DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 21/03/2025
Página 72, Coluna 1
Indexação
14ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 19/3/2025
Palavras do deputado Doutor Jean Freire
O deputado Doutor Jean Freire – Boa tarde, Sra. Presidenta. Boa tarde, colegas deputados presentes, servidores e servidoras desta Casa e público que nos acompanha pela TV Assembleia e pelas redes sociais. Subo nesta tribuna para falar sobre alguns assuntos que foram temáticas das nossas andanças neste final de semana, pelo Vale do Jequitinhonha. Um deles é a denúncia da questão da falta d'água. Deputado Betão, você esteve no Vale, fazendo uma audiência importantíssima nesta semana, para tratar da questão do trabalho análogo à escravidão. Nosso povo do Vale sai para trabalhar em outras regiões, especificamente no Sul de Minas e em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Os trabalhadores saem para a colheita do café e para a colheita da cana. V. Exa. pôde presenciar algumas questões do Vale do Jequitinhonha as quais denuncio a cada dia, aqui, nesta Casa.
Uma dessas questões são as nossas estradas. Não sei se V. Exa. passou pelas estradas de terra para chegar a Berilo, mas, ainda hoje, andamos em ponte de madeira, e há duas pontes que caíram entre Berilo e Virgem da Lapa. Já faz anos que há esse descaso. Na BR-367, ainda temos ponte de madeira e, como V. Exa. viu, uma delas está lá em Berilo. Para entrar e sair de Berilo, há duas pontes de madeira. Há uma audiência púbica, solicitada por nós, que vai ocorrer nas próximas semanas. A nossa ideia é que ela ocorra lá para que o superintendente do Dnit possa ver, mais uma vez, aquela ponte que já levou vidas em Berilo. Pai de família já morreu ali vindo de outras regiões, ou seja, ao passar com o caminhão, caiu naquela ponte de madeira.
Então este é um fato, e quero, mais uma vez, denunciar as condições das estradas no Vale de Jequitinhonha, sejam elas federais ou estaduais. Houve alguns avanços nas duas partes. Hoje nós temos uma condição ótima entre Araçuaí e Itaobim. Houve um avanço e 95% dessa estrada – e mais um pouco – estão em ótimas condições. O governo federal foi quem fez a obra. No entanto, ainda temos muita coisa a ser resolvida. Entre Itaobim e Jequitinhonha, os buracos voltam; entre Jequitinhonha e Almenara, os buracos voltam; e entre Almenara e Salto da Divisa, ainda passamos por terra, e a ponte também está em péssimas condições. As estradas estaduais, as que fizeram a obra que demorou todo o primeiro governo... O Zema tem a mania de dizer que recebeu o governo assim e assado; ele recebeu dele mesmo, ou seja, recebeu com as estradas em péssimas condições dele mesmo. Quando faz, como foi feito em Virgem da Lapa... Ali é gasto, não é investimento. Ali é gasto, porque, em menos de um ano, as estradas já estavam um arraso novamente. Então já estão lá agora, de novo, tapando buracos numa estrada que foi toda recapeada. Nós temos que saber qual empresa fez isso. Além disso, é preciso proibir que essas empresas façam contrato novamente com o Estado, gastando mais recursos para refazer uma obra que só tem um ou dois anos que terminou. Nós temos denúncia também de que, entre Jordânia e Almenara, assim como Mata Verde e Almenara, há obra que mal acabou ou ainda está em fase final, mas que já começa a apresentar problemas. Essa é uma questão.
Há também a questão da falta d'água. Eu falo, deputado Betão, que, quando nós, autoridades, formos ao Vale do Jequitinhonha, a população não tem que nos oferecer água mineral, não, mas, sim, água que o povo bebe ou, se não tem lá, não oferecer água nenhuma. Nós temos a represa de Irapé, mas falta água para as pessoas. E há a relação da água principalmente com a mulher. Na maioria das vezes, a reclamação por falta d'água que recebemos é de mulheres que nos ligam questionando isso. Por quê? Porque elas é que vão muitas vezes... Você não vê um homem com uma lata d'água na cabeça, você não vê um homem com uma trouxa de roupa indo lavá-la na beira do rio e na beira do açude, mas, sim, a mulher nessa relação com a água.
