DEPUTADO CARLIN MOURA (PC DO B)
Discurso
Comenta o projeto de lei complementar, de autoria do Deputado Arlen
Santiago, que altera a lei que dispõe sobre a promoção dos policiais
civis por tempo de serviço. Comenta suposta irregularidades no contrato
assinado pelo Governador Aécio Neves com o Banco do Brasil S/A, para
efetuar o pagamento dos servidores públicos. Declaração de posição
favorável do Partido Comunista do Brasil - PC do B - à pré-candidatura de
Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores - PT -, à Presidência da
República e a candidato único do PT e dos partidos aliados ao cargo de
Governador do Estado.
Reunião
29ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 01/05/2010
Página 47, Coluna 1
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. BANCOS. EXECUTIVO. PESSOAL. ELEIÇÕES. REPRESENTAÇÃO POPULAR.
Proposições citadas PLC 14 de 2007
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 01/05/2010
Página 47, Coluna 1
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. BANCOS. EXECUTIVO. PESSOAL. ELEIÇÕES. REPRESENTAÇÃO POPULAR.
Proposições citadas PLC 14 de 2007
29ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 27/4/2010
Palavras do Deputado Carlin Moura
O Deputado Carlin Moura* - Cumprimento o Sr. Presidente, os Srs.
Deputados, as Sras. Deputadas, os telespectadores da TV Assembleia
e, em especial, os servidores administrativos da Polícia Civil,
que estão atentos à tramitação do projeto constante na mensagem do
Governador lida aqui hoje. Trata-se do projeto de lei complementar
que requer a reestruturação das carreiras da Polícia Civil. Os
técnicos e os auxiliares administrativos há muito tempo estão
pedindo socorro, tendo em vista a situação desesperadora em que
vivem.
Antes de adentrar o tema propriamente dito, gostaria de reforçar
as palavras balizadas do ilustre Deputado Gustavo Valadares,
Presidente da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras
Públicas. Ele traz à tribuna uma denúncia que também consideramos
extremamente grave, uma vez constatado que o dinheiro público está
sendo usado de forma indevida, prejudicando justamente as escolas
públicas estaduais mineiras. Isso realmente nos preocupa. É
preciso que o governo do Estado e o Poder Executivo tomem uma
atitude mais rigorosa em relação a isso. Talvez esteja na hora de
fazermos um cadastro das más empreiteiras, que, aliás, devem ser
banidas do serviço público. Afinal, se as empreiteiras estiverem
utilizando esse artifício para, em nome de uma licitação,
começarem uma obra e deixá-la pela metade, elas precisam de um
controle rigoroso. Então, é preciso haver um cadastro delas, um
SPC dessas empreiteiras, porque o cidadão comum, quando pratica
uma irregularidade, logo tem seu nome no Serasa ou no SPC, sendo
extirpado do mercado. Agora, isso não ocorre com as grandes
empreiteiras. Com certeza, precisamos de uma fiscalização mais
rigorosa. O Deputado Gustavo Valadares traz essa denúncia
justamente num momento que também vemos coisas escabrosas ocorrer
em Minas Gerais. Por último, falaremos da questão da assinatura do
contrato do governo do Estado com o Banco do Brasil para a folha
de consignação e pagamento dos seus servidores.
Um contrato que foi assinado na calada da noite de 2009, no final
do ano, às vésperas do Natal e sem publicidade alguma ou discussão
com os servidores e com esta Casa. Um contrato que criou
privilégio para o Banco do Brasil em relação à folha de
consignação e ao pagamento dos servidores e que trouxe, para os
cofres do Estado, R$1.200.000.000,00, contrato esse que foi
assinado por alguém que não é nem Gerente-Geral, mas sim Gerente
Regional do Banco do Brasil. Essa situação muito nos preocupa.
Aliás, o Promotor Baeta, do Ministério Público de Defesa do
Consumidor, questionou os termos do contrato, já que se criava
privilégio para o Banco do Brasil, quebrando o princípio da livre
concorrência. O mais intrigante nessa história e ainda não
devidamente esclarecido e elucidado é que, no contrato, foi feito
pagamento ao Estado, conforme explícito no contrato, em duas
parcelas, no montante de R$1.200.000.000,00. Mas a Seplag, em
todos os jornais de ontem e de hoje, insiste em que o Estado
recebeu apenas R$320.000.000,00. Então algo está mal-explicado
nessa história. Há algo de muito tenebroso nisso. Como podem
entrar R$1.200.000.000,00 e só aparecerem R$320.000.000,00?
