Pronunciamentos

DEPUTADA LENINHA (PT), presidente "ad hoc"

Discurso

Homenagem póstuma ao escritor Fernando Sabino pelo conjunto da sua obra e pela sua importância para a literatura e para a cultura nacional ao divulgar Minas Gerais para o Brasil.
Reunião 12ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 28/05/2025
Página 2, Coluna 1
Indexação

12ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 26/5/2025

Palavras da presidenta (deputada Leninha)

Boa noite. Mais uma vez, quero cumprimentar os que nos acompanham através das redes e dos canais de comunicação da TV Assembleia. Cumprimento também a minha amiga e companheira desta Casa, deputada Ione Pinheiro, que está conosco; o Bernardo Sabino, presidente do Instituto Fernando Sabino e filho do homenageado; o desembargador Roberto Apolinário de Castro, representando o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, nosso amigo desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior; a Josiane de Souza, secretária-adjunta de Cultura de Turismo de Minas Gerais, representando, nesta noite, o secretário de Cultura Leônidas José de Oliveira; o Sr. Guilherme da Costa Oliveira Santos, delegado de Polícia da Delegacia de Eventos e Proteção ao Turista, neste ato, representando a Polícia Civil do Estado de Minas Gerais; o Sr. Hermes Guerrero, diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais; e o nosso querido Prof. José Mauro da Costa, presidente do projeto Livro de Graça na Praça. Quero, com imensa alegria, saudar todos os presentes neste dia tão importante, de forma muito especial a família do nosso grande escritor mineiro Fernando Sabino, que é o motivo de estarmos todos aqui nesta linda homenagem – convidados ilustres, mineiros e mineiras de coração e amantes da literatura.

Hoje nos reunimos aqui, sob o céu que inspirou tantas histórias, para celebrar um homem que não apenas escreveu livros, mas que teceu a própria alma de Minas Gerais em palavras. Fernando Sabino não foi apenas um escritor, foi um contador de causos, um cronista da vida, um espelho que refletiu com humor, ternura e agilidade, o jeito mineiro de ser. Sabino nasceu em Belo Horizonte, mas seu talento ultrapassou fronteiras. Ele nos mostrou que Minas não se resume a montanhas e queijos; é feita de gente, gente que fala devagar, mas que pensa rápido, que guarda segredos no silêncio e explode em risadas nos botequins. Foi assim, entre encontros e desencontros, que ele capturou a essência do que é ser mineiro e, ao fazer isso, ensinou-nos a rir de nós mesmos, a amar nossas contradições, a nos orgulhar daquela mineirice que o mundo inteiro admira.

Quem nunca se emocionou com O encontro marcado, em que a juventude pulsa entre dúvidas e sonhos? Quem nunca riu com as confusões de O grande mentecapto, obra que mistura loucura e poesia, como só um mineiro sabe fazer? E suas crônicas? Pequenas joias do cotidiano, onde um simples ônibus lotado vira palco de humanidade ou onde a burocracia vira comédia. Sabino tinha o dom de transformar o trivial em eterno. Mas sua grandeza não está só nas páginas. Ele foi um embaixador da nossa cultura, levou Minas para o Brasil e o Brasil para o mundo, sem jamais perder o sotaque das esquinas de Belo Horizonte. Mostrou que nossa literatura pode ser profunda, sem ser sisuda, que nossa identidade cabe num causo, num verso, num gesto simples, como num café coado no filtro de pano que ele tão bem descreveu. É por isso que hoje, ao nos lembrarmos dele, não falamos apenas de um escritor, mas de um amigo, porque ler Sabino é como sentar à mesa com ele, ouvir suas histórias e sair com o coração mais leve. Ele nos deixou em 2004, mas sua obra permanece viva, assim como a mineiridade que ele ajudou a definir: resistente, afetuosa, cheia de sabedoria disfarçada de simplicidade.

Então que este tributo não seja apenas um olhar para o passado, mas um compromisso com o futuro. Que nossas bibliotecas, escolas e casas continuem a abrigar as suas obras. Que nossas novas gerações descubram nele o prazer da boa leitura e o orgulho de suas raízes. Que a Assembleia de Minas Gerais hoje reafirme: Fernando Sabino é patrimônio, é o nosso patrimônio da literatura, da cultura e, sobretudo, deste povo que ele tanto amou. Obrigada. Obrigada, Fernando Sabino, por nos ensinar que a vida, como uma boa crônica, vive-se com um sorriso nos lábios e um pouco de poesia no bolso. Minas o guarda eternamente em suas páginas e em seu coração. Muito obrigada a todos e a todas.