Os deputados querem esclarecer denúncias recebidas de sobrecarga de trabalho dos servidores

Deputados criticam ausência de oficiais em audiência na ALMG

Reunião para debater supostas irregularidades em jornada de trabalho na PM e nos Bombeiros foi remarcada para maio.

18/04/2018 - 16:45

A ausência, na tarde desta quarta-feira (18/4/18), dos oficiais da cúpula da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros na audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) motivou o agendamento de nova reunião no próximo dia 3 de maio, às 10 horas. O motivo do encontro era discutir supostas irregularidades na carga horária de trabalho dos servidores das duas corporações, em flagrante descumprimento à legislação.

O presidente da comissão e autor do requerimento que deu origem à audiência pública, deputado Sargento Rodrigues (PTB), teceu duras críticas à ausência, mais uma vez, dos oficiais. A matéria já tinha sido pautada para outra audiência pública, agendada para o último dia 27 de março. Segundo o parlamentar, os oficiais cumprem determinação do governador Fernando Pimentel.

A Lei Complementar 127, de 2013, fixa em 40 horas a carga semanal de trabalho dos militares estaduais. No entanto, em visita realizada em outubro do ano passado à 6ª Companhia do 1° Batalhão da PM, em Belo Horizonte, a comissão ouviu relatos de sobrecarga de trabalho dos policiais: a carga horária estaria sendo extrapolada em 16 horas, mensalmente.

Segundo Sargento Rodrigues, denúncias semelhantes estão sendo reforçadas em diversas correspondências encaminhadas à comissão, uma delas lida no início da audiência desta quarta (18), remetida por militares de Manhuaçu (Zona da Mata).

A jornada de trabalho dos militares é de 12 horas por dia, com 24 horas de descanso. Com esse regime, é possível que durante a semana o militar trabalhe três dias e folgue dois, somando 36 horas semanais. Assim, para completar a carga de 40 horas no período, os policiais fariam escalas de trabalho de fim de semana, que acabariam excedendo as horas faltantes.

Controle - “Não deixam eles virem aqui porque sabem que estão descumprindo a legislação, assim como não pagam o piso salarial dos professores e parcelam há mais de dois anos os salários dos servidores. Que partido é esse que faz isso com os trabalhadores?”, questionou Sargento Rodrigues. “Mas vamos remarcar a audiência até que a Assembleia possa exercer sua função de controle sobre os atos do Poder Executivo”, emendou.

O deputado João Leite (PSDB) fez coro às críticas do colega. “Os comandantes não têm coragem de enfrentar os policiais e bombeiros. Mas essa questão é importante não somente para o trabalhador, mas também para sua família. Este governo impõe um regime de quase escravidão aos policiais e bombeiros, desrespeitando o direito fundamental de descanso a quem já vive sob risco permanente”, advertiu.

Convidados - Foram convidados para a audiência e não compareceram os comandantes-gerais da PM e dos Bombeiros, respectivamente os coronéis Helbert Figueiró de Lourdes e Cláudio Roberto de Souza; os diretores de Recursos Humanos das duas corporações, respectivamente os também coronéis Osvaldo de Souza Marques e Marcus José Tibúrcio Lima; e, ainda, o comandante de Policiamento da Capital, o coronel Anderson Oliveira.

Na outra ponta, compareceram à audiência os representantes dos praças das duas corporações, o presidente da Associação de Servidores do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar (Ascobom), o sargento bombeiro Alexandre Rodrigues; e o assessor institucional do Centro Social de Cabos e Soldados, Michael André dos Santos.

Denúncia – O deputado Sargento Rodrigues ainda lembrou denúncia veiculada na imprensa, também nesta quarta (18), dando conta do suposto envolvimento do ex-secretário de Estado de Governo, Odair Cunha, na tentativa de intimidação da ex-chefe da Polícia Civil, delegada Andrea Vacchiano, conforme relato do promotor Leonardo Barbabela. O fato teria ocorrido durante o andamento das investigações de fraude em licitação na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Segundo o promotor, a delegada fez a denúncia em um depoimento espontâneo ao Ministério Público, relatando que foi convocada para uma reunião, em maio de 2016, com o vereador e ex-presidente da Câmara, Wellington Magalhães, e Odair Cunha.

“Ela foi constrangida pelo então secretário a atender o vereador no que fosse preciso, pois ele era um aliado. Isso é interferir no inquérito policial, o que é muito grave”, reforçou Sargento Rodrigues.

Consulte o resultado da reunião.