Pronunciamentos

DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)

Discurso

Convida deputados estaduais e federais que se elegeram com votos do Vale do Jequitinhonha para participar de reunião da Frente Parlamentar para Melhoria das Estradas Mineiras, com o objetivo de discutir sobre a situação da Rodovia BR-367. Comenta notícia publicada pela imprensa de que o ex-secretário de Estado da Fazenda, Gustavo Barbosa, teria custado aos cofres mineiros R$ 3,4 milhões entre 2019 e 2023.
Reunião 22ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/05/2024
Página 60, Coluna 1
Indexação

22ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 22/5/2024

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Muito obrigado, presidenta Maria Clara. Parabéns também pelo trabalho brilhante que faz nesta Casa em defesa do Triângulo, em defesa de Patrocínio, de toda a nossa Minas Gerais, uma deputada também muito aguerrida. Quero cumprimentá-la e cumprimentar os colegas deputados e deputadas, cumprimentar os servidores desta Casa que nos assistem, todo o cidadão e cidadã mineira que nos assiste pela TV Assembleia, pelas redes sociais.

Deputada, eu gostaria de reforçar um convite que fiz a todos os deputados estaduais. Com certeza, esse convite já chegou ao gabinete de todos, mas faço questão de citar os nomes, especialmente daqueles mais bem votados no Vale do Jequitinhonha: deputado Jean Freire – eu mesmo me convidei –, deputado Neilando Pimenta, deputado Carlos Henrique, deputado Gustavo Valadares, que hoje é secretário, deputada Beatriz Cerqueira, deputado Gustavo Santana, deputado Alencar da Silveira, deputado Duarte Bechir, deputado Arlen Santiago, deputado Gil Pereira; e também os deputados federais: Gilberto Abramo, Rodrigo de Castro, Zé Silva, Euclydes Pettersen, Igor Timo, Hercílio Coelho Diniz, Diego Andrade, Padre João, Odair Cunha, líder do governo, Leonardo Monteiro, Rogério Correia, Paulo Guedes.

Esta é mais uma ação que eu pensei em fazer na segunda-feira. V. Exa. está convidada também, pois sei que se preocupa muito com a questão das estradas. É uma reunião ampliada da Frente Parlamentar pela Melhoria das Estradas Mineiras que estamos formando. Em especial, nós vamos discutir sobre a BR-367, com a presença do superintendente do Dnit. Pensei em fazer uma reunião de trabalho, porque acho que é uma tarefa de todos os parlamentares votados na região. Eu costumo dizer que sou aquele que mora lá, mas não sou o único votado lá. Passo nessa estrada toda semana. Por isso, a cada semana, a gente tem que tentar articular algo. Não é porque mudou o governo que eu deixei de travar a luta. Diga-se de passagem, do último ano para cá, talvez já tenhamos produzido muito mais vídeos, denúncias sobre a BR-367. Eu não sou daqueles que quando muda governo muda a opinião.

Mais uma vez, fica aqui o convite a esses parlamentares. Eu estou ligando principalmente para os deputados federais; já entrei em contato com alguns por telefone. O Dr. Antônio Gabriel, superintendente do Dnit, confirmou a presença. Nós queremos fazer mais essa tática, digamos assim, de reunião com os parlamentares, para que dali possam sair ideias, porque juntos somos mais fortes.

Subo à tribuna, deputada, para falar de uma reportagem do Estado de Minas, conforme muito bem falou o nosso deputado Professor Cleiton, sobre o que ganhou, nos cinco anos em que esteve aqui, de 2019 a 2023, ou seja, o que os cofres públicos do Estado de Minas Gerais renderam para aquele que arquitetou o Regime de Recuperação Fiscal do Rio de Janeiro, aquele que fez também todo o arcabouço, a arquitetura do Regime de Recuperação Fiscal do Estado de Minas Gerais. Refiro-me àquele a quem questionei como estariam os salários se o governo anterior ao governo Zema, ou seja, governo do Fernando Pimentel, do Partido dos Trabalhadores, não tivesse entrado com a liminar. Está gravado. Ele mesmo disse que estaria devendo. Ou seja, são falácias, falácias, sempre colocando culpa em outros governos. Está lá para quem quiser ver.

Quem é esse “aquele” de que estou falando? Gustavo Barbosa, que ocupou a Secretaria de Fazenda por cinco anos. Agora essa matéria… Eu não quero fazer simplesmente uma fala sobre o salário dele. O que deixa a gente triste é a demagogia, é um governo assumir, dizer que seus secretários iam trabalhar de maneira voluntária, que não iam usar avião. Vamos lá: para quem está nos acompanhando, é importante vocês guardarem esses números: R$3.400.000,00, de 2019 a 2023. Então, R$3.400.000,00 foi o custo da permanência, durante quatro ou cinco anos, do secretário Gustavo Barbosa, aqui, em terras mineiras, com o discurso de cortar na própria carne; com o discurso deste governo de antipolítica; com o discurso, como eu já disse, de que não ia usar avião, de que ia diminuir os salários, de que ia doar o salário e tudo isso. Repito: R$3.400.000,00; e, para os servidores do Estado, 3,62% de aumento. É importante a gente frisar isso neste momento.