Quero denunciar que, em Araçuaí, em pleno Carnaval, chegou a faltar água por sete dias em alguns locais; e, em outros, por quatro dias – é praticamente em toda a cidade. Isso é um absurdo, isso é um absurdo! É uma região que está agora nos chamando. Eu me recuso a aceitar que sou do Vale do Lítio. Eu sou do Vale do Jequitinhonha! É uma região rica, que manda minério para fora, que manda lítio para fora, que manda eucalipto para fora e que manda água para fora, porque, quando manda eucalipto, vai água também junto. Então, falta água, gente! Isso é um absurdo! Estarei agora lá na minha cidade, tanto em Araçuaí quanto em Itaobim, na Comunidade Fonte Nova, neste final de semana, me reunindo com a comunidade, porque recebi várias mensagens dizendo que também está faltando água lá. As pessoas criticam a Copanor e a Copasa, mas se esquecem de que a Copasa é uma empresa de economia mista e de que a maior parte dela é do Estado. Se ela não está fazendo o papel que deveria fazer e se a Copanor não está fazendo o papel que deveria fazer, deputado Betão, é porque o Estado não está investindo, é porque o Estado pega o lucro e o divide com os seus acionistas. E aí vem agora com um projeto chamado Águas dos Vales. Queremos ver para quem vai essa água e a que custo vai essa água. Então quero chamar a atenção das pessoas. Ao criticar a Copasa e a Copanor, vamos ver a condição em que aquelas pessoas estão trabalhando, vamos ver a condição do material que está sendo destinado a elas, vamos ver para onde vai o lucro dessas empresas, principalmente os lucros da Copasa. Eu quero aqui concordar com as pessoas, eu vivo isso na pele, essa falta d'água na nossa região, mas preciso dizer que, se está faltando água, é por falta de ação e de gestão do governo do Estado nessas empresas.
Quero chamar a atenção, deputada Sheila... Eu fiz questão de hoje vir com o Zé Gotinha. Ontem eu me vacinei aqui, tomei a antigripal. O deputado Betão deve ter se vacinado também. Tive a felicidade de eu mesmo vacinar o deputado Professor Cleiton. Eu quero chamar a atenção para o fato de que o sarampo volta em nosso país, o sarampo volta em nosso país. Já houve dois casos diagnosticados no Rio de Janeiro. E aí eu vou chamar a atenção de todos os parlamentares, primeiro, para que nós possamos nos vacinar aqui mesmo, na Assembleia. É só dar uns passinhos ali e vacinar. Chamo a atenção de todos os servidores e servidoras desta Casa para se vacinarem; chamo a atenção de toda a população e de todos os deputados também. Não é preciso ser médico para saber da importância da vacina e pedir ao nosso povo para se vacinar. Nós não podemos voltar a conviver com patologias, com doenças que já foram erradicadas e voltam a acontecer nas nossas comunidades, nas nossas cidades, nos estados deste país. É importante vacinar, levar os seus filhos. Vacinar é uma ação política, é uma responsabilidade. Pai e mãe devem levar os seus filhos para vacinar. Quem defende a vida defende a vacinação. Não ao negacionismo! Vamos defender a vida e defender a vacinação.
Queria também, colegas deputados, dizer que usei esse boné ontem e vou usá-lo hoje, com muita satisfação. Eu vejo que alguns usam esse boné, outros usam outro. Eu quero usar esse boné aqui em homenagem aos meus companheiros e companheiras do Samu. Parabéns ao Samu! Parabéns ao governo Lula, que criou o Samu! E esta semana, deputado Betão, lá em Sorocaba, o prefeito disse: “Venham para Sorocaba!”. E esta semana o povo foi a Sorocaba para pegar ambulâncias do Samu. São quase 800 ambulâncias que o governo federal entregou esta semana. Para Minas vieram mais, vieram várias ambulâncias. Eu quero agradecer ao presidente Lula; agradecer ao ministro Padilha, que é colega médico e sabe da importância dessa ação; agradecer à ministra Nísia, que saiu e deixou todo esse programa já muito adiantado. Devemos muito a ela também, a essa técnica maravilhosa que foi fantástica no ministério. Agora o Padilha tem essa responsabilidade de conduzi-lo. É importante o serviço do Samu. Chamem o Samu! Eu já precisei do Samu, eu já entrei dentro de uma ambulância do Samu para acompanhar o meu pai, eu sei da importância desse serviço, deputado Betão, eu sei da importância de cada um, do condutor, do técnico de enfermagem, do enfermeiro, da enfermeira, do médico, da médica, de todos esses que trabalham ali. É uma equipe, e como tal, deve ser valorizada, deve ser valorizada. Aqui eu aproveito para agradecer mais uma vez ao ministro Padilha, que destinou essas ambulâncias. Várias cidades mineiras foram agraciadas com essas ambulâncias, como Belo Horizonte, Bocaiúva, Congonhas, Francisco Sá, Manga, Monte Azul, Monte Carmelo, Pará de Minas, Salinas, Contagem, Ipatinga, Itabira, minha querida Itaobim, Malacacheta, Mariana, Nanuque, Novo Cruzeiro, Pedra Azul, Piumhi, Poços de Caldas, Ponto dos Volantes, Sete Lagoas e Uberaba. O deputado Hely Tarqüínio é médico e sabe da importância do serviço do Samu, da vacinação e de todos os programas do Ministério da Saúde. Essas cidades mineiras foram beneficiadas. Nós queremos que todas sejam beneficiadas, nós queremos lutar pela expansão do Samu. É um absurdo um político, um profissional de saúde pregar contra o Samu. O Samu é um programa de governo muito desenvolvido na França, e essa ideia veio para o Brasil.
