DEPUTADO SARGENTO RODRIGUES (PDT)
Discurso
Declaração de posição favorável ao projeto de lei complementar, de
autoria do Procurador-Geral de Justiça, que altera dispositivos da lei
complementar que criou o Fundo Estadual de Proteção e Defesa do
Consumidor - FEPDC - e o Conselho Gestor do Fundo Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor.
Reunião
85ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 18/12/2010
Página 258, Coluna 4
Assunto DEFESA DO CONSUMIDOR.
Aparteante CARLOS PIMENTA, CARLIN MOURA.
Proposições citadas PLC 59 de 2010
PL 4822 de 2010
PL 680 de 2007
Normas citadas LCP nº 66, de 2003
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 18/12/2010
Página 258, Coluna 4
Assunto DEFESA DO CONSUMIDOR.
Aparteante CARLOS PIMENTA, CARLIN MOURA.
Proposições citadas PLC 59 de 2010
PL 4822 de 2010
PL 680 de 2007
Normas citadas LCP nº 66, de 2003
85ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
16ª LEGISLATURA, EM 14/12/2010
Palavras do Deputado Sargento Rodrigues
O Deputado Sargento Rodrigues - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
o Projeto de Lei Complementar nº 59, que altera a Lei Complementar
nº 66, de 22/1/2003, que criou o Fundo Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor e o Conselho Gestor do Fundo Estadual de
Proteção e Defesa do Consumidor, foi encaminhado pelo Procurador-
Geral de Justiça. Neste momento, precisamos ficar bastante
atentos. O final de ano costuma nos reservar muitas surpresas em
relação à votação de alguns projetos. Tenho pedido à assessoria
que fique atenta, já que saem dos armários alguns esqueletos.
Aproveitam alguns projetos, chamados hospedeiros, que normalmente
não teriam tramitação tranquila durante um tempo maior. Com
relação a esse projeto de lei complementar, entendemos que ele
precisa ser aprovado por esta Casa. Aliás, o Procurador-Geral de
Justiça do nosso Estado, Dr. Alceu Marques Torres, foi reempossado
para um mandato de mais dois anos à frente do Ministério Público.
Mas é bom que os parlamentares compreendam que não temos sido
acolhidos pelo Ministério Público, especialmente em relação às
audiências púbicas para as quais convidamos integrantes desse
órgão. Normalmente espera-se por parte do Ministério Público uma
presença maior, sobretudo nas solicitações de apurações de desvio
de conduta feitas pela Assembleia de Minas. Por outro lado, o
Procurador-Geral de Justiça nos envia esse projeto de lei que
altera dispositivos da Lei Complementar nº 66, que criou o Fundo
Estadual de Proteção e Defesa ao Consumidor, matéria extremamente
relevante. Eu diria que o nosso consumidor não precisa ser
especialista no assunto para entender que é a parte mais fraca da
relação. O projeto de lei que altera a Lei Complementar nº 66
procura organizar melhor esse fundo. Aquele cidadão que consegue
entender um pouco melhor como funciona a questão tributária não só
no Estado, mas também no Município e no País percebe facilmente
que o consumidor final é sempre a parte prejudicada. Portanto, o
Ministério Público deve estar atento a esse projeto relativo ao
Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor. Cada vez mais,
o órgão deve criar mecanismos de atuação e ser mais incisivo na
fiscalização dessas questões do nosso Estado. Insisto em que a
parte mais fraca nessa relação é sempre o consumidor. Pasmem:
quanto ao imposto final, ICMS, IPI ou qualquer outro, a parte mais
fraca é sempre o consumidor.