É preciso que esses fatos sejam esclarecidos com toda a
transparência, para que não corramos o risco de abrir precedente
gravíssimo do ponto de vista da moralidade pública e da
transparência. Aliás, ocorrerá audiência pública na Comissão de
Direito do Consumidor, e esses pontos precisam ser devidamente
esclarecidos. O mais intrigante é que, nos termos do contrato, o
Banco do Brasil, como consignatário especial, se transforma em
detentor de privilégios. Entre esses privilégios, um dos
requisitos que lá estão previstos é autorizar que o dinheiro que
seria usado pelo servidor público para assumir compromissos e
pagar taxas aos sindicatos e às associações seja usado pelo Banco,
isto é, o Banco está autorizado, automaticamente, a retirar essa
contribuição do servidor, que seria usada para pagar suas
associações de classe. Exemplificando, se o servidor gasta R$40,00
por mês com seu sindicato ou sua associação de classe, o Banco
está automaticamente autorizado a utilizar esse dinheiro. Nesse
caso o sindicato e a associação deixam de receber esse dinheiro,
que será usado para pagar empréstimo de 36, 40 ou 70 meses. Isso é
absurdo, desrespeito com a organização dos trabalhadores, também
com a livre concorrência e com o direito do servidor público de
escolher de qual banco tomará empréstimo. Ele fica cerceado no seu
direito de optar, especialmente em momento como este, em que há
guerra de juros entre os bancos. Muito nos preocupa o fato de se
tirar essa prerrogativa do servidor. É importante deixar
registrada a preocupação que temos em relação ao contrato assinado
com o Banco do Brasil sobre essa forma de consignação e pagamento
e a situação das empreiteiras nas escolas estaduais. Aliás,
consideramos que deve ser feito cadastro para separar o joio do
trigo. Separar as más empreiteiras daquelas que são sérias e
prestam bom serviço para nossas escolas.
Sr. Presidente, nas últimas semanas, ocorreram vários fatos
políticos importantes, do ponto de vista da conjuntura política do
País, especialmente no que se refere ao processo eleitoral de
outubro. Desde já, os partidos e as forças políticas começaram a
se movimentar e a delinear rumos. Na semana passada, nosso
partido, o PCdoB, oficialmente definiu o rumo de acompanhar a pré-
candidatura da Ministra Dilma Rousseff, que é a candidata do bloco
de sustentação do governo do Presidente Lula. Hoje a Ministra
Dilma Rousseff tem o apoio do PT, do PDT e do PCdoB, com grandes
possibilidades de obter ainda o apoio do PMDB e do PSB, que também
estão no seu processo de discussão interna, definindo rumos.
Nós, do PCdoB, entendemos importante o apoio à Ministra Dilma
Rousseff. A nossa direção nacional definiu o apoio por entender
que o País atravessa uma etapa nunca vista de vitórias
democráticas. Chegar até aqui é resultado da luta de muitas
gerações, várias personalidades e correntes políticas
comprometidas com a luta em defesa do Brasil, da democracia e da
justiça social; todavia temos nítida consciência de que o ciclo
político aberto desde 2002, com a vitória emblemática de Luiz
Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, foi um
grande passo para a afirmação e o avanço dessas conquistas. O
Brasil, nas condições dos dois mandatos do Presidente Lula, galgou
um ciclo virtuoso, considerando de onde se partiu.
O País, sob a regência dos tucanos, estava inadimplente, quebrou
três vezes e chegou ao racionamento de longo período de energia.
Sua infra-estrutura atingiu um nível extremo de sucateamento, e
vivemos períodos de desemprego aberto, crescimento e renda “per
capita” estagnados e pesada vulnerabilidade externa. Chegou-se a
uma situação de já não se contar com o crédito externo. Era um
país tutelado draconianamente pelo FMI.
