Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização promoveu o debate sobre a mobilidade urbana no bairro
Moradores apresentaram queixas quanto ao trânsito e à segurança na região

Bairro Santa Efigênia sofre com mudanças no trânsito

Em audiência pública, moradores reclamam de alterações na avenida Mem de Sá, na região Leste de Belo Horizonte.

07/05/2014 - 23:46 - Atualizado em 08/05/2014 - 11:50

Moradores do bairro Santa Efigênia (Região Leste de Belo Horizonte) cobraram mais segurança e pediram solução para o trânsito da avenida Mem de Sá, durante audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na noite desta quarta-feira (7/5/14), na Escola Municipal Santos Dumont, que fica localizada na avenida e cujos alunos têm sofrido com as alterações do trânsito na avenida. A reunião foi presidida pelo deputado Paulo Lamac (PT), que também é o autor do requerimento para a realização da audiência pública, e contou com a presença de aproximadamente 50 pessoas, que debateram a mobilidade urbana no bairro.

Segundo os participantes da reunião, as alterações no trânsito, feitas em 2008, resultaram, ao longo do tempo, não apenas em aumento de acidentes como batidas e atropelamentos com vítimas fatais, mas também no número de assaltos aos comerciantes da região. Morador do bairro, Eduardo Reis, afirmou que, em frente à escola, a moradora mais antiga da rua morreu atropelada, e há registros de atropelamento também com crianças e idosos.

A vice-diretora da Escola Municipal Santos Dumont, Leda Maria Ávila Silva, ressaltou que os motoristas andam em alta velocidade na frente da escola e não param para os estudantes atravessarem. Ela também reclamou da demora dos ônibus que atendem a região. Leda Maria apresentou sugestões para melhoria do trânsito. Ela propôs estender o percurso do ônibus linha 103 até proximidade do metrô – rua Frutal com Maracanã; estender o itinerário do Circular 02 Savassi, passando pelas ruas Major Barbosa, Tenente Anastácio, Euclásio e Frutal, subindo a rua Niquelina, sentido Savassi; e, ainda, criar a linha 103A, no percurso Cafezal, Mem de Sá, Praça Santa Tereza e Sagrada Família.

De acordo com o presidente da Associação Comunitária e Cultural Santa Efigênia e Adjacências, Carlos Antônio Outeiro, o sentido de várias ruas no bairro foi modificado pela BHTrans. “A avenida Mem de Sá se tornou rota de fuga dos motoristas e o trânsito está uma confusão. A instituição não discutiu com a comunidade sobre as consequências dessas mudanças”, disse. Outeiro disse ainda que ninguém consegue atravessar a avenida, e criticou a falta de segurança pública. Segundo Outeiro, há assaltos à luz do dia a mercearias, loja de flores e farmácias. “Moro aqui há 56 anos e nunca vi tanto assalto. Cadê a polícia?”, criticou. Ele lamentou a ausência de representante da Polícia Militar na reunião.

O taxista Valdir Luiz Cardoso, responsável pelo ponto de táxi da avenida Mem de Sá, apresentou 14 sugestões de mudanças no trânsito dos bairros Santa Efigênia e Paraíso. A principal delas, de acordo com ele, seria a colocação de semáforo com temporizador na esquina da avenida Mem de Sá com Rua Niquelina, dedicando um tempo maior para vazão da avenida. “Com isso, o trânsito fluiria mais, acabando com o problema de engarrafamento na avenida Mem de Sá”, disse.

“Quando fizeram o projeto de abertura da avenida Mem de Sá, questionei se a questão da segurança estava sendo contemplada. Hoje os moradores do bairro Santa Efigênia estão pagando por isso, e pagarão mais caro, o trânsito vai ficar muito pesado e ainda mais caótico”, alertou o presidente da Associação Comunitária Edgard Werneck, do bairro Horto, José Raimundo da Cunha, conhecido como Zeca. “Mobilidade tem que estar agregado a segurança e sistema de drenagem. Vão trazer mais trânsito para cá, é certo que vão. Precisa ver o impacto que a obra vai trazer”, completou.

O presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep), Generino Alves Pereira, observou que é preciso aprofundar a discussão da segurança pública na comunidade.

Executivo municipal garante melhorias

Representantes do poder público municipal procuraram responder a críticas dos moradores. “Na próxima segunda-feira (12/5) faremos uma reunião com o Batalhão da Polícia de Trânsito (BPTran) e com a BHTrans, pois trabalhamos de forma integrada. Daremos atenção à comunidade do bairro, fazendo um trabalho intensivo na avenida”, disse o gerente de atividades especiais de Trânsito da Guarda Municipal de BH, José Januário da Silva Souza. Esse trabalho procura contemplar demandas que os moradores apresentaram durante a reunião, em busca de soluções para o desrespeito à faixa de pedestre, denúncia de tráfico de drogas na porta das escolas e desrespeito à Lei do Silêncio.

De acordo com o gerente regional de Licenciamento Urbanístico, José Henrique de Oliveira, a prefeitura irá aumentar a fiscalização no bairro e verificar a questão da obra no cemitério da Saudade.

O analista da regional Leste da Gerência de Ação Regional Nordeste/Leste, Humberto Tomicioli, afirmou que já existem projetos da BHTrans voltados para o trânsito da região, que incluem as sugestões do taxista Valdir Luiz Cardoso, apenas não pode garantir uma data precisa para quando serão implementadas. “Não é só a sinalização, o maior problema é a drenagem”, acrescentou. Sobre os problemas relacionados com falta de ônibus, Tomicioli disse que há licitações e contratos, o que dificulta mudanças. O analista destacou que é ele quem faz a avaliação do trânsito na regional Leste, e que iria estudar as sugestões.

Como resultado da reunião, oito requerimentos foram elaborados e serão encaminhados para apreciação da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização. Um deles é uma solicitação para a BHTrans e as empresas de ônibus, pedindo que os ônibus possam parar fora dos pontos entre 22 horas e 5 horas, por questões de segurança.

Consulte o resultado da reunião.