O governo Lula criou o Samu, que ajuda a salvar vidas. É uma equipe multidisciplinar. E eu quero chamar-lhes a atenção para falar dessa equipe, que trabalha 24 horas por dia. Qualquer momento em que você chamar... Já entrei em ambulância do Samu para acompanhar o meu pai. Eu entrava em ambulância do Samu quando via acidentes nas estradas de Minas Gerais e, se não houvesse um médico, eu me colocava à disposição, parava a minha viagem e entrava na ambulância. Também entrei algumas vezes para ajudar tanto os companheiros do Samu quanto os companheiros do Corpo de Bombeiros a prestarem socorro. Por sinal, deputado Betão, fui conduzido ao hospital no dia em que seria o médico plantonista no CTI durante a pandemia. Cheguei na maca, na ambulância do Samu, com problema de coluna. Eles tiveram que me retirar do 3º andar do meu apartamento, em Itaobim. Quando eu cheguei ao hospital, o pessoal disse: “Dr. Jean, não tem médico”. Eu falei: “O médico de plantão sou eu”. Não haviam encontrado médico, então eles me levaram para dentro do CTI naquele dia em que fui levado pelo Samu. Eu vi todo o carinho, todo o cuidado dos companheiros. Primeiro porque já atuei com eles em algumas ações e vi, como paciente, todo o cuidado que tiveram comigo. Portanto o trabalho do Samu é sério, é um trabalho que não traz questões partidárias, é um trabalho que todos nós temos que apoiar. Solicito a todos os parlamentares desta casa: vamos apoiar todos esses profissionais, homens e mulheres que estão ali para nos servir, para servir os nossos parentes.
Nós temos um problema relacionado aos condutores do Samu. Deputado Eduardo Azevedo, eles conduzem a ambulância, ajudam a resgatar o paciente – fazem cursos para prestar o primeiro atendimento, os primeiros socorros –, chegam à central do Samu, para onde levam os pacientes, e precisam fazer a desinfecção da ambulância. Deputado Hely Tarqüínio, V. Exa. sabe disso, é médico. Na pandemia, colocaram as suas vidas em risco. E quanto ganha um condutor do Samu? É um absurdo o salário de um condutor do Samu; é um absurdo de tão baixo. Já fizemos audiência pública, nesta casa, e, hoje, eu quero demonstrar a minha total solidariedade – não só solidariedade. Vamos pedir a realização de nova audiência pública. Então quero convocar todos os consórcios do Samu para que possamos valorizar mais esses profissionais, para que não deixemos nenhuma unidade do Samu sem equipe completa. Não adianta haver médico, enfermeiro, técnico e não haver condutor do Samu. Que nós possamos, sobretudo, dar garantias e salário digno a esses condutores, porque muitos trabalham em escala de 12X36, e, quando você vai ver, o salário é R$1.600,00 ou R$1.800,00.
Assim eu quero pedir o apoio dos colegas deputados desta Casa para que possamos levar essa demanda aos municípios, aos consórcios, ao governo do Estado e ao governo federal, a fim de valorizarmos mais o Samu. Viva o Samu! Parabéns aos companheiros do Samu!