Pronunciamentos

NILDA DE FÁTIMA FERREIRA SOARES, Diretora-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig

Discurso

Agradece a homenagem recebida pelo transcurso do 50º aniversário de fundação da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig.
Reunião 29ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 13/08/2024
Página 4, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 3965 de 2023

29ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 8/8/2024

Palavras da Sra. Nilda de Fátima Ferreira Soares

Boa noite a todos. Inicialmente, quero agradecer muitíssimo a esta Casa, esta Casa que representa o povo. Estou profundamente grata pela Epamig. Quero agradecer a presença da nossa 1ª-vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputada Leninha, que aqui representa o nosso presidente, o deputado Tadeu Leite. Imensamente agradecida estou ao nosso 1º-secretário da Assembleia, o deputado Antonio Carlos Arantes, que foi o autor do requerimento desta homenagem. Ao longo da minha fala, vocês poderão perceber – e já sabem de toda a fala que eu tive ontem na cerimônia – o quão importante foi o deputado Antonio Carlos Arantes nessa crença, nesse acreditar que ele tem no agronegócio. Naturalmente, acreditando na agricultura, na pecuária, ele entendeu que a pesquisa, a ciência e a tecnologia são de importância vital para os nossos agricultores e as nossas agricultoras. Então, deputado, nós somos eternamente gratos à sua luta, à sua perseverança, às suas palavras. Todos os dias em que eu vim a esta Casa, a esta Assembleia, foi para conversar com os deputados sobre a importância de nós termos um recurso garantido para a execução dos nossos projetos. E, muitas vezes, no meu desânimo, você dizia: “Professora, nós vamos conseguir. Nós precisamos só ter um tempo para que a gente possa fazer todo esse trabalho”. E esse trabalho foi feito durante cinco anos, talvez até antes, não é, deputado? Mas no meu período aqui na diretoria da Epamig, foram cinco anos de trabalho com esta Casa. E claro, nós temos que agradecer imensamente a todos os deputados, que compreenderam a importância de se ter um recurso garantido para a pesquisa agropecuária no Estado. Então quero deixar o nosso mais profundo agradecimento por esta homenagem e por todo o trabalho que gerou a Lei nº 24.821. Quero agradecer imensamente ao Sr. José Ricardo Roseno, subsecretário, que aqui representa o nosso secretário Thales, que infelizmente, por causa de uma pós-cirurgia, não pôde estar aqui conosco. Quero dizer da parceria, do apoio que a Seapa tem dado à Epamig. Ele está sempre presente, sempre ouvindo as nossas demandas e ali pronto para nos atender. Então, José Ricardo, leve ao nosso secretário o nosso mais profundo agradecimento por essa parceria, por essa sensibilidade e por esse entendimento da importância da Epamig. Quero também agradecer ao nosso parceiro da Seapa, secretaria composta de três afiliados no sistema agropecuário: Epamig, Emater e IMA. Eu agradeço muito à Emater e ao IMA por serem esses parceiros, essas coirmãs. Antonio Carlos, completar 50 anos, mas ao lado de parceiros como o IMA e a Emater, torna o caminhar mais fácil. Então quero agradecer imensamente a você por essa parceria sempre, assim como ao diretor do Sebrae, o Sr. Afonso, nosso parceiro também de todas as horas. E, na sua pessoa, eu agradeço a todos os membros do conselho administrativo e do conselho fiscal. O Afonso é nosso parceiro no conselho administrativo e naturalmente norteia esse caminhar da Epamig. E é muito bom ter pessoas com essa experiência, com essa visão de perceber a importância que tem a pesquisa para o desenvolvimento do Estado.

Eu quero também, em breves palavras, como diz o deputado Arantes, falar com o coração. Hoje eu resolvi não escrever, deputado Arantes, porque eu queria dizer da minha enorme alegria de estar neste momento à frente da Epamig, juntamente com dois diretores que são parceiros incondicionais. Eu tenho que fazer o meu maior agradecimento ao Leonardo Kalil e ao Trazilbo por serem parceiros no dia a dia, diante dos desafios que temos que enfrentar dentro da empresa Epamig, mas que a passos largos nós caminhamos durante esses 5 anos.

