Deputada acredita que a redução das vagas do EJA deve ser revista e que o aluno deve ter o direito de escolher onde estudar

Corte de vagas em programa de ensino faz demanda crescer

Escola de Betim perdeu mais de 80 vagas para Educação de Jovens e Adultos. Problema seria realidade em todo o Estado.

19/08/2019 - 21:32

Após o corte de vagas de ensino em tempo integral, o problema ameaça afetar um outro programa da área de educação no Estado: a Educação de Jovens e Adultos (EJA), antes conhecida como supletivo.  

Nesta segunda-feira (19/8/19), a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitou uma de várias escolas de Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte) que foram desautorizadas pela Secretaria de Estado de Educação a abrir turmas solicitadas.

No segundo semestre de 2019, a Escola Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira, que fica no Conjunto Olímpia Bueno Franco, em Betim, terá oito turmas de ensino médio, relativas ao EJA. Se dependesse da demanda, de acordo com o diretor Sidnei Cornélio Silva, seriam duas turmas a mais.

No entanto, o diretor afirmou que a Superintendência Metropolitana B somente autorizou a abertura de uma única turma nova do 1º ano. Como cada turma tem pouco mais de 40 alunos, apenas nesta escola mais de 80 pessoas deixarão de ser atendidas.

“Fomos surpreendidos por esta decisão. Temos uma lista de espera de 126 alunos”, afirmou Sidnei Silva. Segundo o diretor, a recomendação da Superintendência é que os alunos não atendidos fossem encaminhados para outras escolas ou para o Centro Estadual de Educação Continuada (Cesec) de Betim, também uma instituição estadual, que oferece cursos não presenciais.

Para a presidenta da Comissão de Educação, deputada Beatriz Cerqueira (PT), a solução apontada pela Secretaria de Estado, além de não resolver, é uma violação do direito constitucional à educação. “O aluno tem o direito de escolher onde estudar. Se ele quer o ensino presencial, tem esse direito. Além disso, o Cesec está sem estrutura e sem investimento do Estado”, criticou a deputada.

Problema ocorre em várias escolas

De acordo com Beatriz Cerqueira, a Escola Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira não é o único exemplo do problema. “Isso está acontecendo no Estado todo”, afirmou. O relato do diretor Sidnei Silva confirma esta avaliação: segundo ele, todas as seis escolas que têm EJA em Betim foram autorizadas a abrir apenas uma turma nova.

O diretor disse que, após questionamentos à Secretaria de Educação, inspetores escolares visitaram a unidade para avaliar a demanda e informaram que apresentariam um relatório favorável à abertura de novas turmas. O receio é que uma revisão da decisão ocorra tarde demais, uma vez que está para vencer o prazo necessário para cumprir o ano letivo.

Próxima ao hospital regional de Betim, a Escola Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira é muito solicitada porque está próxima a muitas linhas de ônibus. “Atendemos 36 bairros”, afirmou Sidnei Silva.

O EJA é uma oportunidade para muitas pessoas mudarem o rumo de suas vidas, pois oferece uma chance de retomar os estudos. Foi a opção de Márcia Aparecida Dutra, que pretende progredir em sua carreira, passando de auxiliar de enfermagem para técnica em enfermagem. Para isso, precisa do diploma do ensino médio. “E depois que eu conseguir, vou fazer faculdade”, planeja ela.

Para Cristiano Rogério Souza, também aluno do EJA na escola de Betim, o sonho é que o diploma ajude a vencer o desemprego. Cadeirante, já trabalhou como atendente na Prefeitura de Betim, mas agora tem sido difícil conseguir uma nova oportunidade.

Para Beatriz Cerqueira, é necessário que a redução das vagas do EJA seja revista. “A Secretaria de Estado de Educação precisa tomar decisões de acordo com a realidade. E que seja a realidade que interessa ao aluno”, cobrou a deputada.