LUIZ CARLOS MIRANDA, Secretário de Relações Públicas da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos. Ex-Deputado Estadual. Autor do requerimento que deu origem à homenagem.
Discurso
Legislatura 17ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 06/11/2012
Página 5, Coluna 1
Assunto CALENDÁRIO. INDÚSTRIA.
Proposições citadas RQS 1954 de 2012
38ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 17ª LEGISLATURA, EM 29/10/2012
Palavras do ex-Deputado Luiz Carlos Miranda
Palavras do ex-Deputado Luiz Carlos Miranda
Boa noite, minhas companheiras e meus companheiros. É uma alegria muito grande recebê-los nesta Casa democrática do povo de Minas Gerais. Exmo. Deputado João Leite, tenho a grata alegria e felicidade de ser companheiro de uma pessoa que nos ensina muito a todo o momento. Foi muito bom conhecê-lo e saber quanto V. Exa. faz bem ao povo de Minas Gerais. Muito obrigado por estar aqui hoje presidindo esta reunião e, na oportunidade, representando o Presidente, Deputado Dinis Pinheiro. Exma. Sra. Secretária Eliane Parreiras, companheira e amiga, que tem também parte da sua história na Usiminas, representando, nesta ocasião, o nosso Governador Anastasia. Independentemente disso, ela me confessou, há uns dias, logo que aprovamos o requerimento, que viria. Muito obrigado pela presença. Exmo. Sr. Julián Eguren, Diretor-Presidente da Usiminas, argentino que está nesta Casa de brasileiros e de mineiros. Aqui acontece tudo que passa por Minas Gerais. Com certeza, a criação da Usiminas passou por aqui também. Exmo. Deputado Federal Eduardo Azeredo, ex-Governador de Minas e grande amigo, sua presença muito nos honra aqui; Exmo. Deputado Federal Marcus Pestana, Presidente do PSDB, grande companheiro e grande liderança mineira - obrigado pela presença -; Deputado Federal Ademir Camilo, companheiro, amigo e hoje também dirigente sindical, que muito nos honra com sua presença - V. Exa. é uma pessoa por quem tenho uma estima muito especial -; Exmo. Sr. José Antônio Cafiero, Cônsul-Geral da República Argentina em Belo Horizonte - peguei seu cartão, mas, daqui a alguns dias, buscarei meu vinho argentino -; Exmo. Sr. Raphael Andrade, Secretário Municipal Adjunto de Desenvolvimento Econômico, representando o Prefeito Marcio Lacerda; meu amigo e estimado Olavo Machado Júnior, nosso grande companheiro, amigo e maior de todos os Presidentes que a Fiemg já teve - muito obrigado pela presença -; o Presidente da Associação dos Aposentados de Ipatinga; a diretoria da associação; os pioneiros e companheiros do sindicato, Valter Oliveira; Matusalém, Presidente da Cônsul; Luiz Gonzaga, do Sicoob; Dr. Paulo Penido, Presidente do Conselho da Usiminas; Vice-Presidente da Usiminas; Dr. Rômel; Marcelo Chara; Secretário Hélio Rabelo, companheiro de partido - muito obrigado pela presença -; ilustres amigos, companheiros e fraternos irmãos Deputados Bonifácio Mourão, Dalmo Ribeiro Silva, Liza Prado, Ivair Nogueira, enfim, todos esses grandes companheiros que fazem a história de Minas; ex-Secretário Amílcar, grande amigo e companheiro e que se encontra aqui - muito obrigado pela presença -; companheiros que vieram de Ipatinga, associação comercial, CDLs, Elias e Cacildo, representando a força sindical; meu irmão e conterrâneo de Governador Valadares; meus companheiros e minhas companheiras, hoje é uma data muito especial, às vezes triste, às vezes alegre. É nessa tristeza que quero cumprimentar uma pessoa muito especial, D. Conceição, representando o maior de todos os Presidentes que a Usiminas já teve, o nosso fraterno companheiro e amigo, Dr. Rinaldo Campos Soares. Muitas memórias e lembranças nos fazem recordar os momentos desta vida.
Não sou muito de escrever, mas meu filho começou a estudar comunicação e quis que eu lesse. Na verdade, gosto de falar sem ter de ler; porém hoje é um dia muito especial nesta Casa.
