DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 29/11/2024
Página 31, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 2238 de 2024
51ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 27/11/2024
Palavras do deputado Leleco Pimentel
O deputado Leleco Pimentel – Eu estou desconfiado de que o Zema resolveu enfiar a mão no bolso para oferecer algo àqueles que vão enfiar o dedo para votar contra os servidores. Eu ando desconfiado. Como eu não tenho papas na língua nem rabo preso, eu acho que a negociação está sendo muito boa para eles, porque existe aqui um número de deputados escondidos que devem estar negociando, pela Secretaria de Governo, para que haja emenda para votar contra o povo. Eu não tenho dúvida, deputada Beatriz. E o que nos faz subir aqui e dizer que a cor do dedo de quem vai botar o voto contra o Ipsemg e contra os servidores… Vai haver, tem que haver carômetro. E não adianta olhar com cara feia, como se tivesse reserva moral, como se tivesse ética para guardar, porque quem vende a consciência tem que, no mínimo, no mínimo, ficar vermelho diante da opinião popular. Tem que ter coragem de subir aqui para falar. Exceto a Mesa – e há gente que não é nem da Mesa –, eu acho que todo deputado tinha que ter a coragem de vir aqui e dizer para o povo que está caindo, mais uma vez, na chantagem que o governo Zema mantém toda vez que há orçamento para votar.
E o orçamento, gente, é coisa muito, mas muito importante para deputado, porque tem gente que não tem moral para voltar à base, mas manda recado com as emendas parlamentares. Vocês acham que eu fico feliz em dizer isso? Em dizer que o orçamento, que poderia ter o orgulho da participação como grande exercício feito na Comissão de Participação Popular, que deveria ser exercício do povo, está sendo decidido dentro do gabinete do Gustavo Valadares, a mando, não do Zema, porque o negócio e o orçamento do Zema são outros. O orçamento dele já está andando longe, o orçamento dele agora é para tentar se cacifar como candidato, já que, daqui a uns dias, nós teremos na Papuda aquele que tanto chamou o presidente Lula de prisioneiro.
Então, é importante a gente saber que, no jogo político que está sendo jogado em relação ao Ipsemg, tentaram uma cortina de fumaça. Vocês estão sabendo que o vice-governador arvorou-se de governador durante uns 10 dias e que o Zema pegou as malinhas e foi lá para não sei onde fazer não sei o quê? Eu acho que ele deveria ter ido embora com o Milei, porque o Milei falou assim com a turma de lá: “Pode ir embora todo mundo, que nós não vamos assinar embaixo desse trem de mudança climática”. E como não se sabe nem por onde anda o Zema, acho que eles devem ter saído juntos.
Milei e Zema devem ter cascado fora de onde estavam discutindo questões climáticas. Mas o vice-governador, achando que pode surfar na onda de lavar vasilha na pia, como o Zema faz, resolveu vir aqui e foi ao protocolo. Eu acho que os colegas da turma dele nem o reconheceram, pois parece que está usando Ozempic. Ele está perdendo peso, ele está perdendo peso. Agora, ele está ficando mais bonito. Para dar uma de bacana, de bonito, o danado do vice-governador, que está achando que governará Minas Gerais, resolveu ir ao protocolo e enfiou dois papeizinhos lá. Ele chama o trem de corporation e chama atenção para tirar o foco do Ipsemg para a privatização. Eles não têm coragem de chamar de privatização, mas eu vou dizer-lhes: nós fizemos conjuntamente – eu, a deputada Beatriz, a deputada Bella Gonçalves…
Na sexta-feira, nós estávamos aqui, na Assembleia, durante a audiência pública que contou com a participação do secretário nacional de Participação Social do governo Lula, Renato Simões, ex-deputado federal pelo Estado de São Paulo. Ele nos alertou de que foi esse o modus operandi que eles utilizaram nas privatizações da Sabesp e em outras em São Paulo.
Primeiro, chamaram o trem de corporation. Parece até aquelas músicas da década de 1970 – não sei o que society. O corporation deles é abrir para o capital privado dar o tombo na Assembleia, arrancar de quinta para não haver referendo popular. Durante a audiência pública, chamou-nos muito a atenção para o fato de que foi por aí que eles iniciaram aquilo tudo que está acontecendo em São Paulo, mas o povo não entendeu o recado. Na véspera da eleição, com o apagão, não houve distinção entre pobre e rico, hospital, supermercado e quitanda de venda. Nenhum deles conseguiu ter luz ligada ou um aparelho de congelamento. Ficou todo o mundo na penumbra. E o que o vice-governador veio protocolar aqui? A penumbra para Minas Gerais, porque a Cemig… Eu não coloco culpa nos trabalhadores, mas, sim, nos canalhas acionistas. Chamo-os de canalhas porque duvido que você saiba o nome de um canalha acionista, além do governo, que quer abrir mão para que eles possam maltratar os servidores terceirizados, que, inclusive, estão fazendo greve em vários lugares, pois o salário inicial desses prestadores de serviço é menor do que um salário mínimo.
É por isso que eu não consigo deixar de afirmar que Zema acha que administra as suas lojas mequetrefes quando ele pensa em tudo do Estado. Ele não deseja nem que o servidor do Ipsemg se aposente, porque, se passar dos 59 anos, lapada nas costas dos velhos, que ele quer que morram. Se o menino tem 21 anos, ele diz: “Vai ter que pagar, vagabundo”. É assim que ele pensa. Ele também disse: “Não tem negócio de apartamento para vocês mais, não. Vocês todos vão dormir na enfermaria”. Isso se houver Ipsemg, se houver Ipsemg.
Betão, você é sábio demais, por isso é professor. O Betão resumiu. O Betão olhou para a galeria, viu as crianças, que eu sempre respeitei, gritando: “Fora, Zema!”. Todos aqui viram. Tomara que a mídia coloque como resultado desta reunião de hoje o grito das crianças, que, em menos de 3 minutos, na fala do Betão, já sabiam resumir a cantilena que os deputados ainda não aprenderam: “Fora, Zema!”. Vamos ter coragem de expor aqueles que estão negociando emenda para votar contra o Ipsemg.
Vocês, dos sindicatos, têm que colocar… Se eles têm preocupação com a bancada da base, com a bancada da Bíblia, da bala, do boi, a bancada do nem sei para onde foi, eles têm de ter a cara estampada. Olhem, lamento, lamento e lamento. Permitam-me discordar de vocês, permitam-me discordar de vocês, permitam-me discordar de vocês! Eles não são traidores, não. Eles não são traidores, porque nunca os apoiaram. Então não são traidores, o que acontece é que eles traem a consciência, traem, às vezes, até a mãe deles, que os colocou no mundo para poder ter dignidade. Eles não traem os trabalhadores, mas traem a própria mãe. Provavelmente, aquelas que estão vivas devem dizer “eu deveria ter comido no ninho”. Deixo, então, nossa saudação de boa tarde, porque acho que há muito filho de chocadeira no meio de nós. Muito obrigado.
O presidente – Obrigado, deputado Leleco. Com a palavra, para encaminhar a votação, o deputado Ricardo Campos.