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Memória e Poder

Culinária: Dona Lucinha

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O sonho de infância era ter sido irmã de caridade. Mas, a verdadeira vocação estava em meio a panelas, fogões de lenha e receitas tradicionais. Maria Lúcia Clementino Nunes, mais conhecida como Dona Lucinha, já foi feirante, professora, vereadora e empresária, Dona Lucinha gosta mesmo de ser chamada de cozinheira. A profissão a fez correr o mundo para divulgar e preservar a culinária mineira - sem abrir mão de produtos típicos e do "modo de fazer" aprendido com "sinhás", "vovós velhas" e freiras no município do Serro, na Região Central do Estado. "As pessoas me criticam por não usar abridor de latas até hoje. A maior inimizade minha é um abridor de lata. Não vale a pena. Aí, faz uma comida corrida e não fica bom", explica. "Dizem que vou ficar uma velha gagá porque sou tradicionalista. É pesado, é claro, mas tem dado certo", diz Dona Lucinha, que mantém três restaurantes com seu nome, dois em Belo Horizonte e um em São Paulo. Na entrevista, Lucinha lembra a infância passada em uma fazenda no Serro, cercada por quituteiras, quitandeiras e doceiras; o namoro com o primo de primeiro grau, que resultou em um casamento de mais de 60 anos, 11 filhos e 24 netos; e, passagens pouco conhecidas da sua biografia, como os tempos em que foi diretora de uma escola no Serro. Na época, ela teve de enfrentar a desconfiança e o preconceito dos colegas. "Primeiro, por fazer uma horta dentro da escola, com direito a vaca leiteira e tudo. Depois, por abrir a escola para alunos com deficiência auditiva". Por fim, ainda foi denunciada à Superintendência de Ensino em Diamantina porque estava matriculando os filhos das prostitutas da cidade. “Quando a superintendente ficou sabendo da denúncia, não me puniu, mas aumentou a verba da escola”, relembra com alegria, “afinal, os meninos não podiam ficar sem estudar, fosse filho de quem fosse”, afirma.