Retomada de Linha Mineira é defendida em audiência
Possível integração com Porto do Açu, no estado do Rio de Janeiro, permitiria escoamento de produção mineira.
23/09/2020 - 12:02 - Atualizado em 23/09/2020 - 12:31Participantes de audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) defenderam, nesta quarta-feira (23/9/20), a retomada da Linha Mineira, uma antiga ferrovia que ligava a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) às Zona da Mata, chegando até Recreio, ainda em Minas Gerais.
Durante a reunião, solicitada pelos membros efetivos da comissão, foi enfatizado que uma reestruturação dessa linha e sua conexão com trechos no estado do Rio de Janeiro poderiam viabilizar uma ligação com o Porto do Açu, empreendimento da Prumo Logística baseado em São João da Barra (RJ). Dessa forma, haveria melhorias no escoamento da produção mineira.
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O gerente de Logística do Porto do Açu, Rômulo Calzavara de Sousa, defendeu investimentos na Linha Mineira. Ele destacou que o Porto do Açu apoia a iniciativa no que estiver ao seu alcance.
“Já sabemos, por exemplo, que o porto de Vitória (ES) não suportará mais de 7 milhões de toneladas de grãos. O investimento na Linha Mineira será importante para lidar com o excedente dessa produção de grãos”, explicou. Ele acrescentou que outro produto que poderá ser transportado dessa forma é a bauxita.
O diretor de Terminais e Logística do Porto do Açu, João Paulo Araujo Braz, relatou que o porto está conectado por transporte marítimo, aeródromo, oleodutos e gasodutos, rodovias e ferrovias. Em sua opinião, a ferrovia representa uma conexão importante para longo prazo, que vai possibilitar a expansão do porto.
“O transporte ferroviário equilibra o sistema portuário brasileiro, reduzindo os custos do agronegócio, da siderurgia e da construção civil, beneficiando os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Goiás”, enfatizou.
Deputados reforçam importância de Linha Mineira
Segundo o deputado João Leite (PSDB), a Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras, presidida por ele, tem a expectativa de retomada da Linha Mineira, que, conforme contou, foi utilizada pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e se encontra abandonada. “Sobretudo com a possibilidade de se conectar com a potência que é o Porto do Açu para escoar a produção da Zona da Mata mineira”, enfatizou.
O deputado Roberto Andrade (Avante), que é relator da comissão, enfatizou que a Zona da Mata está retomando seu desenvolvimento e que precisa de alternativas para escoar sua produção. Ele citou que a região tem aumentado sua exploração mineral.
O vice-presidente da comissão, deputado Gustavo Mitre (PSC), e os deputados Zé Reis (Pode) e Coronel Henrique (PSL) reforçaram o potencial de Minas Gerais e defenderam investimentos em ferrovias do Estado.
Os parlamentares aprovaram requerimento para realizarem uma visita ao Porto do Açu.
Metade da carga transportada pelo porto tem origem ou destino em Minas
O diretor de Terminais e Logística do Porto do Açu, João Paulo Araujo Braz, destacou que, em 2019, o porto movimentou 43 milhões de toneladas, sendo que mais de 50% tiveram origem e destino em Minas.
João Braz salientou que o Porto do Açu, que tem cinco anos de operação, só fica atrás do de Santos, em São Paulo, e de Paranaguá, no Paraná. “Grande parte do sucesso do porto se dá pelo sucesso da indústria mineira”, comentou. Ele acrescentou que, quando estiver totalmente ocupado, o porto terá ainda mais relevância para Minas.
Em sua apresentação, ele abordou a diversidade de serviços oferecidos pelo Porto do Açu, com vocação para setores de minério, óleo e gás.
Sobre o setor de minério, o porto movimentou 23 milhões de toneladas em 2019 e a capacidade é de movimentar 26,5 milhões de toneladas.
Em relação ao escoamento de óleo, atualmente, 25% do petróleo exportado pelo Brasil é movimentado por esse terminal, conforme contou João Braz. Ele acrescentou que há capacidade para movimentar 1,2 milhão de barris/dia e que é feita a expansão para armazenar até 10 milhões de barris.
O diretor também falou sobre a vocação do Porto do Açu para o setor de gás e energia. O porto representará o maior parque termelétrico a gás natural da América Latina, com capacidade instalada de 3 gigawatts (GW). O início de operação será em 2021.
Segundo João Braz, o porto também está atuando no escoamento de fertilizantes e tem o menor custo logístico para atender a esse mercado para a cultura do café, o que terá relevância para Minas.
Requerimentos aprovados – Durante a reunião, foram aprovados quatro requerimentos para a realização de audiências públicas. Elas devem abordar uma atualização de como estão os estudos do Plano Estratégico Ferroviário de Minas Gerais; a homologação da multa referente ao abandono dos trechos ferroviárias concedidos à Vale; a participação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no processo de renovação da concessão ferroviária da Vale; e os investimentos nas ferrovias do Estado. Eles são assinados por todos os membros da comissão.