Anúncio oficial da divisão de Minas em 17 territórios de desenvolvimento econômico e social ocorrerá em 9 de junho
Francisco Moreira afirma que participação de deputados é fundamental no novo processo
Nilmário Miranda diz que governo cria espaços para ouvir população

MG será dividida em territórios de desenvolvimento regional

Fóruns regionais também serão criados para participação popular nos processos de elaboração do PMDI e do PPAG.

28/05/2015 - 15:53

O Estado de Minas Gerais será dividido em 17 territórios de desenvolvimento regional. A informação foi passada durante audiência pública nesta quinta-feira (28/5/15) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Promovida pela Comissão de Participação Popular, a reunião recebeu representantes do Governo do Estado para falarem sobre as diretrizes do Executivo relacionadas à participação popular nos mais diversos setores. O encontro foi requerido pela presidente da comissão, deputada Marília Campos (PT).

O lançamento da divisão de Minas em territórios de desenvolvimento econômico e social ocorrerá em 9 de junho. No mesmo dia, será anunciada também a criação de 17 fóruns regionais, um em cada território. Esses fóruns serão o 'braço' da participação popular dentro desses territórios e terão o objetivo de atrair a sociedade para a discussão e elaboração de políticas públicas dentro do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) e do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG). “Em casa território criado, haverá população, governo e Poder Legislativo elaborando e priorizando políticas públicas para o Estado”, explicou o secretário-adjunto de Estado de Governo, Francisco Eduardo Moreira.

Com a criação dos territórios, a atual divisão do Estado em dez macrorregiões deixará de existir. Para o secretário-adjunto de Estado de Planejamento e Gestão, Wieland Silberschneider, essas dez regiões administrativas, desenhadas nos anos 90, funcionaram apenas como referência burocrática. “Em nenhum momento essa divisão orientou a gestão do Governo de Minas, tanto é que todos os órgãos do Estado possuem regionalizações próprias, em recortes que superam esse número de dez regiões”, salientou. A partir de agora, as subdivisões internas das secretarias de Estado precisarão se adequar às 17 novas divisões territoriais.

“Em nenhum momento, governos anteriores tiveram ação de gestão regional, e isso tem consequências graves para o desenvolvimento econômico e social de Minas”, afirmou Silberschneider. Segundo ele, a divisão em 17 territórios não será apenas um desenho novo no mapa de Minas. O secretário-adjunto acredita que, a partir de agora, por meio dos fóruns regionais, o Estado vai dispor de mecanismos para ouvir as demandas da população nas mais diversas regiões de Minas. “É preciso democratizar o acesso do cidadão à formulação das políticas públicas. Não é possível que a direção do Governo do Estado fique na Cidade Administrativa, enquanto o cidadão está em Araçuaí, Uberaba, Uberlândia e nos mais de 800 municípios mineiros”, pontuou.

A expectativa, segundo Silberschneider, é de que, ao longo da próxima década, Minas Gerais consiga ter efetivamente uma gestão regional de suas ações. “Esse é o nosso objetivo. E a participação popular entra como variável que pretende dar dinâmica a essa gestão”, ressaltou.

O secretário-adjunto explicou, ainda, que os fóruns terão caráter consultivo e deliberativo e as discussões serão por temas. “Em um primeiro momento, o fórum fará um diagnóstico da situação do território. Depois, levantará propostas e elegerá representantes regionais do futuro Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social a ser formado. A remodelação desses conselhos, que incluirá representações da sociedade e do Legislativo, servirá para fazer a apreciação do PMDI e do PPAG”, disse.

Deputados serão membros efetivos dos fóruns regionais

Os secretários-adjuntos de Estado de Planejamento e Gestão e de Governo falaram sobre a importância da participação dos deputados em todo esse processo. “Os parlamentares, tanto os da situação quanto os da oposição, serão membros natos nos fóruns. Serão consultores e definidores de políticas públicas, com direito a voto”, afirmou Francisco Eduardo Moreira. Ele disse que “a Assembleia participará ativamente” em todos os territórios. “Parlamentares terão diálogo ainda maior com as bases”, destacou.

Segundo Wieland Silberschneider, o processo de participação dos fóruns não vai excluir, em nenhuma instância, os deputados. “E inclusive só terá sucesso com a integração de todos os parlamentares. Não há como iniciar essa trajetória sem compartilhamento pleno com os deputados”, ressaltou.

Na opinião da deputada Marília Campos, o novo processo vai valorizar ainda mais a participação dos deputados na construção do PMDI e do PPAG. “Estamos sendo chamados a participar dos fóruns para elaborar na construção das políticas públicas”, reforçou. Ela e os deputados Fábio Cherem (PSD) e Emidinho Madeira (PTdoB), ao final da reunião, propuseram um requerimento para se criar um grupo de trabalho para discutir e estruturar o processo de participação popular e dos deputados no PMDI, no PPAG e na Lei Orçamentária Anual. O grupo será formado pela Assembleia, pela secretarias de Estado de Governo; de Planejamento e Gestão; e de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania.

Governo Digital será criado

Além da participação popular anunciada via fóruns regionais, o secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, disse que o governador Fernando Pimentel vai criar em breve o Governo Digital, para ouvir as pessoas diretamente. “Por meio do recurso, cidadãos poderão se dirigir diretamente ao governador”, explicou. Segundo ele, a novidade está sendo “estudada e preparada”.

Nilmário Miranda disse que Pimentel está cumprindo o que prometeu como candidato, ao propor espaços para ouvir a população e estimular a sua participação. “A própria criação da nossa secretaria é prova disso”, disse. Ele lembrou também o recente acordo feito com o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), sobre a proposta salarial e de reconstrução da carreira da educação. “Esse acordo é histórico. Estamos instituindo o diálogo como resolução de conflitos”, destacou.

A subsecretária de Participação Social da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Ana Amélia Penido, contou que serão realizadas neste ano conferências temáticas em todo o Estado para contribuir na discussão dos fóruns regionais sobre políticas públicas. “Essas conferências também fazem parte da mudança de cultura da política mineira”, ressaltou. “Propomos avançar da política representativa para a participativa”, acrescentou. Para ela, a participação social deve ser entendida como processo, não como um evento. “Deve ser entendida, ainda, como método de governo, que resgata o fundamento da república, que é o de que todo poder emana do povo”, concluiu.

A defensora pública Diana Camargos elogiou a proposta de criação dos 17 territórios de desenvolvimento regional. Ela disse que a gestão de Pimentel é marcada por ser participativa. “Foi assim na Prefeitura de Belo Horizonte e assim parece ser no âmbito estadual”, disse. Ela acredita que a participação popular legitima decisões tomadas por governantes. “E traz muitos benefícios para os cidadãos”, acrescentou.

Deputados elogiam a nova iniciativa

O deputado Emidinho Maderia disse que, quando a sociedade participa, “a solução dos problemas aparece”. Ele afirmou estar “encantado” com o novo projeto. “Com os fóruns regionais, o governo vai estar perto do povo e, com isso, poderá conhecer melhor a realidade”, ressaltou.

O deputado Fábio Cherem lembrou que o poder público não detém todo o conhecimento do que se deve fazer no Estado. “Isso reflete a humildade do poder. Que a modalidade de gestão participativa possa prevalecer e servir de exemplo para todo o País”, defendeu.

Já a deputada Marília Campos reforçou que o Governo do Estado se elegeu explicitando sua vontade de estabelecer um diálogo diferente com a população de Minas. “Será um avanço a elaboração de leis orçamentárias não mais dentro de gabinetes, mas em um processo de discussão com a sociedade mineira”, concluiu.

Consulte o resultado da reunião.