Pronunciamentos

DEPUTADA CHIARA BIONDINI (PP)

Discurso

Defende a importância das comunidades terapêuticas no tratamento de dependentes químicos, destacando exemplos de pessoas recuperadas que atuam em cargos públicos e profissionais. Ressalta a seriedade de tais entidades que trabalham na prevenção, recuperação e ressocialização dos pacientes. Critica comentários negativos, argumentando que a maioria dessas comunidades promove a dignidade e a vida dos indivíduos. Destaca sua experiência pessoal e de sua equipe e apresenta impactos positivos dessas instituições. Manifesta apoio às comunidades terapêuticas e contesta generalizações que possam prejudicar sua credibilidade.
Reunião 13ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 31/05/2025
Página 13, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 1366 de 2023

13ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 29/5/2025

Palavras da deputada Chiara Biondini

A deputada Chiara Biondini – Bom dia, presidente, bom dia, colegas deputados. Desculpem-me ter que falar e atrasar a nossa votação, mas eu não poderia me calar perante uma das principais pautas do meu mandato e do mandato do deputado Eros Biondini. Só na nossa equipe, entre mim, o deputado Eros Biondini e o vereador Cláudio do Mundo Novo, temos mais de seis pessoas ex-dependentes químicas que passaram por comunidades terapêuticas e trabalham conosco.

Primeiramente a gente trabalha pela prevenção, depois pela recuperação e depois pela ressocialização. Então eu tenho certeza de que não há ninguém nesta Casa com mais domínio para falar desse assunto do que eu e o deputado Eros, na Câmara dos Deputados, porque temos, dentro do nosso gabinete, pessoas que estiveram em comunidades terapêuticas. Eu não sei de onde essa deputada está falando, por onde essa deputada está passando. Claro, em todo lugar, em qualquer situação, há pessoas e situações que às vezes nos decepcionam. Existem professores que às vezes cometem ações que nos decepcionam, e nós precisamos fiscalizar e demiti-los; existem empresários… Em todo lugar, há pessoas que nos envergonham, mas nós não podemos jamais generalizar. A quase totalidade das comunidades terapêuticas e daqueles que trabalham ali luta pelo que é mais importante: a vida dessas pessoas. Eu prego aqui e faço um convite à deputada que me antecedeu. Vamos ver quem enche mais galerias com pessoas que foram recuperadas das drogas.

Tenho um exemplo que quero deixar claro. Há uma menina, mãe de três filhos, casada. Essa mulher de classe média começou a usar drogas, foi morar na rua e já não tinha condições de sobreviver, estava muito magra. A mãe dela, então, entregou-a para o meu pai e disse: “Eros, para que ela possa morrer com dignidade…”. Essa mulher foi internada numa clínica de recuperação por nove meses, foi recuperada, ressocializada, trabalhou conosco e se tornou subsecretária de Políticas sobre Drogas do Estado de Minas Gerais. O casamento dela foi recuperado e, tendo a guarda dos seus filhos recuperada, hoje ela pode viver com eles. Como falar para uma mulher nessa situação que, com o fechamento das comunidades terapêuticas, ela corre o risco de perder a guarda dos filhos, o casamento e até mesmo a vida?

Um vereador de Pará de Minas, o Juninho, também estava nas drogas. Ele estava traficando; começou com maconha. Um dia passou a morar em uma comunidade terapêutica. Ele tem até tatuado, nas suas costas, o nome da sua comunidade terapêutica. Foi recuperado e hoje é vereador. E, assim como ele, a Érica, que, um dia, em um evento, a sua droga caiu no chão do banheiro. Ela então lambeu, junto com xixi, junto com a sujeira que estava no banheiro, a droga caída no chão. Foi internada em uma comunidade terapêutica, foi ressocializada e hoje trabalha no governo do Estado.

Esses são três exemplos diversos. Consigo encher galerias, galerias e galerias de pessoas que passaram pelas comunidades terapêuticas cujas vidas foram restauradas e ressignificadas. Nós precisamos rever essas pessoas que não têm visibilidade social. O que a esquerda tende a fazer, o que ela quer fazer é tratar essas pessoas como não indivíduos, mas isso é normal vindo de um grupo de uma parlamentar que defende bandido, que defende estuprador, que condena polícia e que “passa pano” para bandido.

Quero dizer que as comunidades terapêuticas são entidades sérias e são fiscalizadas. Digo isso porque eu ando por diversas cidades do nosso estado. A Sejusp, que hoje é o principal órgão responsável, faz a fiscalização, assim como a Saúde, com o secretário Fábio. Podem falar com ele. Quero reforçar: as comunidades terapêuticas são entidades sérias, que recuperam pessoas, que trazem dignidade para as pessoas, que recuperam vidas.

E falo novamente: se a deputada trouxer mais pessoas que eu que foram recuperadas das drogas e que podem abraçá-la, deputada, para falar “graças ao seu mandato eu estou vivo ou a minha filha está viva”, a gente pode voltar ao diálogo, porque só entrei para a política porque diversas pessoas abraçaram meu pai e lhe falaram: “Só pelo seu mandato e pelas comunidades terapêuticas meu filho está vivo e fora das drogas”. Ficam aqui o meu repúdio à fala da deputada, o meu total apoio e a minha total admiração pelas comunidades terapêuticas.

O presidente – Obrigado, deputada Chiara.