E eu queria, deputada Maria Clara, fazer uma conta rápida aqui. Nós fizemos uma conta muito rápida. O que daria para pagar? Quantos professores daria para pagar com esse recurso? Pagariam a 1.274 professores com esses recursos; a 2.412 ASBs. Minha mãe foi ASB do Estado, chamada carinhosamente de merendeira, ou servente escolar, como a gente, de maneira carinhosa, também chamava. Seriam 2.412 com esse salário, com esse recurso de uma pessoa, e 3.069 técnicos ambientais. E eu quero aqui, mais uma vez, chamar a atenção para esses servidores do meio ambiente que, desde 2016, vêm com ação judicial e não têm o seu plano de carreira: 3.069 técnicos ambientais.

Vamos fazer uma outra conta: quanto tempo demoraria para um professor adquirir esse recurso? A permanência, durante cinco anos – e, volto a dizer, o que dói é a demagogia –, de uma pessoa… Um professor gastaria 106 anos para ter esse montante se ele pegasse e guardasse, não gastasse nada. As ASBs precisariam de 201 anos, 201 anos para guardar esse recurso – minha mãe tem 91 anos de idade. Técnicos ambientais: 255 anos – olhem o absurdo – para juntar R$3.400.000,00. Seria preciso a gente subir muito a média de vida do brasileiro, da brasileira. Técnico de atenção à saúde: 261 anos. Pessoal da saúde, acabamos de sair agora da Semana da Enfermagem, e, mais uma vez, eu mando um afetuoso abraço a cada profissional dessa área; 261 anos para acumular esse recurso. Policiais! Olhem a importância da segurança pública! O governo chega, alardeia por onde vai que Minas tem a maior, a melhor segurança pública, uma das melhores polícias – e é verdade – do Brasil, mas, na hora do reconhecimento, eles precisariam de 64 anos para juntar esse salário, 64 anos.

Então é importante a gente colocar isso; mais do que detalhar demais, é importante a gente tentar ir para essa conta fácil de fazer, para essa matemática fácil de fazer. E você, que está em casa me escutando, me ouvindo; você, que é professor, filho ou filha; você, que é aluno, pense quantos anos a sua professora, o seu professor precisaria para juntar o salário que juntou em cinco anos uma pessoa: o secretário Gustavo Barbosa. E ele queria – e o governo ainda pretende, com esse Regime de Recuperação Fiscal – cortar aumento, cortar concurso público, não é? E agora vem apresentar um aumento de 3,62% aos servidores do Estado.

Eu sou filho de uma senhora de 91 anos, ASB, aposentada. Ela precisaria de 201 anos – trabalhados, e não de vida –, 201 anos para juntar esse recurso. Você, que defende o meio ambiente, tão importante para todos nós – somente agora nós estamos vendo o que está acontecendo com os irmãos e as irmãs do Rio Grande do Sul; você, que trabalha no meio ambiente; você, que é filho, filha de quem atua no meio ambiente… São 255 anos o que uma pessoa demorou 5 anos, somente 250 a mais do que ela. Técnico de atividade de saúde, repito, 261 anos. Saúde é tão importante, não é, gente? É tão importante aquele que vai à sua casa olhar a pressão, os agentes de saúde que adentram a sua casa e que conhecem toda a dinâmica da família. Atuei muito em Programa Saúde da Família – PSF –, sei o valor que cada um desses tem, do agente de saúde, da técnica de enfermagem, da enfermeira que vai até a casa ver a pessoa, dialogar, que conhece os pormenores daquela casa, que conhece sobre a alimentação. São pessoas prontas para falar sobre a questão da violência que as pessoas, tanto uma criança quanto uma mulher, sofrem em casa. Eles conhecem; às vezes, sabem muito, são uma das primeiras pessoas que tem esse olhar. Pense bem, você precisaria de 261 anos para ter esse valor.

E aos policiais, que estão agora também numa justa, correta e bela manifestação por todo o Estado de Minas Gerais, a vocês, que defendem tão bem a segurança; a vocês, policiais militares… Ainda ontem, deputada Maria Clara, nós perdemos uma sargento, a Aline, me parece, é o nome dela, na cidade de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, vítima de autoextermínio. A gente vê como a polícia está adoecida e, muitas vezes, com uma doença invisibilizada. Por que invisibilizada? Porque, muitas vezes, ela não pode nem mostrar que está doente. E quem mais sofre com isso, eu não tenho dúvida – tem questão de gênero também –, são as mulheres, as policiais, tanto na Civil como na Militar. Cada dia mais, os servidores da segurança estão adoecidos. E, repito, a gente tem chamado esse tipo de doença de uma doença invisível, invisibilizada, porque eles não têm o direito, às vezes, de externar essa doença.

Então vamos parar de usar o governo com demagogias, parar de andar por este estado em campanha, como se o governo fosse uma empresa. Não é uma empresa! Quem opta em fazer gestão, em entrar na vida pública não pode negar a política; quem opta por cuidar de pessoas… Eu sou médico e sei da importância da medicina, de qualquer área de saúde para cuidar das pessoas. Uma vez, quando uma professora me perguntou por que eu estava deixando a medicina – e eu atuo até hoje; menos, mas atuo – para entrar na vida pública, porque todo médico quer ser candidato a prefeito, a deputado, principalmente no interior, outra professora respondeu: “Conhecendo a história do Doutor Jean, ele não é o médico que virou político; ele é o político que virou médico”. A política, meus amigos, meus irmãos e minhas irmãs, é um jeito de cuidar das pessoas; a política é um jeito de cuidar do meio ambiente; a política é um jeito de cuidar da comida para as pessoas; a política é um jeito de cuidar da segurança e também da saúde.

Então quem ocupa qualquer espaço na vida pública tem esse dever de cuidar de pessoas, e quem cuida de pessoas não faz como o governador está fazendo. Muito obrigado, deputada.