Como disse, não sou do quadro da Epamig, mas acompanho a vida da Epamig, há mais de 40 anos. O meu esposo é um ex-servidor da Epamig e naturalmente todos os desafios, todos os momentos de alegria, todos os momentos de tristeza... Eu diria a palavra tristeza, quando percebíamos que o governo do Estado não entendia a importância da Epamig e as fragilidades pelo tempo que a Epamig passou nesse período. E ali as pessoas continuaram resistentes, persistentes, resilientes, construindo essa história de 50 anos. Então, a todos aqueles que construíram essa história, fazer 50 anos não são 50 dias! Foi preciso que muitas pessoas pudessem construir essa história. E a todos eles, o nosso mais profundo agradecimento. Se hoje estamos aqui comemorando é porque eles souberam passar esses momentos tão difíceis e conseguiram sobrepor tudo isso. E àqueles que estão aqui conosco hoje, que fazem parte do quadro da Epamig, vocês são responsáveis pela história que se vai construir.

Pesquisa é muito mais falar de futuro do que falar de passado. A pesquisa se apoia nos resultados, no conhecimento, naquilo que foi gerado, mas é preciso que ela também tenha a visão do futuro. E vocês, que hoje fazem parte desse quadro, são responsáveis por esse futuro. Então quero agradecer a vocês por terem escolhido a Epamig. Vocês poderiam ter escolhido muitas outras empresas, mas escolheram estar na Epamig com todas as dificuldades talvez por que passaram, mas persistiram e aqui estão. Portanto, façam o melhor para a Epamig. Quando vocês fazem pela Epamig, vocês fazem por um mundo de pessoas que talvez vocês nem tenham sua dimensão ou que nem seja possível conhecer. Porque nós fazemos todo o nosso trabalho para as nossas agricultoras e para os nossos agricultores. São esses heróis que estão no campo, faça chuva ou faça sol, literalmente, são pessoas persistentes que estão lá provendo o alimento para a nossa mesa do dia a dia. Então a esses heróis, o nosso mais profundo agradecimento, porque é para eles e por eles que nós lutamos no dia a dia.

Mas a pesquisa tem algumas características que nós temos que mencionar. Por muitas vezes ela não é compreendida, por muitas vezes nós queremos o resultado para amanhã, e a pesquisa precisa de tempo, precisa de maturidade. Um outro ponto importante: porque ela não é imediata, às vezes, ela não consegue o seu apoio financeiro. E ter aprovado essa Lei nº 24.821 para a Epamig foi de fundamental importância. Hoje eu vejo a nossa preocupação completamente diferente daquela de quando cheguei à Epamig há 5 anos. Nós não tínhamos recurso para garantir nenhuma pesquisa que fosse demandada. Hoje, muito pelo contrário, nós estamos assegurados por lei de 8% do 1% que vai para a Fapemig. O que significa esse número atualmente? Nos dias de hoje, nós estamos prontos para receber R$40.000.000,00, que serão aprovados, que serão apresentados em projeto e analisados pela Fapemig. E naturalmente esse recurso será todo colocado em projetos, que são demanda dos nossos agricultores e agricultoras.

Então, ter essa garantia para nós, que somos pesquisadores, é um passo enorme. É muito importante dizer que nós não dependemos mais de sensibilidades de governo. Está garantido por lei que nós teremos um recurso e, claro, o mais importante também é saber usá-lo de maneira que a gente possa atender a demanda, que é muito alta dentro do Estado.

Quando a Epamig entrega vinho, a gente, às vezes, não tem ideia. Nós somos, no Estado de Minas Gerais, mais de 50 vitivinicultores. A produção de vinho de inverno está crescendo significativamente dentro do Estado, e isso foi possível a partir de uma tecnologia gerada pela Epamig: a dupla poda. Isso fez com que a gente pudesse ter o melhor vinho de inverno, e hoje estamos tendo vários vitivinicultores montando a sua própria vinícola e produzindo o seu próprio vinho.