É necessário que as autoridades do nosso Estado estejam atentas a
iniciativas como essa. Temos à frente da Comissão de Defesa do
Consumidor o Deputado Délio Malheiros, especialista no assunto e
que vem fazendo um belo trabalho com os demais parlamentares que
integram essa Comissão. Eles devem ficar atentos, porque a matéria
é de extrema relevância para todos. Na prática do dia a dia,
consumidores somos todos nós. Sendo assim, a matéria demanda muita
atenção dos órgãos fiscalizadores, seja o Procon Assembleia, seja
o Procon municipal, seja o Procon do Ministério Público. Quando se
analisa a cadeia produtiva, desde o seu início até a chegada do
produto à mesa ou às mãos do consumidor, temos de nos certificar
da existência de uma série de tributos pagos. Infelizmente, no
Brasil ainda não conseguimos visualizar a aplicação de tais
tributos de forma correta e transparente, para que o consumidor
final tenha certeza de que aquele imposto que está pagando está
sendo muito bem esclarecido, ou na embalagem do produto, ou na
nota fiscal. Temos um projeto de lei que foi anexado ao projeto de
iniciativa do Deputado Weliton Prado. Nele estávamos propondo que
todos os produtos originários do Estado de Minas Gerais tivessem a
sua alíquota de impostos, especialmente o ICMS, bem visível, para
que o consumidor possa saber quanto está pagando, até para saber
qual é o impacto quantitativo do valor do imposto em relação ao
produto. No Brasil não temos a cultura de educar as pessoas para
esse tipo de fiscalização. Mas o Poder Legislativo, com o
Ministério Público, tem o dever funcional de ajudar, de auxiliar,
seja por meio de projetos de lei de interesse do consumidor, seja
por meio da fiscalização efetiva, seja através de denúncias do
Ministério Público, para que o consumidor final não seja
prejudicado.
De acordo com o seu art. 7º, compete ao Conselho Gestor, além das
incumbências definidas pelo art. 5º, aprovar o plano de aplicação
dos recursos e acompanhar a execução; elaborar o cronograma
financeiro de receita e despesa; elaborar a proposta orçamentária;
definir aplicação da disponibilidade financeira transitória de
caixa; zelar pela aplicação dos recursos; aprovar, com a
Procuradoria-Geral de Justiça, o orçamento operacional e o custeio
das atividades do Procon; aprovar e firmar convênios e contratos
por meio da Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais,
objetivando atender ao disposto no inciso VI deste artigo; aprovar
os projetos referidos no parágrafo único do artigo 4º desta lei;
promover, por meio de órgãos da administração pública e de
entidades civis interessadas, eventos educativos e científicos;
fazer editar diretamente ou em colaboração com órgãos oficiais
material informativo sobre a matéria mencionada no art. 2º; e, por
último, auxiliar o Procon de Minas Gerais no planejamento,
elaboração e coordenação da política estadual de proteção e defesa
do consumidor. Portanto, é um projeto importante. Nós, que
estávamos falando dessa política de planejamento e coordenação de
proteção e defesa do consumidor, entendemos que a matéria é por
demais relevante.
O projeto que apresentamos e que tramita nesta Casa vem ao
encontro desse próprio projeto, o que facilitará o planejamento e
a coordenação, mas, efetivamente, a fiscalização. O consumidor
final precisa estar atento para saber qual é a política tributária
que o seu Estado está adotando, qual é a alíquota que está sendo
empregada, por exemplo, na cesta básica, que é um conjunto de
alimentos que vão causar impacto na vida de cada consumidor,
especialmente as classes D e E, que necessitam de uma política
tributária menos voraz. É preciso essa compreensão do governo.
Estamos fazendo um estudo dessa matéria para uma discussão mais
aprofundada no próximo mandato, porque, pelo nosso entendimento, o
consumidor final não pode ser prejudicado. Ontem mesmo assistimos
a um programa de televisão em que a matéria trazida ao ar tratava
dessa questão dos alimentos. A forma como os governos estaduais e
federal vêm tributando esses produtos causa impacto,
principalmente na mesa do consumidor, que adota determinado
comportamento alimentar à medida que enxerga os preços no balcão.
