A técnica de combate como alternativa para mulheres em situações extremas foi apresentada em audiência na Assembleia
Parlamentares reforçaram que a prática ensina a mulher a se comportar em situações de risco
Krav Magá auxilia na defesa pessoal da mulher

Prática do Krav Magá pode prevenir violência contra a mulher

Num contexto em que uma a cada quatro mulheres já foi agredida, segundo a ONU, reunião abordou uso da técnica de defesa.

02/05/2019 - 19:11

A prática de Krav Magá como política preventiva de violência contra a mulher foi debatida em reunião da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde desta quinta-feira (2/5/19).

Autora do requerimento, a deputada Laura Serrano (Novo) falou da necessidade de políticas do estado para o combate da violência e também na possibilidade do Krav Magá ser usado para a proteção pessoal. “Essa defesa dá autonomia, independência e ensina como se comportar em situações de risco”, enfatizou.

Ao contrário do que está no imaginário popular, o Krav Magá não é uma prática esportiva nem uma luta, mas uma combinação de golpes que podem ser usados para defesa pessoal de qualquer pessoa, com qualquer idade e porte físico.

O professor da Federação Sul-Americana de Krav Magá, Dionésio Mariose, citou pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) que aponta que uma em cada quatro mulheres já foi agredida, sendo a maior parte dessas agressões em ambiente doméstico. “Posso assegurar que quem faz anda mais atento na rua, o que, por si só, já previne a possibilidade de assaltos. E muitos dos assaltantes só fazem abordagem oral, sem armas. Se a mulher já gritar e correr escapa, mas muitas travam, e o Krav ajuda também nisso, para a pessoa analisar o cenário e não ficar paralisada”, explicou.

O instrutor de Krav Magá Marcelo Santos Vianini explicou que a “cultura do medo” difundida pela sociedade muitas vezes leva as pessoas a não reagir em situações de violência, mas a “não-reação” também é uma forma de reagir. “Ficar passivo envolve riscos também. Saber golpes para se defender traz possibilidades. Depende da situação. É preciso analisar”, ponderou.

Alunas relatam experiências

Representante da indústria farmacêutica e aluna, Ana Beatriz Veloso procurou a defesa pessoal por se sentir vulnerável. “Não é pesado, a exigência da parte física não é excessiva. E a prática também é um bom exercício”.

Já a servidora da ALMG e jornalista Letícia Vidal Gomes se disse surpreendida, pois imaginava que as aulas fossem agressivas. “Nunca gostei de briga, mas Krav Magá é um estilo de vida. Me tornei mais atenta. E nós, mulheres, nunca fomos o sexo frágil. Somos só força e coragem. Temos que saber nos defender e ter, pelo menos, noções básicas para sair das situações de perigo”, completou.

A presidenta da comissão e co-autora do requerimento, deputada Marília Campos (PT), reforçou que as mulheres não podem ser vistas como indefesas apenas por serem mulheres. A deputada Celise Laviola (MDB) e o deputado Virgílio Guimarães (PT) concordaram com a colega. “A defesa pessoal precisa também focar no atacante doméstico, vizinho, amigo, colega. Precisamos pensar nisso também”, enfatizou o parlamentar.

Ao final da reunião, o professor e o instrutor demonstraram algumas técnicas de defesa do Krav Magá. E durante a reunião foi aprovado requerimento de autoria da presidenta da comissão para discutir a questão da autonomia financeira feminina como estratégia de superação da violência doméstica.

Consulte o resultado da reunião.