A programação especial para celebrar o fortalecimento da luta pelos direitos das mulheres se estende por todo o dia
A perda de direitos e a luta por espaço nas esferas de poder estiveram no centro das discussões
Além dos debates, intervenções artísticas foram feitas durante todo o dia do evento
Mulheres participam de audiência pública na Praça Sete

Lutas femininas marcam o Dia Internacional da Mulher

Atividade realizada nesta quinta-feira (8) reuniu dezenas de pessoas e entidades na região central de Belo Horizonte.

08/03/2018 - 15:11 - Atualizado em 09/03/2018 - 13:15

A Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, foi palco de um grande evento comemorativo do Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quinta-feira (8/3/18). A violência e a perda de direitos, a luta pela inclusão nos espaços de poder e de decisão, além do atual momento político do País e suas consequências para as mulheres foram alguns dos temas abordados na audiência pública promovida pela Comissão Extraordinária das Mulheres.

O evento, que se estende por todo o dia, é promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com dezenas de entidades de apoio à luta pelos direitos das mulheres, e integra a programação especial Mulheres na Luta por Direitos: Resistência, Poder e Democracia.

“Viemos para a praça porque queremos nos aproximar das pessoas, daqueles que querem que os direitos das mulheres avancem. Queremos dar visibilidade à nossa luta e encorajar mais mulheres a resistir e lutar”, explicou a deputada Marília Campos (PT), presidente da comissão.

Nesse mesmo sentido, a deputada Geisa Teixeira (PT) também pontuou que a iniciativa visa chamar a atenção para as lutas femininas.

A vereadora de Belo Horizonte Áurea Carolina disse que a sociedade vive um momento de retrocessos, que se apresentam no contexto do medo. “A cultura do medo é de negação da política e tem efeito sobre as mulheres, principalmente quando dizem que não estamos capacitadas para ocupar espaços de poder”, afirmou.

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) disse que, neste ano eleitoral, a luta será decisiva para garantir a democracia e impedir que o País caminhe para um tempo de autoritarismo. O momento, segundo ela, também é de defesa dos direitos dos trabalhadores e da garantia de espaços de poder para as mulheres.

Símbolo de resistência

“Esse momento é lindo, histórico e representa a resistência. Como mulher trans e com deficiência eu resisto contra esse momento de exclusão, em que tentam nos silenciar. Não devemos deixar isso passar”, disse a fotógrafa e ativista LGBT Leandra Du Art. Para ela, no atual momento político, é preciso gritar pelos direitos femininos e por tudo o que se tem perdido durante o atual governo.

A secretária municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte, Maíra da Cunha Pinto Colares, lembrou que as mulheres estão presentes nas famílias, escolas, universidade e no poder público. “Ser mulher não é fácil. Convivemos cotidianamente com a violência institucional. E não desistimos”, disse.

A violência doméstica, seja física, moral ou psicológica, foi o ponto abordado pela delegada especializada no atendimento à mulher, Ana Paula Balbino. Ela orientou àquelas que se sentirem ameaçadas a procurar a delegacia especializada ou ligar para o número 197, para se informarem sobre a delegacia mais próxima. “Não fiquem em silêncio. É necessário romper esse ciclo de violência”, disse.

Igualdade profissional – Para as contadoras Milena Marques e Edilaine Guedes de Assis, que passavam pela Praça Sete durante a audiência, a igualdade profissional é um dos principais direitos a se conquistar.

Segundo Milena, que disse já ter vivido essa experiência, é comum que em uma disputa de emprego ou mesmo posteriormente, na questão salarial, o homem leve vantagem sobre a mulher. A comemoração de 8 de março é importante, na sua avaliação, pois faz a mulher se sentir valorizada, embora seja algo pontual.

Edilaine acredita que a igualdade no trabalho é o primeiro passo para que um dia essa valorização seja enraizada na sociedade como algo rotineiro, e não mais eventual. “A prioridade da mulher de hoje é ser uma boa profissional, ser bem-sucedida”, disse.

Governo e entidades oferecem apoio a mulheres

Representantes de várias entidades também estiveram presentes no evento na Praça Sete. Uma delas é a psicóloga da Subsecretaria de Estado de Políticas para as Mulheres, Junia Mattos, que explicou que o órgão atua para orientar mulheres vítimas de violência sobre como proceder nesses casos.

A representante do Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, Jeanete Mazzieiro, acredita que a data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher é uma forma de expor as mazelas existentes. “Vivemos um retrocesso grande e perdemos conquistas”, pontou, citando como exemplos o aumento da violência e dos casos de mortes e estupros, além das desigualdades raciais e salariais.

Em nome do Movimento de Mulheres Olga Benário e Casa Tina Martins, Indira Xavier falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo espaço, que, segundo ela, agrega mulheres e organizações feministas.

A Casa Tina Martins, que funciona graças a doações e ao trabalho voluntário de pessoas que atuam no acolhimento de mulheres que passam por dificuldades, corre o risco de perder o local onde funciona, já que o prazo de cessão da casa termina em junho de 2018 e o Estado ainda não sinalizou a sua prorrogação. "Podemos voltar a ser uma ocupação, já que o espaço não é nosso", lamentou Indira.

Apresentações culturais - O evento na Praça Sete também recebeu apresentações e manifestações culturais e artísticas, entre eles a do Quarteto Musical da Polícia Militar.

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