A partir do momento em que se eleva o preço de determinados
produtos, o consumidor é forçado a buscar outra alimentação. E
muitas vezes, conforme matéria a que assistimos ontem por volta
das 20 horas, isso provoca impacto na saúde, pois as pessoas
acabam consumindo produtos industrializados. A nossa bancada que é
médica - o Deputado Doutor Ronaldo, médico, certamente está nos
acompanhando neste momento -, e vários outros Deputados sabem que
produtos industrializados, sobretudo os enlatados, contêm produtos
químicos que não fazem bem à saúde. Por outro lado, frutas,
legumes e verduras deveriam ter carga tributária menor, o que
provocaria menor impacto tanto no bolso das pessoas de baixo poder
aquisitivo como na saúde de cada mineiro, de cada brasileiro. Esse
assunto é de extrema relevância, e o nosso entendimento é que o
Procon do Ministério Público, por meio desse fundo, e o Procon da
Assembleia, órgãos fiscalizadores, devem estar atentos para que a
questão seja tratada com o devido zelo e carinho. A matéria a que
tivemos oportunidade de assistir ontem é uma demonstração cabal de
como o governo tributa determinados alimentos. É necessário que o
governo compreenda que determinados produtos, especialmente
aqueles a que as pessoas de menor poder aquisitivo precisam ter
acesso, deveriam ter alíquota zero. Os governos estaduais,
municipais e da União precisam ter essa compreensão. Não é
possível que a pessoa mais humilde, que precisa de arroz, feijão,
óleo, macarrão, fubá, farinha de mandioca, tenha de pagar mais
pela tributação pesada. No próximo ano, por requerimento à
Comissão de Defesa do Consumidor, solicitarei realização de debate
para aperfeiçoamento da legislação. Podemos alterar a legislação
que trata da defesa do consumidor. Segundo a Constituição da
República, o Deputado Estadual vai legislar concorrentemente com a
União. Tanto os congressistas - Deputados Federais e Senadores -
como os Deputados Estaduais têm competência para legislar sobre
matéria de defesa do consumidor.
Essa matéria é de fundamental importância, Deputado Carlos
Pimenta, médico e do meu partido, o PDT. Estávamos falando da
matéria a que assistimos ontem. Determinadas frutas, legumes e
verduras receberão maior carga tributária, o que certamente
causará impacto na saúde dos brasileiros, especialmente na dos
mineiros. O governo deveria reduzir a carga tributária desses
alimentos, de forma a zerá-la. Dessa forma, teria ganhos, pois
investiria menos na saúde, nas doenças crônicas, como a obesidade,
que podem ser geradas por uma alimentação não adequada. A
alimentação adequada se baseia no consumo de frutas, legumes e
verduras, mas, tendo em vista a carga tributária maior sobre esses
produtos, o consumidor é obrigado a optar pelos produtos
enlatados, com composição química, que prejudicam a saúde. Para
não usar uma palavra mais contundente, essa é uma forma equivocada
de o governo, na ânsia, na voracidade de arrecadar - o Fisco é
voraz -, tributar os produtos essenciais, pois faz com que os
consumidores optem por produtos mais baratos, que não fazem bem à
saúde. Portanto, entendo ser necessária a aprovação desse projeto
que trata do fundo gestor e das políticas que nortearão a defesa
do consumidor no Estado.
O Deputado Carlos Pimenta (em aparte)* - Quero cumprimentá-lo pelo
pronunciamento e dizer que, muitas vezes, quando se trata de
projeto de qualquer benefício para o consumidor, enfrentamos as
maiores dificuldades, como a tributação de alimentos. Penso,
Deputado Sargento Rodrigues, que a cesta básica, principalmente
aquela essencial para a sobrevivência da família, aquilo que
adquirimos no dia a dia para a nossa mesa, não deve ter nenhuma
tributação. A pessoa precisa comer, não tem jeito. Há as frutas
sazonais, como V. Exa. disse. Muitas vezes, chegamos ao
supermercado e vemos frutas importadas e de outras regiões, sendo
que nas sazonais, como manga, jabuticaba, laranja e banana, está
embutido um terrível imposto. Então, V. Exa. tem toda razão.
Há pouco, conversava com o Deputado Antônio Júlio sobre um projeto
de lei que está na minha mão, fruto de uma viagem que fiz no
Estado passando por uma rodovia estadual, a MG-050, que corta todo
o Centro-Oeste mineiro e vai até o Estado de São Paulo, passando
pela Divinópolis do companheiro Deputado Doutor Rinaldo Valério.