Não por acaso, a Oposição foge, assim como o Diabo foge da cruz,
do debate em relação à era Fernando Henrique Cardoso. E ainda não
quer comparar as duas eras, a do Fernando Henrique, em que José
Serra tinha papel destacado, e a do Lula, em que a Ministra Dilma
Rousseff foi figura central. Desesperadamente a Oposição, o
tucanato e a mídia monopolista tudo fazem para passar um borrão na
comparação desses dois períodos, querendo zerar o jogo como se
fosse possível extrair Dilma do contexto do governo Lula.
Enquanto isso o seu candidato é apresentado como se fosse pós-
Lula, como se nada tivesse que ver com o fracasso anterior, mas,
para nós, estamos diante de uma tentativa de farsa, cuja missão é
fugir do debate, do resultado de governo e de um programa
alternativo. Na verdade eles, o PSDB e o José Serra, têm esse
programa, mas não têm como apresentar uma alternativa melhor para
o Brasil e o povo, concretizada pelo governo Lula nas condições
atuais do Brasil e do mundo. O PSDB defende a economia de mercado
simplesmente excluindo os trabalhadores, e defende as
privatizações. Por isso eles não têm a coragem para um debate
claro, franco e transparente.
Como bem afirmou a nossa pré-candidata, Ministra Dilma Rousseff,
o verdadeiro programa oposicionista não pode vir à tona porque é
um programa anti-Lula, um anteprojeto contrário ao caminho seguido
pelo governo Lula. A Ministra Dilma Rousseff, hoje pré-candidata à
Presidência da República, é quem melhor representa e expressa o
projeto Lula. Ela esteve no centro do governo, foi a protagonista
em sua aplicação e contou com a contribuição de muitos.
Por essas razões, o PCdoB, com muita clareza, entende que é o
momento oportuno de se aprofundarem as mudanças que o Brasil viveu
nos últimos tempos e se fazer com que o Brasil continue no caminho
do progresso, do desenvolvimento econômico e do desenvolvimento
social. Nessa perspectiva, entendemos que o melhor caminho para o
Brasil é uma ampla aliança no campo democrático popular, a fim de
dar prosseguimento ao projeto de governo desempenhado pelo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o qual tem, como candidata
dessas forças que compõem o governo, a Ministra Dilma Rousseff.
Sr. Presidente, quero também dizer que nos tem chamado a atenção
a situação de Minas Gerais, especialmente a forma como às vezes a
imprensa procura fazer a cobertura do desenrolar desse quadro
político em Minas Gerais.
Nós, do PCdoB, tratamos isso com muita clareza e tranquilidade,
porque nunca tivemos situação tão favorável em Minas Gerais, com
nomes de expressão em nosso campo, no campo do Presidente Lula,
pessoas com alta capacidade, que têm alta representatividade. Nós,
do PCdoB, acreditamos que, esgotadas todas as fases do debate, da
conversa, do diálogo, o campo que representa o Presidente Lula em
Minas Gerais caminhará unido, em palanque único. No entanto é mais
que natural que os partidos políticos tenham seus calendários e
ritmos próprios. Devemos respeitar esses calendários e ritmos. Não
adianta ficarmos aqui, e a empresa querer criar confusão na cabeça
do povo. O PMDB está fazendo suas movimentações legítimas, tem seu
pré-candidato, assim como o PT, que também está fazendo suas
movimentações legítimas, por meio da prévia do dia 2 de maio. Cada
partido tem seu ritmo próprio. Na hora certa, eles vão dialogar. E
haveremos de encontrar o caminho da unidade no campo do governo
Lula, um palanque único para a Ministra Dilma Rousseff aqui, em
Minas Gerais. Tivemos oportunidade de almoçar ontem com o Senador
Hélio Costa, quando também referendamos a posição de que o PCdoB
em Minas defende palanque único, que será construído com diálogo,
com amplo debate, na hora e no momento certos. Reafirmamos também
a necessidade de começarmos a criar coordenação da pré-campanha da
Ministra Dilma, por meio da figura do José Alencar, nosso Vice-
Presidente, e programa único de governo para construir projeto que
mude o Estado e o faça avançar, elegendo Dilma Presidente e
fazendo com que nosso lado eleja Governador de Estado que
represente o lado democrático popular em Minas Gerais.
* - Sem revisão do orador.