Quando nós falamos que Minas Gerais foi o primeiro extrator de azeite extra virgem há 15 anos e que nós estamos gerando novas variedades de oliveiras, às vezes, é assustador! Na Serra da Mantiqueira, mais de 120 pessoas produtoras estão produzindo azeite de excelente qualidade e ganhando prêmios internacionais. Essa é a mão da Epamig!

Quando nós pensamos no Norte de Minas, na fruticultura, nós temos a banana como uma fruta, uma mola propulsora no Norte de Minas; quando nós pensamos na palma forrageira, ela está lá fazendo todo o trabalho de matar a fome daquele gado para que os pequenos agricultores possam ter a sua produção de bovino garantia; quando nós pensamos em mais de 20 variedades de café e quando falamos em café, nós nos lembramos do que o deputado Antonio Carlos Arantes bem disse: em 1974, quando a Epamig foi criada, a produção de café em Minas Gerais não passava de 15 milhões, 20 milhões de sacas de café, com uma produção de menos de oito sacas por hectare, mas, hoje, nós estamos falando de uma produção de 47 milhões de sacas de café, com uma produtividade que chega a 30, 40 sacas por hectare. Isso tudo só foi possível pela pesquisa, haja vista que o aumento de área foi ínfimo, foi muito pequeno! Então nós pudemos levar aos agricultores todas essas tecnologias.

Quando nós falamos dessas tantas variedades de café no Estado, que é o maior produtor de café, para que nós possamos continuar sendo o maior produtor de café, é preciso que a gente garanta novas variedades, é preciso que a gente garanta um manejo melhor, é preciso que a gente garanta a resistência à doença e, claro, é preciso que a gente teste essas variedades, como está sendo feito agora pelo nosso grupo de pesquisadores em vários locais do Estado, porque nem toda variedade serve a todas as regiões do Estado Minas Gerais. É preciso que a gente teste e que a gente faça esse trabalho, e isso está sendo feito pelo nosso grupo de pesquisadores na área de café.

É bom que vocês saibam que a Epamig tem um conjunto de pesquisadores de café maior do que qualquer outra instituição dentro do Brasil. É também muito importante pensarmos que nós levamos para os nossos agricultores as várias metodologias em agroecologia, que tornam uma produção mais sustentável. Se vocês veem essas flores que hoje estão ornamentando, isso é resultado de pesquisa de nossos pesquisadores, que estão fazendo com que as nossas flores possam ser mais bem conservadas e tenham essa beleza que vocês estão vendo aqui. Tudo isso é resultado de pesquisa.

Então é importante valorizar a pesquisa, fazer com que ela tenha essa garantia de recurso, fazer com que ela tenha a garantia de pessoas. Estamos clamando! Nós temos muitos desafios, mas nós estamos clamando por um concurso público para que a gente possa receber mais pessoas e atender ainda mais a demanda do Estado, que é muito grande – são esses os desafios. Agora nós estamos olhando para o futuro em que é preciso reformar as nossas unidades e fazer um novo plano de cargos e salários. Tudo isso é parte desses desafios, e agora nós estamos caminhando para cada um deles.

Então eu quero agradecer imensamente. Eu falei de toda a história, mas eu vou voltar lá, no início: tudo isso só foi possível por causa de um visionário, de um mineiro que eu digo que foi o mais brasileiro dos homens e que acreditava na agricultura, o Dr. Alysson Paolinelli. Foi ele que, ao criar o Pipaemg, em 1971, e ao entender que a pesquisa precisava de uma organização, de uma entidade, de uma empresa que pudesse receber os recursos de uma forma mais facilitada, transformou o Pipaemg na Epamig, em 1974.