Quando percorri a rodovia, Deputado Carlin, nunca senti tanta
raiva na minha vida. Ela possui seis pedágios caríssimos - hoje
são quase R$5,00, sendo, na época, quatro reais e pouco -, e, num
certo momento, ficamos por duas horas atrás de um caminhão, em uma
fila interminável. Eram quase 5km de carros pequenos e um
caminhão, porque não havia sequer acostamento ou uma segunda
pista. Também não havia telefones para comunicação das pessoas. Se
ocorresse um acidente, poderíamos morrer ali, pois não existia
nenhum telefone para nos comunicarmos. Não há ali o profissional
da saúde de plantão nos postos de pedágio, ambulâncias, médicos e
enfermeiros, nada.
Então, fiz esse projeto em decorrência dessa terrível experiência
por que passei. Aliás, muitos companheiros quase diariamente
passam por essa estrada. Esse projeto, Deputado Sargento
Rodrigues, prevê apenas que, para se conceder às PPPs a concessão
de cobrar pedágios nas estradas, estas devem ter, no mínimo,
acostamento; e a sinalização horizontal e vertical, ou seja, o
mato não deve tomar conta da estrada e nos impedir de ver as
placas - e isso pode estar melhor agora naquela estrada. O
pavimento estava com uma péssima qualidade, todo remendado. Não
havia buracos, mas a estrada estava toda remendada. Não havia
pista dupla nem a terceira pista nos aclives. Também não havia o
serviço de socorro mecânico, o reboque, a ambulância para
atendimento médico nem telefones para emergência. Só conseguíamos
telefone quando chegávamos ao posto de pedágio. Não se pode pensar
em fazer a concessão de um bem público a uma PPP se não houver,
pelo menos, esses pontos que mencionei. Como vamos pagar pedágio
se não temos isso? Será que a firma, pelo fato de apenas ter feito
o tapa-buraco precário na época, tinha o direito de cobrar cinco
pedágios no valor de R$3,50 cada um? Essa era a realidade que
gerou esse projeto, que está engavetado, está lá embaixo.
Queremos, pelo menos, colocá-lo em discussão.
Agora mesmo, a BR-135, que liga Belo Horizonte a Montes Claros,
está sendo terminada. Essa obra foi fruto de um trabalho muito
grande desta Casa, em que se destacaram a bancada do Norte, o
Deputado Doutor Viana e outros. Foram inúmeras idas a Brasília,
participações em audiências públicas com Ministros e o Diretor-
Geral do DNIT. Porém, já estão falando na cobrança do pedágio. É
assim: quando conseguimos algo e começamos a soltar foguetes, aí
vem a cacetada, a paulada. Já estão falando em pedágio na BR-135.
Até não sou contra a cobrança de pedágio. Quando vamos pela BR-381
em direção ao sul de Minas e a São Paulo, pagamos um pedágio
razoável, R$1,10, com gosto, pois passamos por uma rodovia
duplicada, com assistência. Estão fazendo seu recapeamento, sua
reconstrução, embora de Belo Horizonte a João Monlevade seja uma
lástima, um desastre.
Deputado Sargento Rodrigues, estou citando esses exemplos para
mostrar o quão difícil é conseguir avanços e vitórias quando se
fala em benefícios para os pequenos, os miúdos, os simples, os
humildes, os assalariados. Volta e meia vemos projetos que
beneficiam as grandes fortunas, mas, quando o objetivo são os
pequenos, temos uma grande dificuldade. O senhor está de parabéns.
Temos que começar a questionar isso. O Governador Anastasia tem um
compromisso muito grande com as pessoas simples do Estado, haja
vista que a maioria de seus votos foram conquistados nas regiões
mais carentes - sua votação no Vale do Jequitinhonha foi um banho,
um "couro", uma sova, e o mesmo aconteceu no Norte de Minas e no
Mucuri.
