DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 15/11/2024
Página 398, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 2238 de 2024
48ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 13/11/2024
Palavras do deputado Leleco Pimentel
O deputado Leleco Pimentel – É lamentável que muitos – não por alguma deficiência física, mas pela incapacidade de ter sensibilidade para o que está acontecendo – estejam se fazendo cada vez mais surdos aqui. Ontem eu apelei até para a mandinga. Pedi a todos os santos, aos orixás, mas o coração do líder João Magalhães, nosso deputado, não amoleceu. Saímos daqui tarde – eu e a deputada Beatriz –, e rendemos também a presença do Cleiton, dos deputados que ali estavam.
Eu estive em Januária, há poucos dias, na escola quilombola da comunidade do Alegre II. Já era noite quando o diretor, muito conhecido, chamou ali as ASBs. Ele me perguntou ao final: “São 400 alunos, 3 turnos. Você sabe quantas ASBs trabalham aqui, nesta escola que tem até plantação de mamão por gotejamento, tem horta, tem segurança alimentar, inclusive alimento que vem de sementes crioulas, que conserva também a ancestralidade do povo?”.
Eu respondi: “Não sei quantas”. Aí, ele falou: “Pasmem! Para cuidar disso tudo aqui, de 400 alunos e professores são sete ASBs”. Eu lembrava que a ASB para Zema é igualzinho a quando ele paga… Aliás, quando paga, não é? Porque ele tira a onda que paga, mas não paga. Vá à loja mequetrefe do Zema que vocês vão ver. O cabra está aplicando a regra da loja mequetrefe no Estado. É mequetrefe Zema! Porque, nas lojas, não sei o que é… Parece-me que ali é fachada, mas eu sei que o negócio tem posto de gasolina, tem tudo. Mas vamos voltar às ASBs da comunidade quilombola de Alegre, em Januária.
Eu ouvi uma das ASBs, Leninha, dizer assim – e estava junto ali com o Padre João: “Deputado, não deixe que esse Zema arranque de nós a assistência do Ipsemg”. E aí eu fui fazer o cálculo com ela. O cálculo é simples. Ela tem um salário de aproximadamente R$1.450,00 e paga hoje R$128,00 para os dependentes, mas, na proposta do Zema, vai ter que pagar R$360,00. Faça o cálculo aí, deputado João Magalhães! Eu sei quanto custa um pacote de arroz, eu sei quanto custa um pacote de feijão, eu sei quanto custa aquela caixinha de leite. Há gente aqui que não sabe e acha que leite surge dentro da caixinha.
Pois bem, eu tenho certeza de que Zema está trazendo a insegurança alimentar para o lar de mais de um milhão de servidores numa tacada só. Esse cabra é um cabra que merecia mesmo sabe o quê? Que a gente estivesse aqui votando o impeachment. E olhem que eu nunca imaginei subir a uma tribuna para dizer que Zema merece o impeachment. Sim, porque essa é a arma da direita. Mas a gente tem que usar as armas deles também contra eles mesmos. Se é que age pensando que está cuidando muito mal e porcamente das suas lojas mequetrefes, ele aplica a regra neoliberal? Por que, gente, o que é neoliberalismo? O Estado inteiro no bolso de alguns. Estado nenhum. Eles até ousam falar “mínimo” para os que sustentam o Estado. É isso.
Então a regra neoliberal é cuspida e escarrada a paisagem jocosa de um governador que ri da cara dos outros enquanto lava a louça na pia. Um dia desses eu até pensei em pedir uma auditoria. A gente tem que auditar para ver se Zema está lavando aquele pratinho mesmo, porque acho que aquilo é falso demais! Eu nem acredito que ele lava aquele prato e acho que nem comeria naquele prato: um prato da falsidade. Por quê? Porque o prato que Zema está oferecendo ao servidor é um prato vazio, é um prato sem condição de segurança alimentar, é um prato que não dá dignidade ao servidor que precisa procurar o Ipsemg para se tratar, é um prato da maldade que oferece uma paisagem e que devolve com a tristeza de retirar daquele que está salivando para se alimentar. É com essa expressão simples do povo que a gente precisa explicar o que os servidores estão tentando falar há meses. Há meses os servidores do Sind-UTE, sindicalizados ou não, e os servidores da educação estão aqui se lamentando na porta da Assembleia. Passou a eleição, e parece que esses deputados não aprenderam nada. Sabem por quê? Porque a gente descobriu que eles compraram a reeleição. As Emendas PIXs lavaram as consciências, e o povo feito besta caiu.
Deputado Eduardo Azevedo – eu não posso confundir com o Azeredo, porque senão vão pensar que você já foi governador –, eu usei a expressão aqui e dirigi-me a V.Exa. para dizer que 84% dos prefeitos reeleitos, 84% dos prefeitos eleitos foram reeleitos por influência das Emendas PIX. E, ontem, a CGU, a Controladoria-Geral da União, mandou recado para quatro municípios mineiros, um deles é o Município de Araponga. As obras sequer começaram, deputado Roberto Andrade – obra que não sai do papel, mas o dinheiro já foi para o beleléu. Ontem, eu aprendi com o deputado Roberto Andrade que “mequetrefe” não é só coisa sem valor; “mequetrefe” é aquela pessoa também xereta. O que o Zema foi xeretar no governo de Estado, Roberto Andrade? O que ele está xeretando lá, se ele não sabe nem cuidar das lojas mequetrefes? Ele quis se arvorar em político e agora provoca essa maldade. Eu só queria dizer, gente, que, quando dirigimos a palavra a Zema, que é um fantoche, estamos nos utilizando de metáfora, porque, na verdade, quem está por trás do Zema é um grupo de muita maldade. Quem está interessado em pegar o patrimônio do Ipsemg, que está aqui no hipercentro, que está lá em Araxá, é quem está comandando o governo Zema. De vez em quando, essas pessoas se esquecem de botar a máscara e colocam a cara para fora. Aconteceu assim com o Salim Mattar, mas Salim agora está interessado no México, em abrir umas lojas por aí, pela América Latina, ele está doido para entrar com o “Trampa” lá nos Estados Unidos; o negócio dele agora é ser internacional. Mas o Zema continua sendo comandado. Eu estou coordenando uma audiência pública sobre as ameaças das mineradoras na Serra do Botafogo, de Ouro Preto, e está ali patente que ele sucateou todos os órgãos, aparelhou o Instituto Estadual de Florestas, aparelhou aqueles órgãos que têm responsabilidade pelo licenciamento ambiental e está agora querendo quebrar… Quem ainda ousa dizer que o Estado precisa de servidor para executar política pública? Ele não quer o Estado, porque ontem ele disse que trabalhador tem que continuar a combinar com o dono, é o dono do negócio que tem que combinar. Se o trabalhador quer trabalhar… É um casamento, e só casa quem quer. Como um ser abominável desses governa o Estado de Minas Gerais? Nós nos revezaremos em luta para não deixar de falar, de denunciar a canalhice que está por trás desse projeto de lei. Portanto, eu peço, presidente, que a gente possa adiar a votação e, se possível, pedir o impeachment de Zema e rasgar, botar fogo nesse projeto de lei dos infernos.
O presidente – Obrigado, deputado Leleco. Com a palavra, para encaminhar a votação, a deputada Andréia de Jesus.