Deputados pediram empenho do secretário de Estado na aprovação de isenção fiscal no Confaz

Confaz barra isenção de ICMS para compra de armas no Estado

Segundo secretário, Conselho Nacional precisa aprovar por unanimidade lei que concede o benefício fiscal.

19/10/2021 - 15:22

O secretário de Estado de Fazenda, Gustavo Barbosa, explicou nesta terça-feira (19/10/21) que o motivo pelo qual a Lei 23.869, de 2021, que trata da isenção de ICMS para aquisição de armas de fogo e outros equipamentos, ainda não ter entrado efetivamente em vigor foi a não aprovação da matéria pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz)

Ele participou de audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A citada lei estabelece a isenção do imposto na compra de armas de fogo com calibre de uso permitido, munições, fardamento, colete à provas de balas, equipamentos e apetrechos por integrantes dos órgãos estaduais de segurança pública. 

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Segundo o secretário, a Lei Complementar Federal 24, de 1975, exige que legislações que tratem de isenção tributária sejam submetidas ao Confaz e aprovadas por unanimidade por todos os secretários de Fazenda dos estados, o que não ocorreu. 

“Não é questão de não apoiar, muito pelo contrário. O governador entende que o projeto seja meritório e trabalhamos com os secretários para buscar sensibilizá-los. Mas quatro secretários foram contra. Teremos reunião ordinária em novembro, podemos levar novamente esse assunto para a pauta, buscar a aprovação novamente. É um rito regulatório e não podemos passar por cima dele”, esclareceu. 

O deputado Sargento Rodrigues (PTB) pediu o compromisso do secretário de apresentar novamente a lei ao Confaz e reforçou que o benefício não é um privilégio, mas o reconhecimento de uma categoria que trabalha 24 horas para proteger a sociedade. 

“Estes trabalhadores estão garantindo o nome de Minas como o estado mais seguro para se viver. Quais estados negaram a aprovação? Qual a autonomia do pacto federativo? Essa isenção é insignificante para o Estado, mas fará uma diferença enorme para aqueles que ainda não possuem arma. O sentimento é de desprezo do governo com a segurança pública. Por que a Localiza recebe uma isenção de R$ 150 milhões por ano, é porque o dono é amigo do governador?”, questionou. 

O deputado Raul Belém (PSC) destacou que não é a primeira vez que Minas Gerais tem problemas para aprovar isenções tributárias no Confaz. “É uma realidade dura e eu concordo com vocês, mas essa lei complementar precisa ser transposta ou os benefícios não chegarão à segurança pública”, afirmou. 

Categorias que seriam beneficiadas protestam 

Membros de diversas entidades representativas dos policiais manifestaram revolta com a situação. O presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais, subtenente PM Heder Oliveira, disse que muitos estados já estão trabalhando com a possibilidade de mover uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) com relação à interferência do governo federal no ICMS dos combustíveis. “Se eles podem fazer isso, porque consideram o desconto ilegal, por que não podemos fazer algo similar com relação a essa não aprovação pelo Confaz?”, questionou. 

Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais, Maria de Lurdes Camilli ressaltou que a Polícia Civil paga 16% de contribuição previdenciária, não recebe nenhum auxílio-moradia, vale-alimentação ou vale-transporte, além de ser obrigada a comprar munição por conta própria. “Essa isenção não é nada de mais quando paramos pra pensar. Não é uma lei absurda, é justa”, ponderou.

Presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado, Jean Carlos Rocha reforçou que o governador não cumpriu a sua palavra quanto ao reajuste salarial prometido, o que faria com que não houvesse condições financeiras para policiais adquirirem armamento. “Policiais do Estado colocam suas vidas em risco para proteger a sociedade. Na hora de ter um direito adquirido, o governador não cumpre a lei, não dá aos policiais nem o direito de se armarem para defenderem suas vidas”, protestou. 

Por sua vez, o superintendente de Planejamento, Gestão e Finanças da Polícia Civil, Reinaldo Lima, argumentou que o governo estaria fornecendo os equipamentos de trabalho necessários aos policiais. “Estamos com vários processos de compra em andamento. Hoje, 8,2 mil servidores dispõem de armamento institucional adequados à sua função. Estamos em processo de compra de 117 mil munições no Estado, 22 mil cartuchos de diversos calibres. Queremos trocar todo nosso estoque nos próximos anos. O objetivo é entregar à instituição o que tem de melhor”, garantiu.