Boa noite, queridos amigos, companheiros e companheiras da Usiminas, de Ipatinga e de Minas Gerais. Hoje estamos aqui, na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, palco de lutas e reivindicações de todos os mineiros, para comemorar um sonho. Há 50 anos, a partir da ousadia de nosso querido Presidente Juscelino Kubitschek, empreendedor corajoso, visionário, que via na indústria metalúrgica uma forma de transformar a riqueza mineral do País em impulso para a industrialização. Plantou, na pequena vila, do Horto de Nossa Senhora, a semente do que hoje é o maior complexo siderúrgico da América Latina. E, com ele, o Dr. Amaro Lanari e os “sete samurais”, assim chamados os recém-formados engenheiros, que foram estagiar no Japão em busca de conhecimento para viabilizar a construção da Usiminas. Esse sonho representava não somente o início de um novo ciclo de desenvolvimento para o Brasil, mas também a realização de um ideal mineiro e a obstinação e competência do povo japonês. Vale ressaltar a tenacidade daquele povo, que, logo depois de concluída a Segunda Grande Guerra, restaurou sua economia, recuperou sua autoestima e deu uma verdadeira lição a todos os povos de como trabalhar e reconstruir com tanta rapidez. Com uma educação primorosa e, da mesma forma, muita tecnologia e empreendedorismo, o Japão venceu, e a Usiminas representou um símbolo dessa vitória para o mundo, sendo o primeiro investimento japonês fora de seu país no pós-guerra.
A pequena vila escolhida, que tinha na época apenas 300 habitantes e alguns casebres, transformou-se na cidade de Ipatinga, hoje referência em desenvolvimento para todo o Brasil.
Muitos foram os fatores que levaram as Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais ao sucesso. Entre eles a sua concepção, a escolha da parceria com os japoneses, alguns de seus líderes que a tiveram como mais do que um projeto profissional, consideraram-na um projeto de vida e, principalmente, seu coração, a essência de qualquer empresa e o que a Usiminas sempre teve de melhor, que são seus trabalhadores.
A começar pelos “sete samurais”, outros trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil dedicaram suas vidas e a de suas famílias a esse sonho chamado Usiminas. Aquele antigo uniforme cinza era motivo de orgulho para todos nós. Trabalhar na Usiminas era sinônimo de bom emprego, qualidade de vida e progresso pessoal e profissional. Ao Japão devemos não só os investimentos aqui feitos, mas também a implantação da cultura de valorização de seus profissionais, da família desses colaboradores, do investimento em segurança do trabalho e na comunidade no entorno da fábrica. Dizia o Dr. Amaro Lanari que, ao se construir uma grande siderúrgica, é preciso construir em seu entorno uma comunidade com qualidade de vida. E assim foi feito. Foi defendendo essa cultura que o engenheiro Rinaldo Campos Soares se transformou no maior líder da história da Usiminas. Com ele, a empresa se transformou em uma grande potência da siderurgia mundial, prezando sempre pela valorização das pessoas e da comunidade. Era uma relação muito maior e mais promissora do que capital e trabalho. Como o próprio Rinaldo dizia, ninguém passa pela Usiminas incólume, sem dobrar-se ao encanto de ter trabalhado nesse projeto extraordinário chamado Usiminas.
Fui um operário simples que trabalhava de turno, que passava madrugadas no chão da fábrica. Eu, um jovem garoto com 17 anos, fui para Ipatinga atrás de meu grande sonho, e a Usiminas me ajudou exatamente a realizá-lo. Ela participou da compra da minha primeira casa. A empresa cuidava da minha saúde, ajudava-me a pagar os meus estudos e os de meus filhos, proporcionando-nos lazer, cultura e centros religiosos para a comunidade. Acabei me tornando supervisor e logo Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ipatinga. Hoje, com 38 anos de efetivo serviço na Usiminas, tenho o orgulho de representar os melhores trabalhadores do Brasil. Graças a esses trabalhadores, a Usiminas enfrentou crises e desafios; graças a esses trabalhadores, a Usiminas se tornou referência em inovação e em qualidade de seus produtos, criando o tão conhecido padrão Usiminas. Graças a esses trabalhadores a Usina Intendente Câmara se transformou em Usiminas, o maior complexo siderúrgico da América Latina. Idealizada por um sonho de mineiros, brasileiros e japoneses, foi construída por uma parceria que, com certeza, só poderia dar certo, como está ocorrendo.
