A reunião foi acompanhada por servidores da Fhemig, que reivindicam melhorias
Jorge Nahas (à esquerda) é funcionário de carreira da Fhemig

Indicação para presidente da Fhemig tem parecer favorável

Jorge Nahas foi sabatinado em comissão e sua indicação segue para votação em Plenário.

01/04/2015 - 13:20 - Atualizado em 01/04/2015 - 14:44

A Comissão Especial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) criada para analisar a indicação do nome de Jorge Raimundo Nahas para o cargo de presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) aprovou parecer favorável ao nome na manhã desta quarta-feira (1º/4/15). O parecer do deputado Doutor Jean Freire (PT) foi aprovado logo após a sabatina realizada pelos parlamentares. A indicação ainda precisa ser analisada pelo Plenário.

Jorge Nahas ressaltou que é funcionário de carreira da Fhemig e chegou a ser plantonista em um dos seus hospitais antes de iniciar suas experiências de gestão. Assumiu, então, alguns cargos diretivos em hospitais da rede: foi diretor de emergência do Hospital João XXIII, diretor-geral do Hospital Regional de Betim e diretor técnico do Hospital Odilon Behrens.

Cirurgião-geral com especialização em administração hospitalar, Nahas foi consultor do Ministério da Saúde para as áreas de regulação da assistência e gestão hospitalar. Também já foi secretário municipal de Políticas Sociais de Belo Horizonte e diretor da Copasa.

Acolhimento de pacientes psiquiátricos é destacado por Nahas

Durante sua apresentação inicial, o médico ressaltou a importância da Fhemig no acolhimento de pessoas oriundas de instituições psiquiátricas e colônias de hansenianos, que durante décadas atuaram promovendo a segregação das pessoas assistidas. Ele afirmou que a Fundação acolheu essas pessoas oferecendo a elas tratamento mais humanitário. A maioria delas ainda estaria internada de forma asilar – ou seja, permanecerão por toda sua vida. São, segundo ele, cerca de 800 leitos desse tipo.

Outros 1.200 leitos estariam disponíveis para internações mais curtas, sendo que a Fhemig registra uma média de 70 mil a 74 mil internações por ano. “É pouco em relação ao volume total do Sistema Único de Saúde, que faz cerca de 1 milhão de internações em Minas Gerais ao longo do ano, mas é individualmente a maior prestadora de serviço do SUS no Estado. E nem é isso o que faz da Fhemig especial, é a expertise que domina”, disse.

Relator questiona indicado sobre orçamento e reformulação de setores

O relator, deputado Doutor Jean Freire, fez algumas perguntas a Nahas antes de proferir seu parecer. Ele questionou, por exemplo, se a previsão orçamentária de 2015 seria suficiente para que a Fhemig cumprisse sua missão e quais complexos de atenção hospitalar estariam precisando mais urgentemente de reformulação.

Nahas disse que os recursos destinados à Fundação este ano são similares aos do ano anterior e que será possível avançar e manter o padrão assistencial. “Que fique claro que herdamos um passivo, algumas obras estão sendo feitas até por ordem judicial, mas acredito que, se trabalharmos com rigor, conseguiremos manter a qualidade, apesar de não haver espaço para grandes aventuras”, afirmou.

Sobre os complexos que necessitam de reformulação, Nahas ressaltou a grande responsabilidade com a área de urgência e emergência, especialmente em Belo Horizonte. “Temos analisado os dados do Hospital João XXIII e percebemos que o tempo de permanência nas internações, especialmente na ortopedia, está alto. Precisamos diminuir esse tempo para dar maior qualidade e vazão no setor de urgência”, avaliou.

Ele também disse que é preciso melhorar a atuação na área de transplantes. Segundo ele, a notificação e a captação de órgãos estão com bons fluxos, mas as cirurgias finais para o transplante ainda não estão funcionando da melhor maneira. “Nosso problema está na efetivação do transporte; ainda dependemos desse ponto final para melhorar o trabalho”, disse. Nahas também salientou a necessidade de investir em pesquisas.

Servidores da Fhemig reivindicam melhorias

O deputado Doutor Jean Freire também perguntou quais medidas ele pretende implantar em sua gestão para a qualificação e valorização dos servidores da Fhemig. Esse ponto foi um dos mais sensíveis, já que os servidores da Fundação estão em greve desde a última segunda-feira (30) reivindicando reajuste salarial e denunciando problemas como falta de medicamentos na rede. Um grande número desses servidores estiverem presentes na reunião.

“A relação entre a diretoria e as representações sindicais será sempre difícil, com certa tensão. Mas nosso compromisso é com o permanente diálogo com os servidores”, afirmou Nahas. Ele disse, ainda, que serão mantidos os programas de qualificação e que é preciso construir um plano de carreira sólido.

O deputado Ricardo Faria (PCdoB) citou a criação em Contagem, durante sua gestão como secretário Muncipal de Saúde, de uma mesa de negociação do SUS, na qual se procurou construir um fórum permanente de discussão com os trabalhadores e usuários na perspectiva de garantir direitos e criar protocolos de atendimento. O parlamentar sugeriu a mesma medida na Fhemig. Nahas garantiu que essa mesa de negociaçao já foi criada e deve ter algumas reuniões em breve.

Ao fim da reunião, os parlamentares leram um requerimento, assinado por todos os membros da comissão, a ser apresentado na Comissão de Saúde na reunião da tarde desta quarta-feira (1º/4), para solicitar uma audiência pública que deve tratar das reivindicações dos servidores.

Leitos – O deputado Glaycon Franco (PTN), por sua vez, questionou os planos de aumento do número de residentes e de leitos nos hospitais da Rede Fhemig. Nahas disse que vê potencial para o aumento do número de residentes, mas não falou em quantidade porque ainda seria necessário fazer um estudo sobre o assunto. No caso dos leitos, ele lembrou que muitos hospitais estão em construção, mas reforçou que é preciso também otimizar os leitos já existentes, diminuindo o tempo de permanência e realizando a manutenção daqueles que estão atualmente desativados.

Consulte o resultado da reunião.