Temos de começar a questionar, e esta Casa, Deputado Doutor Viana,
tem de facilitar a tramitação de projetos com cunho popular. A
dificuldade é grande. Tenho projetos que eram de 2004 e foram
desarquivados para 2007. Estou tentando colocá-los em votação, no
apagar das luzes desta legislatura, pelo menos em homenagem ao
esforço que fizemos e às audiências que tivemos. Todos eles
beneficiam pessoas mais humildes e carentes. Serei sincero: a luta
é muito grande. Perguntamos pelo projeto e pedimos que seja
colocado em pauta, mas nos dizem que é preciso ver não sei o quê.
E quem dá a palavra final é um técnico, um tecnocrata que não tem
sensibilidade política, não conhece os problemas, não sabe da
nossa dificuldade, nunca pisou nesta Casa e vem às comissões
apenas para criar problemas e colocar dificuldades em cima do
nosso trabalho. Infelizmente, eles chegam aqui e mandam. Entram
com a cabeça erguida, e o que prevalece são suas palavras.
Precisamos modificar a situação. Estou triste. Muitas vezes,
lutamos com um projeto, discutimo-lo na comissão, e depois vêm os
emaranhados e os subterfúgios que nos impedem de fazer uma
discussão mais razoável.
É nossa obrigação mudar isso. No ano que vem, temos de começar a
discutir. Espero que o Presidente que assumir faça valer a força
do Parlamento. Há poucos anos, tínhamos o Colégio de Líderes, que
se reunia praticamente toda semana para discutirmos os temas
importantes. Hoje, estamos vendo que as coisas acontecem ao bel-
prazer de forças que nada têm a ver com este Parlamento. Ou o
assumimos ou não.
Então, queria dizer a V. Exa. que, a partir de amanhã, estaremos
atentos a alguns projetos que listamos aqui. Se o Parlamento não
considerar o projeto bom e não quiser votá-lo, pode derrubá-lo,
pois, assim, quem o estiver derrubando será o Deputado e não
alguns tecnocratazinhos que chegam e querem mandar aqui - e mandam
mesmo, a última palavra é sempre deles. A partir de amanhã,
estamos esperando a deferência de, pelo menos, conseguir colocar
nossos projetos em pauta. Se isso não acontecer, teremos de tomar
uma providência séria.
O Deputado Sargento Rodrigues - Quero cumprimentar V. Exa.,
Deputado Carlos Pimenta, como Líder da minha bancada. Confesso
que, há muito tempo, não percebia nas palavras de V. Exa. o
sentimento verdadeiro que o parlamentar deve ter em relação
àqueles que representa. V. Exa. falou com autoridade e
legitimidade. Ao percorrer a MG-050, sentiu na pele aquilo que os
cidadãos sentem todos os dias, quando passam lá. Essa concessão da
MG-050 é uma vergonha e temos que dizer isso publicamente. É uma
vergonha a forma como foi feita aquela concessão pública. O
contribuinte sempre paga por tudo que vemos. Como V. Exa. disse,
não temos que ter alíquota nenhuma. A partir de amanhã, ao se
inscrever para fazer a discussão de algum projeto, V. Exa., como
Líder da minha bancada, já pode incluir-me. Tenho certeza de que
os demais colegas do PDT também caminharão nesse sentido. Está na
hora de termos um pouco mais de autonomia. É o que sonho neste
Parlamento.
Aliás, encerrando meu 12º ano de mandato, posso dizer que a maior
decepção que tenho no exercício do meu mandato é não poder exercê-
lo de forma independente. Estou sempre lutando, sempre cumprindo
meu papel de forma fiel, porque estou neste Plenário todos os
dias. Devo estar aqui entre os três Deputados mais presentes desta
Assembleia, mas me incomodam muito as interferências que vêm ora
do Judiciário, ora do Ministério Público, ora do Executivo,
relativamente às questões que tentamos aprovar nesta Casa. É
simplesmente algo decepcionante.
