Deputados demandam investimentos na distribuição de energia
Presidente da Cemig apresentou o planejamento da empresa para suprir carências das redes de geração e transmissão.
16/12/2020 - 21:06O desenvolvimento econômico e social de Minas está diretamente atrelado à conexão de plantas de geração distribuída e à capacidade de escoamento da energia produzida. Partindo dessa premissa, deputados e representantes do setor apresentaram ao presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, as principais demandas por investimentos da empresa para o aumento da competitividade do Estado e para a atração de novos empreendimentos.
Eles participaram de audiência da Comissão Extraordinária das Energias Renováveis e dos Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (16/12/20).
Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.
O presidente da comissão, deputado Gil Pereira (PSD), lembrou que a Cemig sempre foi a mola propulsora do desenvolvimento do Estado, ao ressaltar que a falta de ligação de produtores de energia com a rede de distribuição é um enorme empecilho tanto para esses empreendedores quanto para os empresários que não têm acesso ao fornecimento que precisam para seus negócios.
Ele ressaltou que a Lei da Energia Solar Fotovoltaica, de sua autoria, que isenta de ICMS as usinas solares com até 5 megawatts (MW) de potência, impulsionou o setor de geração distribuída, que registrou um crescimento de 3.400% em três anos.
A geração distribuída consiste na produção de energia elétrica a partir de sistemas privados ligados diretamente à rede de distribuição. Eles utilizam fontes renováveis, tais como a energia solar e a eólica. Minas é o estado com maior potência instalada no segmento no País (850 MW).
O deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) também abordou a importância do acesso à energia para a retomada econômica de Minas, em especial, na agricultura. Ele aconselhou o presidente da Cemig a investir nos sistemas de geração e transmissão, por acreditar que, com a atual valorização das commodities e a alta das exportações, todo o valor gasto será automaticamente revertido em emprego, renda e desenvolvimento.
O deputado Tito Torres (PSDB) pediu uma atenção especial do governo à proposta de investidores para a geração de 1GW em uma usina na cidade de Jequitinhonha (Vale do Jequitinhonha), em um projeto de R$ 3 bilhões que promete levar 5 mil empregos para uma das regiões mais carentes do Estado.
Plano de investimentos da Cemig é o maior de sua história
O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, lembrou a difícil situação da companhia herdada pelo governo para valorizar o atual estágio de reformulação da empresa. Segundo ele, está sendo realizado o maior programa de investimentos da história da Cemig.
Somente na transmissão, o governo pretende alocar R$ 1,4 bilhão até 2025, valor que chega a quase R$ 4 bilhões em relação à geração, no mesmo período.
Para o Programa de Desenvolvimento da Distribuidora (PDD), que traz o plano de investimento de distribuição, são previstos R$ 6,4 bilhões até 2022, beneficiando 6,4 milhões de clientes, 75% do total de consumidores da empresa no Estado.
As regiões menos favorecidas, como Norte, Nordeste e Leste, ficarão com 34% desse valor, para apoiar o seu desenvolvimento. Compõem o plano a construção de 80 subestações e a instalação de cerca de 3 mil linhas de transmissão, entre outras ações para o reforço e automação do sistema, a expansão do mercado e a recuperação de receita.
Reynaldo Passanezi também destacou que o índice de obras da empresa paradas, que já foi de 57%, hoje é praticamente inexistente.
GD – Quanto à geração distribuída, ele relatou que, desde 2012, foram realizadas 65 mil conexões de microgeradoras, sendo 90% delas nos últimos três anos. A minigeração foi responsável por 554 conexões, 83% também nos últimos três anos.
O presidente da Cemig admitiu, contudo, que ainda há muito a ser feito no setor, tendo em vista o crescimento exponencial da demanda.
Energia limpa é diferencial competitivo
O presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiemg), Flávio Roscoe, concordou que o crescimento acelerado de mais de 3.000% da geração distribuída obviamente ia gerar gargalos. Ele ponderou, contudo, que há uma janela de oportunidade para investimentos na energia solar fotovoltaica.
A energia limpa, ainda de acordo com o empresário, é hoje um fator de competitividade da indústria. Seu baixo custo pode significar um salto de desenvolvimento para as regiões de Minas mais irradiadas (também, as mais pobres), com a atração de investimentos industriais. A interligação de novos consumidores também é fundamental pra diluir o custo de toda a rede de distribuição, conforme argumentou.
Empresários do setor, por sua vez, reforçaram a necessidade da liberação de conexões com as usinas para instalarem suas plantas. Rodrigo Botelho, sócio do Grupo BRGD Energia, afirmou, por exemplo, que a empresa está investindo mais de R$ 130 milhões em 12 unidades, das quais dez estão sendo implantadas no Norte de Minas. Ele garantiu que os empresários estão dispostos a antecipar investimentos para acelerar o processo de conexão.
Na mesma linha, o diretor de Projetos da Companhia Energética Integrada (CEI), Marcos Felipe Fonseca, informou que está sendo construída uma planta com capacidade de gerar 100 MW na região do Jaíba (Norte de Minas) e outra, para produzir 500 MW, já está projetada e com a sua capacidade de produção de energia vendida para 2023. “É preciso acelerar, estamos aquém do que gostaríamos”, advertiu.
Envolver os empresários norte-mineiros nos projetos de produção de energia solar também foi a sugestão do presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Montes Claros, Leonardo Vasconcelos. Segundo ele, os investimentos que estão sendo feitos na região já ultrapassam tudo que a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) já destinou para as áreas atendidas em Minas Gerais.