Hoje, novos desafios se desenham pela frente. Com 38 anos de Usiminas e mais de 25 anos no movimento sindical brasileiro, conheço todas as siderúrgicas do Brasil e algumas em outros países do mundo. A meu ver, o maior desafio que a Usiminas tem para enfrentar não é econômico, não depende de fatores externos. O maior desafio da Usiminas hoje é humano, é resgatar a autoestima de seus colaboradores, autoestima essa que gerou prêmios e resultados surpreendentes para a siderúrgica nestes 50 anos de sucesso.
Muitas foram as crises econômicas internacionais pelas quais passou a Usiminas. Só para lembrar, nos últimos 40 anos, tivemos a crise do petróleo na década de 70, a queda nas bolsas de valores em 1987, a crise do México em 1994, a crise dos Tigres Asiáticos em 1997, a da Rússia em 1998 e o 11 de setembro de 2001. Em todos esses momentos, a economia brasileira estava muito mais vulnerável aos efeitos externos do que hoje. Ainda assim, com uma força de trabalho que acreditava na empresa, que tinha motivação, a Usiminas superou todos esses momentos sem grandes dificuldades. Muitas multinacionais que viam no corte de despesas com pessoal uma saída, nos números, sua salvação, perderam-se com o próprio sistema em meio às crises econômicas. Não foi assim com a Usiminas. É preciso entender que são pessoas que superam crises e vencem desafios. As mesmas pessoas que produzem aço, constroem pontes e realizam sonhos. Graças a seu capital humano, a globalização nunca ameaçou a Usiminas, ao contrário, gerou oportunidades.
E hoje, neste novo momento, tenho a grata surpresa e o orgulho de dizer que, como líder sindical, passei pela Presidência do Dr. Amaro Lanari, passei pela Presidência do Dr. Rondon Pacheco, passei pela Presidência do Dr. Ademar, passei pela Presidência do Dr. Paulino Cícero de Vasconcelos, passei pela Presidência do Dr. Luiz André Rico Vicente. Até me esqueci desse Presidente, porque, quando houve a privatização, o nome dele era Rico Vicente e o Collor havia tomado o dinheiro de todo o mundo. Ele virou Secretário, Ministro e pensei: esse não é rico, ele é pobre porque perdeu a caderneta de poupança. Passei pela Presidência do nosso estimado companheiro, Dr. Rinaldo Campos Soares; passei pela Presidência do Dr. Marco Antônio; passei pela Presidência do Dr. Bruno. E hoje estou aqui, enfrentando o nono Presidente da Usiminas, e eu, Presidente. Então, nove Presidentes já se foram, ajudaram ou destruíram, mas estou firme na simbologia e nos meus 38 anos de persistência na construção da Usiminas.
Caro Julián, sua missão não é fácil. A Usiminas é muito mais que uma empresa, ela é um projeto de vida para seus líderes e colaboradores. É um projeto que nasceu de um sonho, ultrapassou barreiras e superou desafios. É preciso recuperar a estabilidade dos trabalhadores e da empresa, restabelecer uma relação de confiança mútua, recuperar o espírito de equipe, de força e altivez que fez da Usiminas o que ela é hoje. É o mesmo espírito que permitiu sua concepção. O mesmo espírito que construiu hospitais, escolas, investiu na cultura, em educação e em ambiente e desenvolveu a região do Vale do Aço. O mesmo espírito que valorizou a qualidade de seus produtos e a inovação, mas, sobretudo, valorizou a sua essência, sua alma e as pessoas. O Rinaldo se tornou uma referência, e a Usiminas, uma potência, porque ele respeitou todos esses valores. Deu prosseguimento ao trabalho e valorizou essas coisas que fazem a marca verdadeira da Usiminas.
A essa antiga parceria entre a Usiminas e a Techint, consolidada no novo grupo de controle acionário, está entregue hoje o resgate desse grande sonho. A você está entregue o sonho de milhares de trabalhadoras e trabalhadores, o sonho da família Usiminas. A você está entregue um sonho de Minas e do Brasil.
Isso é a Usiminas, e, por isso, hoje comemoramos 50 anos de sonhos e realidades! Parabéns a todos os pioneiros; aos líderes que por essa empresa passaram; a esta pessoa – quando começamos a falar nela, transformamo-nos, virando um ninguém –, o Dr. Rinaldo Campos Soares; a você, Julián Eguren; aos acionistas e a todos os trabalhadores que têm esta alma de aço, de aço da Usiminas. Peço uma salva de palmas especial para aquele que deve estar no lugar mais extraordinário do mundo, para esta pessoa extraordinária que nos deixou e deixa saudades, que é o Dr. Rinaldo Campos Soares. Muito obrigado e boa noite.