Quero cumprimentar V. Exa., cujo pronunciamento veio em momento
oportuno. V. Exa. tem um projeto que defende os interesses do
consumidor, do contribuinte final, do cidadão, que, antes de pegar
seu veículo para passar por aquela rodovia, paga o IPI, o IPVA, o
ICMS, a taxa de licenciamento - e havia aqui um projeto absurdo
querendo tributar o consumidor final mais uma vez -, taxa de
emplacamento, contribuição de intervenção do domínio econômico no
combustível. Ou seja, paga tudo e ainda teria de pagar uma taxa
para percorrer 350km da MG-050. É um absurdo. É esse sentimento
que vi hoje em V. Exa. ao ocupar a tribuna que me move no mandato;
não há outro. É o sentimento daqueles que apostaram em nós, que
esperam que cheguemos aqui e apresentemos propostas coerentes; que
defendamos um mandato que nem é nosso, mas dos que confiaram em
nós. Hoje, vi em V. Exa., Líder da minha bancada, o sentimento de
indignação pelo desrespeito à MG-050.
O art. 2º deste projeto tem por objetivo financiar as ações para o
cumprimento dos objetivos da política estadual de relações de
consumo. O consumidor final só leva a pior. É ele que sempre paga
os tributos finais. O cidadão que é produtor de qualquer bem vai
taxar seu produto, vai repassar seu imposto, e o consumidor final
acaba sofrendo essas consequências.
Parabéns a V. Exa. por ter mencionado essa questão da MG-050.
Precisamos ter mais iniciativa e mais independência, o que
depende, única e exclusivamente, de nós mesmos. Não depende do
Governador, não depende do Presidente do Tribunal de Justiça, não
depende do Procurador-Geral, mas do comportamento de cada Deputado
desta Casa.
O Deputado Carlin Moura (em aparte)* - Ilustre Deputado Sargento
Rodrigues, cumprimento V. Exa. pelo importante pronunciamento a
respeito do Projeto de Lei Complementar n° 59/2010. V. Exa. traz
aspectos importantes sobre a luta do consumidor mineiro na defesa
de seus direitos fundamentais.
Ressalto um dos pontos fundamentais desse projeto: o
fortalecimento do Conselho Gestor do Fundo Estadual de Proteção e
Defesa do Consumidor, que possibilita que componentes dos Procons
Municipais possam participar das reuniões, e isso é de fundamental
importância. Percebemos que esse conselho é um mecanismo
importante para a participação da sociedade civil e para as
políticas públicas de defesa do consumidor em Minas Gerais.
Deputado Sargento Rodrigues, isso é fundamental para se evitarem
abusos, como V. Exa. mesmo citou, entre eles taxas abusivas de
pedágio e grandes empresas que não respeitam o consumidor mineiro.
Atualmente, muito se debate sobre a famigerada tarifa de
assinatura básica do telefone. Aquela conta mínima que as empresas
de telefonia celular e de telefonia fixa em Minas Gerais insistem
em cobrar é um mecanismo inconstitucional, ilegal, viola o Código
de Defesa do Consumidor, que determina que, na prestação de
serviços, paga-se pelo que se gasta. Essas empresas de telefonia,
ao insistirem na imposição de uma taxa mínima de assinatura ou de
consumo mínimo, estão desrespeitando o Código de Defesa do
Consumidor. A Procuradoria de Defesa do Consumidor, o Procon, o
Ministério Público têm cumprido um papel importante, como também
tem feito o Dr. Baêta, Promotor de Defesa do Consumidor.
Esse projeto visa o fortalecimento do Conselho, e é de fundamental
importância que se fortaleçam mecanismos como ele, a fim de que
abusos não voltem mais a acontecer, seja em taxas, seja em
pedágios. Agora, estão querendo cobrar duplamente a taxa de
inspeção veicular, apesar de já existir a taxa de licenciamento,
criada há muito tempo. A cada ano que passa, o custo dessa taxa
aumenta, entretanto não vemos a aplicação desse dinheiro. Mesmo
assim, querem criar outra taxa de combustível, ou seja, vivem
querendo impor taxas para o consumidor final, mas nem sempre há
correspondência na prestação dos serviços. Enfim, o Projeto de Lei
Complementar nº 59/2010 é importante para fortalecer o Conselho e
o Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor em Minas
Gerais. V. Exa. está de parabéns pela importante reflexão.
O Deputado Sargento Rodrigues - Sr. Presidente, agradeço o aparte
do Deputado Carlin Moura e encerro a discussão desse projeto.
Obviamente, votarei favorável à matéria. Muito obrigado.