Pronunciamentos

DEPUTADA ANA PAULA SIQUEIRA (REDE)

Discurso

Pesar pelo falecimento de Adão Domingos, jornalista, radialista da Rádio Bom Sucesso de Minas Novas. Comemora a revalidação do título de Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais para a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, do Município de Chapada do Norte.
Reunião 12ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 18/04/2024
Página 28, Coluna 1
Indexação

12ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 16/4/2024

Palavras da deputada Ana Paula Siqueira

A deputada Ana Paula Siqueira – Boa tarde, presidenta; boa tarde, colegas deputadas, colegas deputados, toda a população que nos acompanha, equipe técnica, assessoria.

Presidenta, hoje, eu quero tecer algumas palavras, fazendo uma menção ao nosso querido honroso e valoroso Vale do Jequitinhonha.

A deputada Ana Paula Siqueira – Obrigada, presidenta. Adão Domingos nos deixa e faz com que o sentimento ali do Vale do Jequitinhonha perceba que a voz do Vale se foi. Ele, que é amigo do povo do Vale, dos pobres, dos órfãos, das viúvas, dos artesãos, dos agricultores, dos professores, dos alunos, dos quilombolas, dos artistas de todas as naturezas musicais, dos grupos sociais e culturais, nos deixa uma profunda dor e a certeza de que fez muito, contribuiu muito para o Vale do Jequitinhonha, ecoando a sua voz por todo aquele território. Eu queria manifestar a minha solidariedade a todo o povo do Vale na pessoa do nosso querido amigo Zé Pedro, que é dono da Rádio Bom Sucesso de Minas Novas.

É nesse clima de presença tão forte e tão marcante das pessoas do Vale do Jequitinhonha, embora com profunda tristeza pela partida do Adão, que eu quero compartilhar com vocês que recebemos, na semana passada, uma notícia que nos encheu o coração de alegria e que queríamos, inclusive, ter compartilhado na rádio com o próprio Adão nesta semana.

Na quinta-feira passada, no dia 11 de abril, testemunhamos um momento histórico para a nossa querida Chapada do Norte e para todo o Estado de Minas Gerais. A Festa do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte foi revalidada como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais. Essa celebração única em nosso estado agora é oficialmente tombada pelo nosso patrimônio, reconhecendo sua importância e valor para a nossa história e cultura. O Conselho Estadual de Patrimônio Cultural aprovou, por unanimidade, a revalidação da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte como Patrimônio Cultural Imaterial no nosso estado.

A revalidação acontece a cada 10 anos para atualização do bem cultural Salvaguarda da Festividade, que obteve registros das celebrações pelo Iepha. O ponto central dessa festa sublime são as ruas de Chapada do Norte, cidade do Vale do Jequitinhonha que é simplesmente a cidade com a maior concentração de quilombos da América Latina. São também as casas dos moradores que se dedicam e esperam o ano todo por essa festa mais do que qualquer outra data do ano. Outro ponto também é a Igreja do Rosário, em Chapada do Norte, intitulada pelo Iepha como uma das 10 igrejas mais incríveis de Minas Gerais para se conhecer. Ao completar 202 anos de registro da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, mergulhamos nas raízes de nossa ancestralidade, nos modos de fazer que foram transmitidos de geração em geração. Mas essa festa vai muito além das tradições e costumes. Ela é uma experiência profunda, vivenciada junto com os congadeiros, os tambozeiros e a nossa fé inabalável. É uma mistura sagrada de fé, tradição, cultura e religiosidade, que nos conecta ao passado, ao presente e ao futuro.

Recordamos a Quinta-feira do Angu, servido com abobrinha e com fava, uma iguaria que remonta aos tempos dos quilombos e dos escravizados. É uma tradição gastronômica que alimenta não apenas os nossos corpos, mas também a nossa alma, em meio ao som do tambor. Junto com os congadeiros, as congadeiras e os tambozeiros, temos os reis e as rainhas, os capitães do mato, os cavaleiros, as cozinheiras, cada um desempenhando o seu papel vital para uma celebração tão significativa. Enquanto celebramos essa conquista, devemos nos lembrar daqueles que lutaram incansavelmente para preservar e promover essa festa ao longo dos anos. No futuro, aspiramos ter muitas Zeolitas, muitos Zé Pretos, muitos Manuéis do Padre, muitas Evas e tantos outros, para perpetuar essa tradição e garantir que as futuras gerações possam desfrutar da riqueza de nossa cultura e de nossas raízes. Que a irmandade e a Festa de Nossa Senhora dos Homens Pretos, de Chapada do Norte, continuem a brilhar como uma estrela-guia nos nossos horizontes culturais, horizontes das Minas Gerais, inspirando gerações presentes e futuras a valorizar e a proteger nossas preciosas heranças.

Deixo aqui um verso cantado pelos chapadenses durante a festa, ao longo de décadas: “Viva, viva quem serve tão voluntário à Virgem Mãe do Rosário/ Viva Nossa Senhora do Rosário/Viva Chapada do Norte/ Viva o Vale do Jequitinhonha/ Viva Minas Gerais, que tem as riquezas dessa festa e dessa cultura/ Viva Chapada do Norte/Viva a Festa de Nossa Senhora dos Rosários dos Homens Pretos!”.