As reivindicações foram apresentadas durante audiência pública da Comissão de Saúde realizada em Unaí
O deputado Arlen Santiago (centro) reivindicou o reajuste da tabela do SUS

Unaí reivindica apoio do Estado para construção de hospitais

Comunidade já arrecadou mais de R$ 1 milhão para hospital de câncer e quer também a construção de um hospital regional.

02/07/2015 - 18:17 - Atualizado em 02/07/2015 - 18:36

A liberação de recursos do Governo do Estado para a construção de um hospital regional e o apoio à construção de um hospital para tratamento de pacientes com câncer são as principais demandas da população e das autoridades de Unaí (Noroeste do Estado), na área de saúde. As reivindicações foram apresentadas na tarde desta quinta-feira (2/7/15), durante audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada no município.

Com 85 mil habitantes e apenas um hospital municipal, Unaí centraliza o atendimento em saúde de 11 cidades vizinhas. Com isso, quase dobra o número de pacientes que buscam os serviços de saúde no município. A cidade sofre também com a falta de unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a ausência de equipamentos na área de atendimento para pacientes com câncer, o que levou a população a se mobilizar visando à construção de uma unidade hospitalar de atendimento oncológico.

Para isso, desde 2006, a própria comunidade, por iniciativa da Associação Noroeste-Mineiro de Estudo e Combate ao Câncer (Anmecc), vem arrecadando recursos com o objetivo de levar adiante o projeto. Segundo a diretora-executiva da entidade, Silvone Franca de Oliveira, a campanha para construção da unidade hospitalar, iniciada em 2006, arrecadou, até agora, R$ 1,1 milhão, mas o custo total do projeto é de R$ 17,5 milhões. A campanha já dispõe de um terreno de 18 mil metros quadrados, doado pela Prefeitura, e já iniciou a primeira etapa da obra, compreendendo terraplanagem e construção do muro de arrimo.

“Mas vamos precisar muito da ajuda do poder público, em todas as esferas – municipal, estadual e federal – para fazer avançar o projeto”, observa a diretora da associação, que é também membro do Conselho Municipal de Saúde. Atualmente, devido à falta de recursos na área oncológica, os pacientes com câncer da região têm que se deslocar a Barretos, no interior de São Paulo, em busca de atendimento, conta ela.

Sonho - Outro que defendeu “o sonho da construção de um hospital do câncer” foi o presidente da Câmara Municipal, vereador José Lucas da Silva. Segundo ele, é muito alta a incidência de câncer na região, e torna-se necessário discutir ações em busca de solução para esse problema. “É o sonho que nos alimenta e nos impulsiona à realização de uma meta. Temos certeza de que melhores dias virão. Já passamos por várias crises em nosso País, no nosso Estado e na nossa região, e também vamos superar a crise atual”, disse.

O presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB), teceu várias críticas ao Governo Federal e, mais uma vez, reivindicou o reajuste dos valores pagos aos hospitais e clínicas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Não é possível convivermos com uma tabela defasada, com valores congelados há 15 anos”, queixou-se. O parlamentar criticou o contingenciamento nos gastos públicos e citou dados do Conselho Federal de Medicina segundo os quais 13 mil leitos hospitalares teriam sido fechados nos últimos dez anos no País.

Gastos com saúde nos municípios chegam a 30% do orçamento

Outra queixa recorrente durante a audiência diz respeito ao gasto excessivo dos municípios da região com o atendimento em saúde. Segundo o prefeito de Unaí, Delvito Alves, 30% do orçamento municipal são direcionados à saúde, um percentual considerado por ele muito acima do suportável. Além disso, queixou-se, o único hospital municipal da cidade foi construído há mais de 20 anos e carece de reforma e modernização.

Delvito Alves pediu apoio à Comissão de Saúde da Assembleia para que se empenhe junto ao Governo do Estado no sentido de liberar recursos para a construção de um hospital regional no Noroeste de Minas. Ele também lamentou a ausência de um representante da Gerência Regional de Saúde na reunião.

Outro prefeito presente, Valmir Gontijo Ferreira, de Riachinho (Norte de Minas), fez coro às reivindicações, lamentando que muitos pacientes, inclusive acompanhados por médicos, precisam se deslocar ao Distrito Federal para receber atendimento. “Estamos indo a Brasília mendigar, mas Brasília não é obrigada a nos atender; quem tem que nos atender é o Estado de Minas Gerais”, afirmou, lembrando que até agora o município ainda aguarda o pagamento de vários convênios assinados em 2014.

O vereador Luan Alves Cordeiro, de Buritis, também lamentou o que chamou de esquecimento do Noroeste de Minas. “Nossa região é sempre lembrada em época de eleição e esquecida no restante do mandato. Precisamos de um hospital regional; estamos cansados de mandar nossos pacientes para Brasília”, queixou-se.

Por sua vez, o presidente do Conselho Regional dos Secretários de Saúde, José dos Reis Domingos Silva, apontou também várias dificuldades na região. Segundo ele, Bonfinópolis, onde é secretário municipal de Saúde, aplica 33% de seu orçamento em saúde pública. Há pacientes em alguns municípios que aguardam até 15 dias para serem atendidos e gestantes deslocam-se até 500 quilômetros para realizar um parto. “Não é humano”, disse. A exemplo do deputado Arlen Santiago, ele também reivindicou o reajuste dos valores da tabela do SUS pagos às clínicas e hospitais conveniados.

Esta é a oitava viagem da Comissão de Saúde da Assembleia ao interior do Estado, neste ano, com o objetivo de discutir as condições de saúde em Minas Gerais. Na manhã desta quinta-feira (2), a comissão esteve também em Governador Valadares (Vale do Rio Doce). A próxima reunião será realizada na  terça-feira (7), em Santa Luzia, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Consulte o resultado da reunião.