Tadeu Martins Leite participou do seminário “A Dívida dos Estados, a Lei Kandir e o Regime de Recuperação Fiscal”, promovido pela ALRS

Deputado mineiro prega união nacional por acerto de contas

Em Porto Alegre, presidente de comissão extraordinária da ALMG também defende participação dos municípios no movimento.

05/05/2017 - 17:37

“Nasce um grande movimento nacional a favor do encontro de contas com o governo federal”. A afirmação é do presidente da Comissão Extraordinária de Acerto de Contas entre Minas e a União da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Tadeu Martins Leite (PMDB), que incentivou a união entre os 15 estados brasileiros prejudicados pela Lei Complementar 87, de 1996 (Lei Kandir), para reverter o nível de endividamento com a União.

O parlamentar participou, nesta sexta-feira (5/5/17), em Porto Alegre (RS), do seminário “A Dívida dos Estados, a Lei Kandir e o Regime de Recuperação Fiscal”, promovido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS).

O deputado sugeriu que os municípios também participem do movimento para promover um acerto de contas e recuperar parte do que foi perdido a partir da norma. A Lei Kandir, criada pelo então ministro do Planejamento Antônio Kandir, isentou do pagamento do ICMS produtos primários e semielaborados, como minério de ferro, café e comodities de forma geral.

Segundo Tadeu Martins Leite, nesse período, Minas Gerais deixou de recolher R$ 135 bilhões com o tributo, dos quais R$ 33 bilhões que caberiam aos municípios.

Por outro lado, a dívida do Estado com a União está em cerca de R$ 88 bilhões, embora tenha se iniciado em R$ 14 bilhões e já tenham sido pagos R$ 40 bilhões. Nesse ajuste, Minas teria então um crédito a receber. Atualmente, o Estado paga, mensalmente, R$ 400 milhões para a União.

O deputado mineiro também criticou o projeto de recuperação fiscal dos estados (Projeto de Lei Complementar Federal 343/17), que tramita no Congresso e prevê medidas austeras na negociação da dívida. “Não é privatizando, demitindo pessoas e nem congelando salários que vamos solucionar o problema”, afirmou, ao classificar a proposição como um retrocesso.

O presidente da ALRS, Edegar Pretto (PT), disse que, na negociação da dívida gaúcha com o governo federal, em 1998, o débito era de R$ 5 bilhões. Atualmente, apesar de o Rio Grande do Sul já ter destinado R$ 25 bilhões aos pagamentos, ainda continua devendo R$ 57 bilhões para a União.

De acordo com o o secretário-adjunto da Fazenda do Rio Grande do Sul, Luis Antônio Bins, a perda do estado com a Lei Kandir chega a R$ 43 bilhões.

Regularização – Em novembro do ano passado, no julgamento de ação movida pelo governo do Pará, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu um prazo de 12 meses para que o Congresso Nacional aprovasse uma lei que compensasse os estados prejudicados. Caso isso não aconteça, caberá ao Tribunal de Contas da União (TCU) realizar os cálculos para o repasse.

Integrantes da comissão especial da Câmara dos Deputados para cuidar do assunto também participaram do seminário gaúcho.