Pronunciamentos

DEPUTADA LENINHA (PT), presidenta "ad hoc"

Discurso

Entrega do Título de Cidadã Honorária do Estado de Minas Gerais a Hildegard Beatriz Angel Bogossian, jornalista, escritora e defensora dos direitos humanos. Lê mensagem do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Leite.
Reunião 15ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/06/2025
Página 5, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 9077 de 2024
RQN 11778 de 2025

Normas citadas RAL nº 5638, de 2025

15ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/6/2025

Palavras da presidenta (deputada Leninha)

Uma boa noite aos que estão aqui e aos que nos acompanham através dos canais de comunicação da Assembleia Legislativa. Cumprimento o meu colega de Parlamento, o deputado Lucas Lasmar, um jovem que chegou a esta Casa nesta legislatura, mas é aguerrido, valente e tem dado uma grande contribuição para nós na Assembleia Legislativa de Minas.

Nós ficamos emocionados com a fala da nossa nova cidadã mineira, a Sra. Hildegard Angel, porque ela traz o sentimento não do que leu, mas do que viveu; ela traz um sentimento que acaba contagiando todos nós nesta noite, e isso é muito importante numa semana em que a gente acompanhou o governador desconsiderando tudo que é memória e história neste país. A gente compartilha das ideias dela. Vamos seguir aqueles que valorizam a nossa história, que sabem da nossa história e de tudo o que aconteceu em Minas Gerais e no Brasil. Então eu queria cumprimentá-la mais uma vez.

Quero cumprimentar o ex-deputado federal e ex-deputado estadual, meu querido amigo Nilmário, assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos, da nossa querida ministra Macaé Evaristo, que foi nossa colega neste Parlamento; o prefeito de Ouro Preto, o querido Angelo Oswaldo; o deputado Sávio, com quem tive a honra de compartilhar ideias nesta Casa, uma pessoa querida, muito querida; e minha amiga Maria Elvira, ex-deputada, uma mulher que adentrou esta Casa e fez muita mudança num período em que havia aqui poucas mulheres. Hoje a situação mudou um pouco: nós somos 15 parlamentares. A Maria Elvira sabe: o ambiente aqui é muito árido, e a nossa presença neste espaço, neste ambiente, é algo desafiador. Sabemos o quanto a gente lutou para estar aqui hoje. Agradeço muito a você, que veio antes de mim. Cumprimento também a Profa. Lavínia, reitora da Universidade Estadual de Minas Gerais, uma mulher valente, aguerrida.

Eu queria, em primeiro lugar, trazer o abraço afetuoso do nosso presidente Tadeu, que, infelizmente, não pôde estar nesta sessão solene, mas transmitiu, através destas palavras, o sentimento de gratidão e de reconhecimento à nossa nova cidadã. (– Lê:) “O escritor paulista Mário de Andrade disse certa vez: 'Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição'. A vida de Hildegard contém várias dessas lições que muito nos ensinam e transmitem um importante legado para o presente e para o futuro. Como jornalista, pontificou no colunismo social do Rio de Janeiro, destacando personalidades da vida carioca, como Ricardo Amaral, Carmen Mayrink Veiga, Lily Marinho e Ivo Pitanguy, lançando um novo olhar sobre o glamour da alta sociedade.

Para além do jornalismo e de outras atividades que exerceu, Hildegard teve a altivez de mostrar o rosto na luta por democracia, direitos humanos e justiça em relação aos desaparecidos políticos durante a ditadura militar. O seu irmão Stuart Jones foi um deles. Dessa forma, Hildegard continuou a luta da sua mãe, a estilista Zuzu Angel, símbolo da resistência democrática durante o regime de exceção. Nascida em Curvelo, D. Zuleika Angel Jones, a Zuzu Angel, conheceu em Belo Horizonte o norte-americano Norman Angel Jones, e tiveram três filhos.

Mais tarde, na Ipanema dos anos de 1950, Zuzu foi costurar para sustentar os filhos. Com o tempo, tornou-se uma grande personagem da moda brasileira, sendo conhecida internacionalmente. Apaixonada pelo Brasil, criou uma moda sofisticada, mas acessível, que era a síntese do País, incorporando referências de Minas, da Bahia, do Rio, dos bandeirantes, tudo temperado com muita ousadia e criatividade, suas marcas registradas. Mas, quando o seu filho Stuart desapareceu, Zuzu começou a luta para reivindicar o direito de saber onde estava o corpo dele. Alguns anos depois, a própria Zuzu foi vítima da mesma ditadura. No entanto, se a mãe e o irmão foram silenciados, Hildegard Angel abraçou o legado de Zuzu Angel e, com a mesma fibra e coragem, manteve a luta para fortalecer a memória histórica e os valores democráticos.

Minas Gerais reconhece, entre os que aqui não nasceram, aqueles que se tornaram mineiros e mineiras por opção. No caso desta autêntica cidadã, identificamos uma personalidade devotada às causas mais nobres e também integrada aos nossos valores mais caros. Reconhecendo a brilhante trajetória de Hildegard Angel, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais tem, então, a honra e o orgulho, em nome do povo que representa, de abraçar esta, que é, com todo o merecimento, a mais nova cidadã do Estado de Minas Gerais. Muito obrigado.”.