A programação do Ciclo de Debates Muda Futebol Brasileiro, realizado no Plenário da ALMG, continua na tarde desta segunda (24)
Mark Williams falou sobre a preparação dos atletas olímpicos ingleses

Pesquisador defende uso da ciência do esporte no futebol

Para pesquisador, estudos contribuíram para melhoria da performance do campeonato inglês.

24/11/2014 - 12:47 - Atualizado em 24/11/2014 - 15:51

O chefe do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Brunel Londres, Mark Williams, apresentou, no Ciclo de Debates Muda Futebol Brasileiro – Desafios de uma renovação, um estudo sobre os benefícios da ciência do esporte para a formação de jogadores de futebol. O pesquisador realizou uma palestra magna na abertura do evento, na manhã desta segunda-feira (24/11/14), no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Segundo o professor, o uso da ciência do esporte no futebol, como é feito na Inglaterra, tem gerado impactos diretos no campeonato daquele país e melhorado sistematicamente o comportamento de treinadores e jogadores de elite. Ele explicou que essa linha de estudos, ainda recente, envolve psicologia, fisiologia, biomecânica e saúde. “Para se ter uma ideia do crescimento da ciência do esporte no Reino Unido, em 1998 poucas universidades ofereciam o curso, e hoje mais de 90 academias têm o estudo em sua grade curricular”, disse.

O especialista mostrou como é feita a preparação dos atletas olímpicos ingleses, por meio do Instituto Britânico do Esporte, que investe milhões de libras anuais em 15 centros de alta performance que contam com profissionais multidisciplinares e apoiam mais de 50 modalidades. “A estrutura é parecida no campeonato inglês e em outros esportes profissionais. Os clubes de futebol têm grande apoio dos recursos advindos das emissoras de TV, e boa parte deles são investidos na ciência do esporte”, afirmou. Para Mark Williams, essa conscientização tem sido o diferencial para o sucesso do futebol inglês.

Mark Williams descreveu as vertentes de trabalho da ciência do esporte. A performance dos treinadores, as técnicas de transmissão de informação aos atletas, a prática do trabalho e o retorno desse esforço são os objetivos. Ele destacou, ainda, o viés tático do futebol, que é trabalhado por meio de tecnologias de ponta, que buscam o avanço dos clubes e a preparação dos seus atletas. “Nas últimas duas décadas tem havido uma mudança de mentalidade governamental e dos profissionais envolvidos com o futebol sobre a importância do investimento nesta linha de pesquisa. O retorno disso é ver o campeonato inglês se tornar um dos mais modernos e bem sucedidos do planeta”, finalizou.

Equilíbrio - Em entrevista, o pesquisador falou sobre a importância de se equilibrar a prática formal do futebol, orientada por critérios técnicos, com aquela informal, mais ligada ao lazer e ao entretenimento. Segundo ele, os jogadores brasileiros investem mais tempo na prática informal, se comparados aos europeus. Ao falar sobre como essa questão pode influenciar na formação dos jogadores, ele explicou que mais importante do que comparar o futebol jogado sob orientação técnica com aquele jogado para o lazer, é pensar nas chances de desenvolver melhor os técnicos, de modo que eles tenham condições para aproveitar melhor as habilidades dos jogadores.

Mark Williams também falou que um sistema de educação baseado em orientações técnicas tem a vantagem de desenvolver atletas com mais capacidade de tomada de decisão independente. “É como se o jogador se apropriasse do seu processo de aprendizagem, ao passo que o treinador começa a ser visto como um catalizador de todo o processo”, explicou.

Por fim, o especialista comentou sobre a importância de se trabalhar as habilidades físicas e motoras em parceria com aquelas mentais e psicológicas. “É preciso observar o quanto do treinamento se reflete no jogo e se os desafios do treinamento são semelhantes àqueles da partida”, finalizou.

Parlamentares querem aproximar o futebol amador das escolas

Na abertura do evento, o deputado João Leite (PSDB) disse que pretende realizar outros debates sobre o futebol, com o objetivo de colher informações e sugestões para modernizar o esporte. Para ele, é preciso construir novas políticas sociais, voltadas especialmente para crianças e adolescentes. “Queremos aproximar as escolas do futebol amador. Acredito que lá seja o melhor local de formação dos atletas e treinadores”, salientou.

O presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PP), disse, por meio de mensagem, que é necessária uma maior compreensão do papel dos envolvidos no esporte e que haja mudanças de uma forma geral do cenário do futebol no Brasil. “Temos que modernizar o segmento, assim como debater a estrutura de financiamento dos clubes, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva e o Estatuto do Torcedor”, defendeu. Para o chefe do Legislativo estadual, o futebol brasileiro vive momento de crise, em que os estádios, que deveriam ser espaços de lazer e diversão, vêm se tornando verdadeiros campos de batalha.