e essa turma de malucos que levaram à prisão domiciliar ontem aquele que desrespeitou completamente as ordens da Justiça. É bom que a gente possa refletir e conceder um aparte ao deputado Cristiano Silveira, nosso companheiro e presidente do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais.
O deputado Cristiano Silveira (em aparte) – Obrigado, companheiro Leleco. Quero também corroborar suas palavras. Olhe a que ponto nós chegamos. Quem, lá atrás, há pouco tempo, celebrava a prisão injusta e ilegal do presidente Lula; quem, lá atrás, era bravateiro e dizia, com muita coragem, que “para fechar o Supremo era só um cabo e soldado”; quem, lá atrás, era tão valente e corajoso… Vejam a que ponto nós chegamos.
Vejam que o Eduardo Bolsonaro conseguiu fazer uma proeza. Ele foi aos Estados Unidos e conseguiu a proeza de fazer com que a situação do seu pai se agravasse. Ele conseguiu a proeza de que grupos que historicamente sempre o apoiaram, como os setores de café, de carne e de fruta, fossem penalizados pela taxação do Trump. Nós vimos o Eduardo Bolsonaro falar: “Quanto pior, melhor! Nós vamos para cima. Nós queremos revanche e vingança, para salvar a família”. Ele conseguiu a proeza de não poder voltar para o Brasil, porque esse lesa-pátria, esse conspirador agora não pode pisar neste país. Olhem que proeza: ninguém da esquerda conseguiu a proeza de colocar o Bolsonaro, a família Bolsonaro e a direita, numa sinuca de bico tão grande quanto eles próprios o fizeram.
Agora, o Flávio e o “Chupetinha” conseguiram piorar a situação, ao colocar Bolsonaro para falar em manifestação. Aí, o ministro Alexandre de Moraes, evidentemente, falou: “Não, meu amigo. Então agora é prisão domiciliar, uma medida preventiva, porque você não está obedecendo”. Esses caras acham que o País não tem regra. Você entendeu? Se as coisas não forem do formato que eles querem, eles fazem as maiores loucuras das cabeças deles. Que diferença do presidente Lula – não é, Leleco? – que disse: “Não troco minha liberdade pela minha dignidade”. “Lula, ponha a tornozeleira!” Ele falou: “Quem põe tornozeleira é pombo-correio e bandido. Eu não sou nem bandido nem pombo-correio, e não vou botar tornozeleira. Vocês botem tornozeleira em bandido”.
Tentaram fazer negociação e delação, sugeriram que ele corresse para a embaixada. Mas o Lula sempre falou: “Não, eu vou responder e provar a minha inocência”. Foram 500 dias, Leleco, sem pedir: “Anistia. Perdoem-me. Mandem o Biden – ou quem era o presidente da época – para me salvar, para me socorrer”. Isso virou até uma musiquinha agora: “Oh, Trump, salva meu pai, salva o meu pai!”. Isso virou meme na internet. Vejam a diferença desses corajosos, guerreiros e revolucionários, se comparados com o presidente Lula. O presidente Lula perdeu neto. O presidente Lula perdeu irmão. O presidente Lula perdeu 500 dias por um crime que não cometeu, e não abaixou a cabeça em nenhum momento. Acho engraçado eles agora ficarem nessa choradeira. Não eram eles que, na época da pandemia, ficavam falando: “Até quando você vão ficar chorando? Chega de mimimi”. Uai, digo isso para eles.
Só para concluir, Leleco. Quando houve a questão da taxação, o Eduardo Bolsonaro correu às redes sociais para falar o seguinte: “Olhem, isso só não foi pior porque entrei na parada e fiz a interlocução. A gente não quer penalizar os produtores do País. Queremos os alvos certos: o Alexandre de Moraes e o Lula”. O Zema ficou resmungando que o café mineiro, a carne mineira, as frutas mineiras e o aço mineiro não entraram na lista dos 700 itens que estariam fora da taxação. Uai, o Zema não é puxa-saco deles? O Zema não é amigo deles? Por que ele não pegou o telefone e deu uma ligadinha, dizendo: “Oi, Dudu bananinha, eu sou puxa-saco do seu pai e fico defendendo vocês aqui. Minas Gerais não pode pagar essa conta, não”. Por que, então, não colocou Minas Gerais? Para que serve o Zema ficar nessa puxação de saco do bolsonarismo, se isso não serve nem para tirar da taxação produtos importantes do nosso estado?
