DEPUTADO ADELMO CARNEIRO LEÃO (PT)
Discurso
Declaração de posição contrária à proposta de emenda à Constituição, de
autoria do Governador Antonio Augusto Junho Anastasia, que acrescenta
artigo à Constituição do Estado e trata da remuneração por meio de
subsídio dos servidores integrantes das carreiras da área de educação do
Poder Executivo do Estado.
Reunião
84ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/12/2010
Página 110, Coluna 1
Assunto EXECUTIVO. PESSOAL.
Proposições citadas PEC 61 de 2010
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/12/2010
Página 110, Coluna 1
Assunto EXECUTIVO. PESSOAL.
Proposições citadas PEC 61 de 2010
84ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
16ª LEGISLATURA, EM 13/12/2010
Palavras do Deputado Adelmo Carneiro Leão
O Deputado Adelmo Carneiro Leão - Sr. Presidente, Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, entendo que as dificuldades no próximo
ano, como disse o Deputado Antônio Júlio, serão grandes. Os
desafios serão enormes. O governo terá de cumprir o compromisso
estabelecido com os servidores públicos. Pagando o piso salarial
de R$1.320,00, o governo terá uma parte muito expressiva dos seus
recursos comprometida. Porém não posso admitir que as dificuldades
que recaem sobre os ombros do governo sejam cobradas dos
servidores da educação. Não podemos aceitar isso. As dificuldades
que o Estado enfrenta são fruto de uma série de problemas
relativos à maneira como ele está organizado e como trata suas
relações salariais. Não é aceitável votarmos essa proposta de
emenda à Constituição, que cassa os direitos adquiridos dos
servidores da educação, para facilitar as ações do governo. Essa
não é a única nem a mais importante alternativa para solucionar os
desafios do governo. Há outras soluções importantes. Não tenham
dúvida, governantes de Minas, de que estaremos do lado das ações
governamentais para enfrentarmos os desafios do Estado e
encontrarmos as soluções mais adequadas. A solução, repito, não
está em sacrificar os ganhos dos professores.
Vejam, senhores, veja, Deputada Ana Maria Resende, que é
professora, se votarmos essa proposta de emenda à Constituição,
que cassa os direitos adquiridos dos servidores do Estado,
estaremos cassando direitos, que, somados ao piso de salário,
chegarão a quanto? O salário de professor do Estado de Minas
Gerais chegará a R$20.000,00 ou R$30.000,00? Definitivamente não.
O salário chegará a R$1.800,00, a R$2.000,00, ou a nem isso.
Então, estamos cassando variáveis, que, colocadas na carreira dos
professores, não chegam a R$2.000,00. E, Deputado Sebastião Costa,
dizer que, em função disso, o Estado terá uma enorme dificuldade,
não é possível. Não votarei a favor disso. O meu encaminhamento é
contrário. Existem alternativas muito mais adequadas. Vamos
verificar, por exemplo, o setor minerário, que não paga impostos a
este Estado. Podemos buscar uma solução tributando o setor
minerário para aumentar a arrecadação do Estado e assim pagar
melhor os professores. Vamos tratar das relações salariais de
Minas Gerais com algumas consultorias, aí, sim, de R$20.000,00 e
R$30.000,00, de ganhos enormes, de absurdas diferenças salariais,
indecentes e anticivilizatórias. Vamos fazer uma revisão da
estrutura salarial do Estado para facilitar as ações de governo.
Também sei que essas dificuldades são enormes, porque os
dominantes não querem perder nada, querem continuar ganhando. Não
é possível enfrentarmos as dificuldades, sobrecarregando alguns,
jogando em seus ombros. Todos nós reconhecemos e argumentamos que
a forma mais importante de promover o desenvolvimento de um
Estado, de uma nação, de uma sociedade é investindo na educação.
Perguntem aos professores se, com o piso salarial que ganham, eles
têm motivação para continuar educando, ensinando e cumprindo seu
papel no Estado de Minas Gerais. Muitos deles dirão que sim, mas
por dever, por sentimento de missão, e não por motivação de um
salário digno, decente, de um mínimo constitucional. O que se paga
aos professores que se encontram em final de carreira está aquém
do mínimo constitucional. A nossa Constituição estabelece que cada
trabalhador tem direito ao trabalho e ao salário digno. Salário
que lhe dê condições de alimentar-se, vestir-se, morar com
dignidade, cuidar da saúde e da educação dos filhos, mas os
próprios professores, com esses salários, não têm condições de
viver assim. Não venha aqui o governo de Minas Gerais com o
argumento de que, para cumprir o compromisso com os servidores da
educação, temos de votar essa proposta de emenda à Constituição.
Votar essa proposta é um ato de sacrifício indesejável,
inaceitável, que temos de colocar sobre os professores de Minas
Gerais. Eles merecem mais respeito, salários e, no mínimo, manter
os direitos adquiridos, conquistados com tanta luta e tanto
sacrifício. Por isso, Sr. Presidente, encaminho contrariamente à
votação dessa emenda à Constituição.