Foi esse grande visionário, foi esse homem que, ao deixar Minas Gerais em 1974 para ser ministro da Agricultura, exatamente há 50 anos, deixa o Estado com essa produção de leite e de café que eu mencionei. Nós produzíamos somente 2 milhões de litros de leite. Hoje Minas é o maior produtor de leite do Brasil, com 9 milhões de litros de leite. Tudo isso foi resultado de um trabalho de pesquisa feito a partir dessa visão, a partir da visão desse homem que deixou tudo pronto para que a Epamig pudesse começar o seu trabalho em agosto – ele foi para Brasília em março. Então a ele o nosso mais profundo agradecimento, porque ele foi capaz de enxergar a importância daquilo de que o mundo iria precisar.

Para vocês terem uma ideia, em 2050, nós seremos em torno de 10 bilhões de pessoas na face da terra. Nós teremos mais de 200 mil novas bocas para serem alimentadas. Por isso nós precisamos muito de que as nossas tecnologias, a nossa ciência e a nossa inovação possam ser levadas a todos. Eu digo que não existe nada mais democrático do que a pesquisa. Quando nós criamos uma nova variedade de qualquer produto, seja café, seja trigo ou o que for, ela é levada a todos os agricultores. Qualquer agricultor tem acesso a essas nossas pesquisas. Então é isso que está fazendo com que os nossos pequenos, médios e grandes agricultores tenham acesso a essas tecnologias que são geradas pela Epamig.

Eu quero, finalizando, agradecer imensamente, mais uma vez, a esta Casa, que nos proporcionou esse marco histórico. O dia 28/5/2024, quando aqui, neste Plenário, foi votada a lei, e o dia 15/6/2024, quando foi sancionada pelo governador Zema, esses dias, com certeza, são um marco na história da Epamig. Então, aqui fica, mais uma vez, o meu agradecimento a todos os deputados, capitaneados pelo deputado Antonio Carlos Arantes, e ao governador Zema, com sua sensibilidade enorme pela pesquisa. Antes de tudo isso acontecer, nós já conseguimos dar grandes passos dentro da Epamig, apoiados pela equipe de governo, por todas as suas secretarias, em especial a Seapa.

Eu quero, mais uma vez, fazer esse grande agradecimento e dizer que a Epamig está pronta para os próximos 50 anos, com os desafios que lhe são naturais. Nenhuma instituição está acabada. Ela precisa todos os dias se reinventar. Ela precisa todos os dias mostrar para a sociedade a sua importância. E este é outro ponto muito importante para nós: a Epamig não se encontra, não tem nenhuma unidade no Oeste de Minas, na região de Unaí e Paracatu, e também não tem unidade na região do Jequitinhonha e Mucuri, mas nós temos recebido o clamor de prefeitos e lideranças desses locais para que a Epamig possa estar nessas regiões. Isto, para nós, é o mais importante parâmetro de relevância: quando as pessoas, quando a sociedade, quando as comunidades nos solicitam, porque elas veem a importância do nosso papel.

Então nós estamos prontos para ir para esses locais e pedimos a ajuda da Assembleia e do governo para que possamos nos colocar à disposição de dois locais que têm características muito diferentes: os Vales do Jequitinhonha e Mucuri, com sua escassez hídrica, com seu solo; e o Oeste, região de Unaí e Paracatu, que tem suas grandes produções de grãos e que necessita dessa pesquisa.

Queria agradecer mais uma vez e dizer quão feliz a Epamig está com este momento de comemoração dos 50 anos, e 50 anos com uma grande reviravolta. Nós entramos numa inflexão agora para subida. E eu tenho certeza de que, com esse amor, com esse carinho, com essa dedicação, com esse comprometimento dos servidores da Epamig com a empresa, com esse recurso financeiro que nós temos assegurado e com os desafios que nós temos pela frente, muitos 50 anos virão. Então, à Epamig, vida longa! Que nós possamos contribuir muito mais para o desenvolvimento deste estado, porque essa é a nossa grande missão. Muito obrigada!