Mas não tem problema, não. O presidente Lula vai continuar negociando. A China já está sinalizando que quer fazer negócio e comprar o café do Brasil. Vamos buscar as soluções, inclusive medidas econômicas, se for necessário, por parte do governo brasileiro, para dirimir aqueles setores que venham a ser efetivamente impactados. Então é isso. O que eles são? Um bando de lesa-pátria! Estão destruindo a economia brasileira e fazem coro aos golpistas, aos caras que só pensam neles e na família deles. É isso que se tornaram os patriotas, os que usam bandeirinhas dependuradas, os que usam camisas da seleção, os que dizem “Brasil acima de tudo”. O quê? Mentira! Em primeiro lugar, a família Bolsonaro; depois, a família Bolsonaro; se não tiver mais nada para colocar no lugar, família Bolsonaro de novo. Lesa-pátria!
O deputado Leleco Pimentel – Obrigado, deputado Cristiano Silveira. A gente aproveita para dizer publicamente que, sob a sua presidência, o Partido dos Trabalhadores ultrapassou a pandemia, o pandemônio. Por esses dias, é bem provável que os encontros do nosso partido, em Minas, ocorram entre em 12 e 14 de setembro, para que o senhor possa, de fato, concluir uma importante passagem da sua vida e do Partido dos Trabalhadores. Todos nós somos gratos.
Deputado Cristiano, a coisa é um pouquinho pior. O governador Zema teve a pachorra – essa palavra talvez não seja entendida –, a cara de pau e a burrice de dar a pior das opiniões diante da ameaça do tarifaço. Daqui a pouco… Eu não gosto de desqualificar quem fala depois de mim, mas eles vão subir aqui, e vocês vão ver bem… Eu também não gosto de usar o provérbio capacitista “O pior cego é aquele que não quer ver”. Aqui talvez se trate de cegueira da alma, cegueira de interpretação, não uma cegueira física. Daqui a pouco, eles vão vir aqui. Mas eu quero ver sujeito mais burro do que o governador do Estado de Minas Gerais. Ele teve a pachorra de dizer que o Brasil deveria cortar as relações comerciais com os Brics, não sabendo esse pobre coitado que… Ao fazer essa proposta, ele desconhece que 42% dos produtos – inclusive as commodities, que ele tanto se ajoelha para proteger, como as da mineração – são comercializados diretamente com a China.
Isso até fez com que um repórter por aí dissesse que, na corrida da burrice, o Zema acabou com a brincadeira porque ganhou de largada – não houve 2º, 3º ou 4º colocado. Ele ganhou na largada. Talvez seja aquele vice que gosta de provocar o Partido dos Trabalhadores… Eu até vou convidá-lo a dar uma lida nas pesquisas que foram publicadas na Folha: aqueles governadores que estão se aproximando do bolsonarismo para explicar e tentar defender que Bolsonaro não seja preso… Sessenta e dois por cento da população condena esses políticos a uma burrice igualzinha à do governador de Minas Gerais. Talvez por isso eles não tenham ido. Um inventou dor de barriga, outro inventou uma cirurgia, talvez, para cortar as unhas; mas não compareceram à convocação de domingo.
Aqueles que gostam de falar desqualificando as manifestações populares… Não é o meu caso. Eu não desqualifico quem fala depois de mim. Mas eu quero alertar, ou talvez ser profeta, deputada Bella: nós vamos ouvir, daqui a pouco, um bocadinho de asneira. Preparem os ouvidos! Como eu disse: aqueles que não querem interpretar a vida como ela é porque preferem digerir pílulas de fake news virão dizer um bocado de coisas que, racionalmente, não teriam condições de repetir. Mas usam sempre este espaço para propalar, propagandear fake news.
No tempo da pós-verdade, quero dizer, da verdade cética e crítica: mentira vale mais do que pensar. Portanto, como se alimentam de mentira, não têm nada além da mentira para falar. Eu digo isto porque nós estamos condenados se não alertarmos a população de que pessoas utilizam a institucionalidade para propagar crimes. E por isso há réu que está hoje em prisão domiciliar. Assim como fez com o negacionismo, quando poderia ter tratado e cuidado para que as mais de setecentas mil vítimas da covid…
Eu quero, para finalizar, dizer que, na semana do dia 19, nós teremos, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o lançamento do Plano Safra e, junto com ele, do Plano Nacional de Redução dos Agrotóxicos. Essa talvez seja a agenda principal para a agricultura familiar, para aqueles e aquelas que produzem a comida que vai à mesa de todos. Eu estou dizendo que o Plano Safra muito nos interessa. Teremos aqui a presença do ministro Paulo Teixeira, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, assim como teremos a presença daqueles que representam o Pronara, o Programa Nacional de Redução dos Agrotóxicos, e de agricultores familiares. Com isso, que possamos ver a safra recorde e os trabalhos do presidente Lula e nunca mais voltarmos ao Mapa da Fome – fome na qual o Bolsonaro colocou o Brasil. Que isso renda a ele o julgamento e o mantenha preso para que a justiça seja feita no nosso país. Muito obrigado, presidente.