PBH anuncia regularização de parte do bairro Montes Claros
Moradores pedem instalação de água e luz, mas questões legais vêm travando esse processo.
11/04/2014 - 14:19O representante da Secretaria Municipal de Regulação Urbana de Belo Horizonte, Danilo Soares, anunciou aos moradores do bairro Montes Claros, localizado na região Nordeste da Capital, que parte dos lotes onde a comunidade está instalada já foi regularizada. A afirmação foi feita em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta sexta-feira (11/4/14), para tratar da instalação de serviços de abastecimento de água e energia elétrica no loteamento. A reunião foi solicitada pela vice-presidente da comissão, deputada Luzia Ferreira (PPS).
O bairro Montes Claros existe desde 1998, quando os lotes foram comercializados sem regularização fundiária, o que impede a instalação de serviços de infraestrutura urbana. De acordo com Soares, em 2012 foi aprovada a primeira parte do bairro, que representa o reconhecimento de 357 lotes. Isso significa dizer que esses terrenos já estão aptos a receber água e luz.
A segunda parte, que abrange 125 lotes, estaria sendo finalizada e também poderá ser contemplada, segundo o representante da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). “O restante está situado em área com restrições ambientais, o que torna a regularização mais difícil”, ponderou. Ele destacou, também, que é preciso concluir o Plano de Regularização Urbanística, que é um diagnóstico para definição das obras mais urgentes.
O secretário da Regional Nordeste da PBH, Geraldo Magela da Silva, salientou que a população deve reconhecer os avanços e compreender que o problema é complexo. Para ele, é necessário mapear os lotes, viabilizar os custos e regularizar o restante do terreno.
Comunidade pede agilidade na conclusão do processo
A presidente da Associação Comunitária do bairro Montes Claros, Maria Flor de Maio, lamentou que a falta de estrutura tem trazido graves problemas para os cerca de 4 mil moradores que vivem no local. Segundo ela, as ruas sofrem com erosão, buracos, falta de pavimentação e esgoto a céu aberto, o que tem adoecido as crianças e congestionado o centro de saúde da região. “Sofremos, ainda, com falta de escolas, violência e espaços de lazer. A prefeitura foi omissa quando a ocupação foi formada, portanto esperamos que agora faça a regularização e respeite nossos direitos básicos a água e luz”, cobrou.
O morador do bairro, Basílio Pereira, lembrou que a comunidade não é fruto de invasão. Ele explicou que os lotes foram vendidos por um fazendeiro, que era o proprietário do terreno. Assim como Maria Flor, ele pediu providências urgentes por parte da prefeitura para reconhecer o bairro oficialmente.
Impedimentos judiciais – A defensora pública Cleide Nepomuceno, que representa os moradores, explicou que os terrenos foram vendidos sem a devida regularização, o que motivou ação judicial contra o ex-proprietário do terreno. Ela explicou que é preciso aprovar uma legislação municipal que torne o bairro Montes Claros uma área especial de interesse social. Isso, de acordo com ela, facilitaria a regularização do bairro e sua consequente estruturação.
Cemig e Copasa têm restrições legais
As concessionárias de energia elétrica e água do Estado afirmaram que é preciso haver a efetiva regularização do bairro para que a PBH solicite a operacionalização desses serviços. O representante da Cemig, Marcos Barroso, ponderou que não se deve iludir a população, tendo em vista que o reconhecimento da região como bairro ainda não foi formalizado. Ele disse que a empresa tem o interesse em atuar no Montes Claros, uma vez que “vive de venda de energia elétrica”, mas que o impasse legal tem travado o processo. O engenheiro Carlos Túlio da Silva, também da Cemig, explicou ainda que a Sudecap precisa solicitar um orçamento à concessionária para que a instalação seja executada.
O representante da Copasa, Rogério de Abreu, sugeriu que haja um encontro que reúna moradores e membros do poder público para que seja feito o detalhamento do projeto e, mediante a definição do número de imóveis, extensão da área e medições urbanas, a Copasa elabore um plano de ação.
O engenheiro da Sudecap, Cláudio Vilela, concordou que é preciso haver uma reunião de trabalho entre os interessados para viabilizar a implantação dos serviços de água e luz pelo menos nos 357 lotes já reconhecidos pela PBH. Para ele, a comunidade é legítima, uma vez que comprou o terreno. “Houve irresponsabilidade de quem vendeu, que, aliás, deveria responder criminalmente por isso. O importante, agora, é que a Cemig nos envie o orçamento da instalação da energia para que possamos aprovar os recursos”, afirmou. Sobre a Copasa, ele disse que espera que a concessionária realize o quanto antes os estudos para que seja traçado um diagnóstico do bairro.
Comissão vai cobrar providências
Ao final da reunião, a deputada Luzia Ferreira apresentou quatro requerimentos, que pretende aprovar na próxima reunião da comissão, com pedidos de providências. O primeiro é para o envio de ofício à Sudecap para que o órgão formalize um orçamento à Cemig para execução das obras de instalação de energia elétrica no bairro Montes Claros; o segundo solicita à Secretaria Municipal de Regulação Urbana o envio das plantas do bairro à comissão; o terceiro quer o envio das notas taquigráficas da reunião às Secretarias Municipais de Governo, de Regulação Urbana e de Planejamento, à Sudecap, à Urbel e à Defensoria Pública; e o quarto é para que a PBH agilize a liberação dos recursos obtidos para o bairro no Orçamento Participativo.