Magda Neves: defesa da justiça social e dos direitos das mulheres

Memória & Poder entrevista a socióloga Magda Neves

Programa com a ex-diretora da Fafich (UFMG) vai ao ar neste sábado (3)

01/11/2018 - 16:46

Foi da convivência, ainda na infância, com frades domenicanos em Juiz de Fora (Zona da Mata) que Magda Neves herdou a preocupação com a justiça social e as desigualdades brasileiras. A partir daí, o envolvimento, nos anos 1960 e 70, com movimentos estudantis de resistência à ditadura militar e a participação na luta pela anistia política foram apenas uma consequência.

A trajetória da ex-diretora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), da UFMG, é destaque do programa Memória & Poder, que vai ao ar neste sábado (3/11/18), às 20 horas, pela TV Assembleia.

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Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, em 1945, Magda Neves passou a maior parte da infância e juventude em Juiz de Fora. Lá, envolveu-se com a Ação Católica, ajudando na alfabetização de jovens e adultos da periferia. Essa experiência foi fundamental para a escolha do curso de Serviço Social em uma universidade de freiras da cidade.

Em 1969, mudou-se para Belo Horizonte e ingressou no mestrado em Ciências Políticas da UFMG. Mas foi expulsa da universidade devido ao decreto-lei 477, uma das consequências do Ato Institucional nº 5, que puniu professores e alunos que tivessem alguma participação com movimentos contra o regime militar.

Foi acolhida na Universidade Católica (PUC Minas), onde começou a trajetória de professora acadêmica, até retornar por concurso público, em 1976, à UFMG. No mesmo ano, participou do Movimento Feminino de Luta pela Anistia Política. “Fazíamos reuniões nos colégios católicos de Belo Horizonte. A mobilização das mulheres, mães e esposas de exilados foi surpreendente e marcante. Aquela luta representou a esperança que um Brasil novo pudesse estar surgindo”, lembra.

Na década de 1980, fundou na UFMG os Núcleos de Pesquisa dedicados ao estudo das Relações de Trabalho (NESTH) e às questões das Mulheres (NEPEM). É autora de estudos relevantes no meio acadêmico sobre a divisão do trabalho na montadora FIAT, em Betim; sobre o movimento de mulheres operárias na Greve de Contagem, em 1968 (tema de sua tese de doutorado); e sobre a situação das trabalhadoras tecelãs na Cidade Industrial.

Depois de ser diretora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, no fim dos anos 1990, retornou à PUC Minas para criar o Mestrado em Ciências Sociais com foco no desenvolvimento das metrópoles. Referência em temas como sindicalismo, relações de gênero e mundo do trabalho, Magda Neves considera que o Brasil passa por um momento delicado no que se refere aos direitos trabalhistas.

“O próprio avanço tecnológico já trouxe uma grande mudança na dinâmica do trabalho, mas, no Brasil, presenciamos uma precarização da legislação trabalhista também. Quando a gente achava que a democracia estava consolidada, que estávamos avançando com as políticas sociais, percebemos que ainda é preciso muita mobilização da sociedade civil”, afirma.

Reprises - O programa Memória & Poder será reapresentado no domingo (4), às 15h30; na segunda-feira (5), à meia-noite; e na terça-feira (6), às 21 horas.